São Paulo, sexta, 8 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
Ex-técnico de seleção brasileira irrita equipe adversária com insinuação, em entrevista, sobre uso de doping
Lazaroni cria clima de guerra no Gaúcho

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre

Uma declaração do técnico Sebastião Lazaroni, do Grêmio, transformou a decisão de uma vaga com Brasil de Pelotas para a próxima fase do Gaúcho em uma verdadeira guerra.
Lazaroni levantou suspeita de doping por parte dos jogadores do Brasil na partida entre os dois clubes, anteontem à noite, em Pelotas. O segundo jogo ocorre neste final de semana em Porto Alegre.
A declaração do técnico gremista gerou tentativa de agressão após o final do jogo, que terminou empatado em 0 a 0.
Dirigentes e integrantes da comissão técnica do Brasil partiram para cima de Lazaroni, que tentou revidar, mas foi contido.
No intervalo da partida, um repórter da rádio Gaúcha perguntou a Lazaroni o que ele faria para quebrar o "forte ritmo" que os jogadores do Brasil tinham apresentado no primeiro tempo.
O técnico disse, em tom de reclamação, que uma falha do regulamento do Campeonato Gaúcho é não prever exame antidoping nas primeiras fases.
"Não tem exame antidoping nessas fases (atualmente os clubes disputam as quartas-de-final). Então, a gente não pode saber nunca como é o comportamento real", disse Lazaroni ao repórter.
Os representantes do Brasil se revoltaram com a declaração e, no final do jogo, foram tirar satisfações do ex-técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo de 90.
Houve troca de empurrões e xingamentos. Só não houve agressão física porque um grupo de pessoas impediu.
Mais tarde, Lazaroni disse que sua declaração não se dirigia especificamente aos jogadores do Brasil. Segundo ele, a declaração tinha caráter genérico e foi feita com o objetivo de contribuir para a melhoria do futebol brasileiro.
O técnico disse que, além da falta de antidoping, os campeonatos devem ser realizados em estádio com melhores condições.
O gramado do Bento Freitas, estádio do Brasil, sem grama em vários lugares e com barro, prejudicou o jogo de anteontem.
O presidente do Grêmio, Luiz Carlos Silveira Martins, pediu desculpas pela declaração de Lazaroni, mas ressalvou que o técnico não teve a intenção de levantar suspeitas em relação aos jogadores do Brasil. Martins disse que a declaração foi mal-interpretada.
O presidente do Brasil, Cláudio Montanelli, chamou Lazaroni de "moleque" e "irresponsável".
O preparador físico do Brasil, Francisco Pontes, foi um dos integrantes do time pelotense que mais se irritaram com o técnico.
Grêmio e Brasil voltam a jogar amanhã, em Porto Alegre. Caso haja novo empate, haverá prorrogação e, se necessário, pênaltis para ver quem passa às semifinais.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.