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FUTEBOL
Ex-técnico de seleção brasileira irrita equipe adversária com insinuação, em entrevista, sobre uso de doping
Lazaroni cria clima de guerra no Gaúcho
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre
Uma declaração do técnico Sebastião Lazaroni, do Grêmio,
transformou a decisão de uma vaga com Brasil de Pelotas para a
próxima fase do Gaúcho em uma
verdadeira guerra.
Lazaroni levantou suspeita de
doping por parte dos jogadores do
Brasil na partida entre os dois clubes, anteontem à noite, em Pelotas. O segundo jogo ocorre neste
final de semana em Porto Alegre.
A declaração do técnico gremista gerou tentativa de agressão após
o final do jogo, que terminou empatado em 0 a 0.
Dirigentes e integrantes da comissão técnica do Brasil partiram
para cima de Lazaroni, que tentou
revidar, mas foi contido.
No intervalo da partida, um repórter da rádio Gaúcha perguntou
a Lazaroni o que ele faria para quebrar o "forte ritmo" que os jogadores do Brasil tinham apresentado no primeiro tempo.
O técnico disse, em tom de reclamação, que uma falha do regulamento do Campeonato Gaúcho é
não prever exame antidoping nas
primeiras fases.
"Não tem exame antidoping
nessas fases (atualmente os clubes
disputam as quartas-de-final).
Então, a gente não pode saber
nunca como é o comportamento
real", disse Lazaroni ao repórter.
Os representantes do Brasil se
revoltaram com a declaração e, no
final do jogo, foram tirar satisfações do ex-técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo de 90.
Houve troca de empurrões e xingamentos. Só não houve agressão
física porque um grupo de pessoas
impediu.
Mais tarde, Lazaroni disse que
sua declaração não se dirigia especificamente aos jogadores do Brasil. Segundo ele, a declaração tinha
caráter genérico e foi feita com o
objetivo de contribuir para a melhoria do futebol brasileiro.
O técnico disse que, além da falta
de antidoping, os campeonatos
devem ser realizados em estádio
com melhores condições.
O gramado do Bento Freitas, estádio do Brasil, sem grama em vários lugares e com barro, prejudicou o jogo de anteontem.
O presidente do Grêmio, Luiz
Carlos Silveira Martins, pediu desculpas pela declaração de Lazaroni, mas ressalvou que o técnico
não teve a intenção de levantar
suspeitas em relação aos jogadores
do Brasil. Martins disse que a declaração foi mal-interpretada.
O presidente do Brasil, Cláudio
Montanelli, chamou Lazaroni de
"moleque" e "irresponsável".
O preparador físico do Brasil,
Francisco Pontes, foi um dos integrantes do time pelotense que
mais se irritaram com o técnico.
Grêmio e Brasil voltam a jogar
amanhã, em Porto Alegre. Caso
haja novo empate, haverá prorrogação e, se necessário, pênaltis para ver quem passa às semifinais.
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