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Brasil bota meias fora do lugar
Titulares do meio-campo atuam em posições diferentes das que estão acostumados nos clubes
Esquema tem ajudado uns, como Kaká, e prejudicado outros, como Ronaldinho, que enfrenta jejum de gols e tem obrigações defensivas
DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN
Se o meio-campo é o cérebro
de um time, o da seleção brasileira está "fora do lugar". Todos
os titulares do setor, além dos
reservas, atuam em posições
diferentes das de seus clubes.
O sistema de Carlos Alberto
Parreira, com seu comentado
quadrado mágico, tem ajudado
uns, mas colocado outros na
berlinda. A começar pelo melhor do mundo. Ronaldinho,
que voa no Barcelona quase como um terceiro atacante, ainda
não engrenou no Brasil, onde
joga recuado, na esquerda, e
ainda tem obrigação de marcar.
"É diferente, temos que treinar muito para nos adaptar. Eu
tenho que trabalhar forte a parte física para o pulmão agüentar. Aqui tenho que correr os 90
minutos. No Barcelona, não faço essa função", analisa o atleta,
que está há cinco jogos sem
marcar, seu maior jejum na seleção, justamente em sua temporada mais profícua no clube.
Não à toa, Parreira o cutucou.
Pediu a ele que jogue com alegria, como no Barcelona.
Kaká vive situação diferente
da do colega mais badalado. No
Milan, atua bem perto dos atacantes, pelos dois lados, com
eficiência. Na seleção, também
com sucesso, tem se destacado
jogando como meia, mais atrás,
pela faixa direita do campo.
"Prefiro jogar de forma mais
avançada, encostado nos atacantes. Aqui jogo mais no meio,
mas não tenho problemas", diz
Kaká, aposta de Zagallo para
principal nome do Mundial.
Os outros dois titulares do
meio-campo brasileiro também mudam quando trocam de
camisa. Emerson, o primeiro
volante de Parreira, atua mais
recuado do que na Juventus.
"Não tem problema, o importante é estar ajudando. Você
tem que ser versátil para atuar
aqui", declara ele, que, mesmo
assim, leva vantagem sobre Gilberto Silva e Mineiro.
"Na seleção, todo mundo tem
que se doar mais. Assim as coisas funcionam", diz Gilberto
Silva, reserva imediato de
Emerson e que, juntamente
com Mineiro, é o único no setor
que executa na seleção as mesmas funções que em seu time.
O quarto homem do meio-campo, Zé Roberto, é o segundo
volante do time. Função diferente da que faz no Bayern de
Munique, onde é meia.
Seu reserva na Copa pode ser
Juninho, como insinuou Parreira após o jogo contra a Nova
Zelândia, que atua também como segundo volante no Lyon.
Ele, porém, até agora tem sido o
reserva de Kaká na meia direita. "Prefiro jogar como no clube. É onde me sinto melhor."
O outro reserva, Ricardinho,
é quase volante no Corinthians.
Ajuda mais na marcação que na
criação. Na seleção, é reserva de
Ronaldinho, que ontem disse
que vencer a Copa é bom para
atenuar problemas do país.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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