São Paulo, sexta-feira, 08 de maio de 2009

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XICO SÁ

Uma vez Flamengo, sempre Timão


Quando urubu e gambá estão por cima, o Rio e São Paulo recuperam a delicadeza das antigas


AMIGO TORCEDOR , amigo secador, como tudo funciona bem no Rio e em São Paulo quando as maiorias flamenguista e corintiana estão por cima. Esses times governam os destinos de suas cidades.
Por trás dos balcões, tudo vira reclame de Kolynos, o cafezinho chega quente, o cobrador assobia Vanzolini, a feira vai ao delírio, baciadas da mais besta felicidade, a Bolsa fecha em alta, a moça nos perdoa pelo conjunto da obra, o canalha respira álibis, ninguém pisa na bola, e haja paz na terra aos homens de boa vontade. É, amigo, ainda ruminando aqui o torresmo do populismo à milanesa, saúdo as torcidas do Flamengo e do Corinthians, campeoníssimas na Guanabara e em Piratininga, firmes em busca de uma vaga entre os bambambãs da América e, uma coincidência luxuosa, ambas com um 9 de fazer inveja a Oropa, França e Bahia.
Que Manchester e Barcelona que nada, os reis da taba tupi pedem passagem sob o comando de Ronaldo e de Adriano, abram alas, nunca tivemos um Brasileiro tão supimpa. Quando o urubu e o gambá estão por cima, o Rio e São Paulo recuperam a delicadeza das antigas, os mais jovens respeitam os mais velhos, as comadres trocam doces, quitutes, bons-dias e boas-noites.
Gambá sim, meu nobre alvinegro, mosqueteiro é do tempo do romance de capa e espada. Já era. Uma semana e tanto no balneário e no parque industrial. Primeiro os canecos das províncias, depois o difícil passo adiante na Copa do Brasil. E a felicidade ludopédica mais democrática se espalhou por todo o país. De Juiz de Fora a Remígio, na Paraíba, a maior concentração de flamenguistas do planeta.
E não me venha, amigo, com aquele velho papo de ópio do povo, isso não cola, chega, a alegria, velho Oswald, é mesmo a prova dos noves. Quando Flamengo e Corinthians estão por cima, até super-heróis apelam aos poderes de fazer girar moinhos de vento e catracas dos cinemas, que o diga Wolverine, que esteve no Parque e na Gávea.
É, amigo, o urubu e o gambá estão por cima. Para desespero do meu corvo Edgar, que protesta aqui no meu ombro contra o samba-exaltação destas mal traçadas linhas. O agourento nato seca todo e qualquer clube grande do universo. E tem experimentado o seu próprio feitiço. Depois que mudamos de casa, do Centro aqui para a Vila Pompéia, o miserável não acertou uma. O único gostinho que teve, no apelo final das últimas quatro rodadas, foi nos pênaltis do Atlético-MG contra o Vitória. Coitado do Galo.
É, o velho corvo anda mal das energias negativas. Deve ser saudade das moças da rua Augusta. Como toda e qualquer ave, vai demorar a surtir efeito na nova residência. Os papagaios da área que se cuidem.

Efeito Ilha
Agora que precisa como nunca do único e grande craque do Sport, a torcida da Ilha do Retiro, a diretoria usou o bom senso e abaixou o preço dos ingressos para o embate contra o Palmeiras. Só assim tem chance de bater o time de Marcão, Pierre e Cleiton Xavier, o trio verde que vale por um time completo. Que o estádio do Leão volte a ser a velha Ilha de Lost, onde Inter e Corinthians, para citar dois, perderam o caminho de casa em 2008.

xico.folha@uol.com.br


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