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COPA 2006
Futebol?
Irritados com fofocas e paparazzi, atletas mudam rotina de treino e folga e cortam entrevistas
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A KÖNIGSTEIN
Noitadas em boates. Fotos de
um simples cafezinho. Encontros amorosos. Castelo com celebridades. Pura fofoca.
Quase nada de fútil escapa
das lentes dos paparazzi, das
revistas de entretenimento e
dos jornais sensacionalistas na
Copa. O torneio ganhou os
mesmos ares de espetáculo que
festas como a do Oscar ou a cobertura de celebridades.
Os brasileiros que o digam.
Após aparecerem num diário
suíço se divertindo em boate de
Lucerna, eles foram assunto
"importante" ontem no "Bild",
um dos jornais de maior circulação na Europa, em caso que
só tomou proporções maiores
pelo fato dos atletas terem dito
que descansaram no hotel.
Dessa vez, segundo o "Bild",
um grupo se esbaldou numa
boate em Frankfurt até quase
às 6h da manhã de segunda, em
nova folga -o jornal não publicou fotografia da suposta festa.
"Incomoda um pouco [os paparazzi]. Mas vai fazer o quê?
Isso vende. Mas temos que nos
controlar. Dia de folga tem que
ficar no hotel, no máximo jantar e voltar cedo", disse Roberto Carlos, o mais irritado.
Tanto que ele anunciou ontem que a partir de sexta os jogadores devem falar menos.
O lateral quer ser ainda mais
radical com as imagens nas folgas. "Penso em me esconder,
ninguém vai me achar. Se tiver
uma câmara atrás de mim, vai
ter problemas", disse ele quando questionado sobre o que fará
para coibir os paparazzi.
Ronaldo já resolveu fechar a
boca. Chateado com notícias a
seu respeito (bolhas e noitadas), ele não fala há três dias.
Ronaldinho foi flagrado ontem, quando machucou as nádegas, sem maiores conseqüências, com um elástico durante
um treino de arranque.
Mas o Brasil é só uma gota no
oceano do efeito paparazzi e invasão de privacidade no futebol. E isso pode até
mudar o destino de
profissionais. Luiz Felipe Scolari, por exemplo, desistiu de treinar
a Inglaterra após ver
um batalhão de gente
plantado na porta da
sua casa em Portugal.
Nervos de astros ficam à flor da pele perto do Mundial.
O sueco Ibrahimovic tomava café numa
praça na Alemanha
com colegas quando
foi flagrado por um fotógrafo de seu país.
"Isto aqui é particular", gritou, ameaçando o dono da câmara.
Um jornal acusou o paraguaio Acuña de assédio sexual
na concentração da equipe.
Alguns tratam o assunto com
calma, a começar pelo maior alvo das lentes: Beckham, que
quase sempre é só sorrisos
quando aparece em fotos nos
tablóides de seu país e nas revistas de fofoca, provavelmente
os dois focos mais fortes da nova ordem do futebol mundial.
Enquanto a bola não rola, pipocam shows e festivais pelas
cidades-sede. E a badalação
tende a aumentar. A revista
"Caras", por exemplo, montará
uma versão de seu castelo perto
da concentração do Brasil.
A Fifa promete jogo duro
com os paparazzi. "Minha atitude com eles é negativa. Jogadores devem ficar bem irritados com a invasão de suas vidas. Eu não gosto de paparazzis
fuçando a vida dos atletas. Eu
não mexerei um dedo para ajudá-los", afirmou Marcus Ziegle,
diretor de imprensa da Fifa.
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