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TOSTÃO
Efeitos globais
Tenho a impressão de que os europeus têm mais vontade de jogar nos clubes
A ÚNICA palavra que
aprendi em alemão
é fussball. Deve ser
futebol.
Em Königstein, nada
mudou. Está quase tudo
perfeito, pouquíssimos
questionam a escalação, o
time é a cada dia mais endeusado, os treinos são
sempre os mesmos, a notícia principal é o pé de Ronaldo e o mico do patrocinador que fez a chuteira, e
a CBF tentando sempre
prejudicar o trabalho da
Folha e favorecer a Rede
Globo. Isso não diminui a
competência e o esforço
dos profissionais desse
órgão de imprensa.
Com a globalização, diminuiu no mundo o sentimento de nação. As relações se tornaram mais
comerciais, fisiológicas,
virtuais e sem fronteiras.
A pátria é um negócio.
Conquistar o mundo e
romper as amarras de um
bairro, uma cidade e um
país são também uma antiga fantasia humana.
Esse sentimento ocorre
também no futebol e é
mais freqüente nos países
mais adiantados. Tenho a
impressão de que os europeus possuem mais
vontade de jogar por seus
clubes, que lhes pagam altíssimos salários, do que
pelas seleções.
No Brasil, principalmente na Copa, há muito
mais do que na Europa
uma exacerbação do nacionalismo. Os jogadores
são influenciados pelo
entusiasmo e jogam com
mais vontade e prazer.
Quando os atletas se
encontram, sentem-se
como se voltassem para
casa. Os que não estão
bem nos clubes, como
Ronaldo, Roberto Carlos
e Adriano, costumam renascer na seleção.
A grande pressão no
Brasil para ganhar o título costuma ser também
um fator positivo. Os jogadores atuam melhor.
Alguns só brilham intensamente quando são desafiados e pressionados.
O Brasil é um país pobre, mais atrasado em
tantas coisas em relação
aos ricos. Ganhar uma
Copa é uma compensação, quase uma vingança.
Em uma Copa, o Brasil
pára, e todos se sentem
orgulhosos de fazerem
parte da nação. Até os
corruptos que roubam dinheiro público se enrolam na bandeira e choram
de amor à pátria.
@ - tostao.folha@uol.com.br
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