São Paulo, sexta, 8 de maio de 1998

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JUCA KFOURI
Timaço no papel

Sim, faça-se justiça, Zagallo montou um time inesquecível, o do Botafogo bicampeão carioca em 1967/68, com Manga, Leônidas, Carlos Roberto, Gerson, Rogério, Jairzinho, Roberto e Paulo César.
Era mesmo um grande time e agradeço aos botafoguenses que escreveram reparando a injustiça.
E nem direi que isso aconteceu lá se vão 30 anos...

Já o time que elle escalou para começar a Copa da França é da melhor qualidade, certamente não há no mundo outro que se compare.
Desde que vire um time mesmo, não um bando como até agora. Pouco importa se era o que Zagallo preferia ou não.
Comissões técnicas existem exatamente para isso, para não permitir que todo o poder se concentre numa só pessoa, como um ditador.
O time titular poderia ser melhor, se fosse Carlos Germano o goleiro, se Júlio César e Mauro Galvão formassem a dupla de zaga e Muller estivesse no lugar de Giovanni.
Mas aí entramos no campo das preferências pessoais.
É inegável que Taffarel tem saldo positivo, que Júnior Baiano sabe tudo de futebol (seu problema é emocional), que Aldair foi brilhante na Copa de 1994 e que Giovanni ao lado de Rivaldo poderá ser o começo de entrosamento que a seleção até hoje não mostrou fora do papel.
Se a convocação do ex-santista se deveu mesmo à ingerências da Nike, estamos diante de mais um desses absurdos que acabam escrevendo certo por linhas tortas.
Os dados estão lançados e agora só resta manter a vigilância crítica -e torcer.
Salta aos olhos, por exemplo, a imprudência em relação a Cafu, o que menos está rendendo entre os titulares e o único sem reserva.
Como já foi dito à exaustão, se Roberto Carlos é absoluto, por que não deixar Leonardo como seu eventual substituto e levar Zé Carlos?
Rezemos, pois, para que Cafu volte a ser na seleção o que sempre foi no São Paulo, no Palmeiras e na Roma, onde tem jogado muito bem.
Desnecessário dizer que a preservação de Denílson como fator surpresa conta com o apoio irrestrito da coluna -e não é de hoje.

A coluna se compromete publicamente a jamais lembrar que, no caso de o pentacampeonato vir a ser conquistado, que a seleção campeã foi montada por Carlos Alberto Parreira e não por Mario Jorge Lobo Zagallo.



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