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São Paulo, domingo, 08 de junho de 2003

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FUTEBOL

Montoya, Shakira, Betty...

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nada de Santos x Corinthians ou Boca Juniors x River Plate. A simples hipótese de uma final colombiana na Libertadores é motivo de reflexão.
Nunca houve decisão com times de um mesmo país. Nunca dois times da Colômbia haviam chegado no mesmo ano às semifinais. Desde 1999 uma equipe do país não passava das quartas. Se a Europa, com a inédita final italiana, consagrou o futebol baseado na marcação, a América pode destacar o que há de mais descompromissado e alternativo na bola.
América de Cali x Independiente Medellín celebraria um país cuja história futebolística quase sempre esteve ligada ao dinheiro e ao poder dos cartéis que funcionam como governo paralelo.
O Nacional de Medellín tocou o céu no fim da década de 90, quando a geração mais famosa do país luziu. Mas o momento mágico do futebol colombiano é o atual. A Colômbia é a campeã do continente. Conquistou de forma limpa e merecida o título em casa, há dois anos. Vai defender nossa região, como o Brasil, na Copa das Confederações e também na Copa Ouro -pega o time de Parreira na estréia das eliminatórias.
Francisco Maturana, o mais renomado técnico do país e um dos mais respeitados do mundo, trabalha uma nova e talentosa geração. No Sul-Americano juvenil, a Colômbia bateu o Brasil (com um gol de Guarín que lembrou a melhor obra de Nelinho na Copa-78) e ganhou vaga no Mundial. Os brasileiros, aliás, veneram Aristizábal, destaque do Cruzeiro.
Talvez o mais competitivo time colombiano da atualidade, o Deportivo Cali foi eliminado nas oitavas-de-final com a melhor defesa da Libertadores. Seus torcedores, estranhamente para brasileiros e argentinos, aplaudiram de pé no estádio a classificação do rival América de Cali para as quartas. Clube mais azarado da história do torneio, o América decidirá em casa contra o Boca Juniors. "Vantagem" que o Independiente também terá contra o Santos.
O Santos massacrou o América em Cali por 5 a 1 e poderia ter marcado dez vezes no Independiente na Vila Belmiro. Isso é fato, mas não impede o América de eliminar um terceiro clube argentino no mata-mata nem tira as chances do time do "gordinho" Montoya em Medellín. Fala-se em arbitragens parciais devido à força dos cartéis colombianos. Arriscado afirmar isso, mas há uma verdade: o melhor árbitro sul-americano, o colombiano Oscar Ruiz, está fora das semifinais.
Os maiores símbolos da passada geração colombiana não saem das manchetes. A Fifa destacou o final da carreira do "unmistakable" Valderrama. Asprilla continua dando seus tiros por aí. Higuita, depois de ser ligado a sequestro, tira de letra qualquer caso de doping. E Rincón, no estaleiro e milionário, ainda é cogitado por dirigentes nacionais.
Se Montoya roubou a cena no mais charmoso GP da F-1, Shakira deve integrar o mais badalado museu de cera da Inglaterra e "Betty, a Feia" é a novela mais descolada da atualidade, por que o futebol colombiano não pode ser o parâmetro da bola nesta temporada?

América de Cali
O técnico Fernando Castro está fora de uma possível final. Após puxar os cabelos de atleta do River, foi suspenso por três jogos e multado em US$ 10 mil. O time já foi quatro vezes vice da Libertadores (três vezes seguidas) e na semifinal de 1992 caiu após série de 26 pênaltis.

Independiente Medellín
O clube, vencedor do grupo que tinha o Boca Juniors, quer que o chamem apenas de Medellín, mas ele é conhecido como "Poderoso".

Colômbia
Na Copa das Confederações, a seleção do país pega, na ordem, França, Nova Zelândia e Japão (em território francês, já triunfou no Torneio de Toulon). Tem ótima chance de encarar o Brasil na semifinal.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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