São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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Brasil bota meias fora do lugar

Titulares do meio-campo atuam em posições diferentes das que estão acostumados nos clubes

Esquema tem ajudado uns, como Kaká, e prejudicado outros, como Ronaldinho, que enfrenta jejum de gols e tem obrigações defensivas


DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN

Se o meio-campo é o cérebro de um time, o da seleção brasileira está "fora do lugar". Todos os titulares do setor, além dos reservas, atuam em posições diferentes das de seus clubes.
O sistema de Carlos Alberto Parreira, com seu comentado quadrado mágico, tem ajudado uns, mas colocado outros na berlinda. A começar pelo melhor do mundo. Ronaldinho, que voa no Barcelona quase como um terceiro atacante, ainda não engrenou no Brasil, onde joga recuado, na esquerda, e ainda tem obrigação de marcar.
"É diferente, temos que treinar muito para nos adaptar. Eu tenho que trabalhar forte a parte física para o pulmão agüentar. Aqui tenho que correr os 90 minutos. No Barcelona, não faço essa função", analisa o atleta, que está há cinco jogos sem marcar, seu maior jejum na seleção, justamente em sua temporada mais profícua no clube.
Não à toa, Parreira o cutucou. Pediu a ele que jogue com alegria, como no Barcelona.
Kaká vive situação diferente da do colega mais badalado. No Milan, atua bem perto dos atacantes, pelos dois lados, com eficiência. Na seleção, também com sucesso, tem se destacado jogando como meia, mais atrás, pela faixa direita do campo.
"Prefiro jogar de forma mais avançada, encostado nos atacantes. Aqui jogo mais no meio, mas não tenho problemas", diz Kaká, aposta de Zagallo para principal nome do Mundial.
Os outros dois titulares do meio-campo brasileiro também mudam quando trocam de camisa. Emerson, o primeiro volante de Parreira, atua mais recuado do que na Juventus.
"Não tem problema, o importante é estar ajudando. Você tem que ser versátil para atuar aqui", declara ele, que, mesmo assim, leva vantagem sobre Gilberto Silva e Mineiro.
"Na seleção, todo mundo tem que se doar mais. Assim as coisas funcionam", diz Gilberto Silva, reserva imediato de Emerson e que, juntamente com Mineiro, é o único no setor que executa na seleção as mesmas funções que em seu time.
O quarto homem do meio-campo, Zé Roberto, é o segundo volante do time. Função diferente da que faz no Bayern de Munique, onde é meia.
Seu reserva na Copa pode ser Juninho, como insinuou Parreira após o jogo contra a Nova Zelândia, que atua também como segundo volante no Lyon. Ele, porém, até agora tem sido o reserva de Kaká na meia direita. "Prefiro jogar como no clube. É onde me sinto melhor."
O outro reserva, Ricardinho, é quase volante no Corinthians. Ajuda mais na marcação que na criação. Na seleção, é reserva de Ronaldinho, que ontem disse que vencer a Copa é bom para atenuar problemas do país. (EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)

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