São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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COPA 2006


Futebol?

Irritados com fofocas e paparazzi, atletas mudam rotina de treino e folga e cortam entrevistas

EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL

ENVIADOS ESPECIAIS A KÖNIGSTEIN

Noitadas em boates. Fotos de um simples cafezinho. Encontros amorosos. Castelo com celebridades. Pura fofoca.
Quase nada de fútil escapa das lentes dos paparazzi, das revistas de entretenimento e dos jornais sensacionalistas na Copa. O torneio ganhou os mesmos ares de espetáculo que festas como a do Oscar ou a cobertura de celebridades.
Os brasileiros que o digam. Após aparecerem num diário suíço se divertindo em boate de Lucerna, eles foram assunto "importante" ontem no "Bild", um dos jornais de maior circulação na Europa, em caso que só tomou proporções maiores pelo fato dos atletas terem dito que descansaram no hotel.
Dessa vez, segundo o "Bild", um grupo se esbaldou numa boate em Frankfurt até quase às 6h da manhã de segunda, em nova folga -o jornal não publicou fotografia da suposta festa.
"Incomoda um pouco [os paparazzi]. Mas vai fazer o quê? Isso vende. Mas temos que nos controlar. Dia de folga tem que ficar no hotel, no máximo jantar e voltar cedo", disse Roberto Carlos, o mais irritado.
Tanto que ele anunciou ontem que a partir de sexta os jogadores devem falar menos.
O lateral quer ser ainda mais radical com as imagens nas folgas. "Penso em me esconder, ninguém vai me achar. Se tiver uma câmara atrás de mim, vai ter problemas", disse ele quando questionado sobre o que fará para coibir os paparazzi.
Ronaldo já resolveu fechar a boca. Chateado com notícias a seu respeito (bolhas e noitadas), ele não fala há três dias.
Ronaldinho foi flagrado ontem, quando machucou as nádegas, sem maiores conseqüências, com um elástico durante um treino de arranque.
Mas o Brasil é só uma gota no oceano do efeito paparazzi e invasão de privacidade no futebol. E isso pode até mudar o destino de profissionais. Luiz Felipe Scolari, por exemplo, desistiu de treinar a Inglaterra após ver um batalhão de gente plantado na porta da sua casa em Portugal. Nervos de astros ficam à flor da pele perto do Mundial.
O sueco Ibrahimovic tomava café numa praça na Alemanha com colegas quando foi flagrado por um fotógrafo de seu país. "Isto aqui é particular", gritou, ameaçando o dono da câmara.
Um jornal acusou o paraguaio Acuña de assédio sexual na concentração da equipe.
Alguns tratam o assunto com calma, a começar pelo maior alvo das lentes: Beckham, que quase sempre é só sorrisos quando aparece em fotos nos tablóides de seu país e nas revistas de fofoca, provavelmente os dois focos mais fortes da nova ordem do futebol mundial.
Enquanto a bola não rola, pipocam shows e festivais pelas cidades-sede. E a badalação tende a aumentar. A revista "Caras", por exemplo, montará uma versão de seu castelo perto da concentração do Brasil.
A Fifa promete jogo duro com os paparazzi. "Minha atitude com eles é negativa. Jogadores devem ficar bem irritados com a invasão de suas vidas. Eu não gosto de paparazzis fuçando a vida dos atletas. Eu não mexerei um dedo para ajudá-los", afirmou Marcus Ziegle, diretor de imprensa da Fifa.


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