São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIP gera custo de até R$ 1.700 para ver jogo da Copa

Empresa dá R$ 500 mi para explorar locais reservados em estádios, corre contra o tempo e espera arrecadar fortuna

Endinheirados terão direito nas partidas a alimentação sortida, champanhe francês, cadeiras especiais e até de ver os jogadores de perto


GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE

Caixas de champanhe francês empilhadas no chão e taças de cristal espalhadas por um balcão demonstram que alguns espectadores da abertura da Copa terão algo mais do que o futebol para se entreter.
Eles estarão amanhã no Estádio de Munique como tantos outros torcedores, mas não vão esperar nas filas das lanchonetes para comer uma salsicha ou entornar latinhas de cerveja.
No duelo entre Alemanha e Costa Rica, serão os primeiros a testar um espaço que registra números incríveis no Mundial alemão: os camarotes.
A empresa ISE Hospitality pediu à Fifa para explorar os locais mais nobres dos 12 estádios do torneio com exclusividade. Ouviu como resposta que precisaria pagar 175 milhões (R$ 500 milhões) à entidade que comanda o futebol. Cobriu a proposta. E já comemora.
"A expectativa é de arrecadarmos, com ingressos e serviços, de 300 a 500 milhões (mais de R$ 1 bilhão). Investimos em um serviço muito luxuoso e conseguimos bom retorno do público", afirmou à Folha Peter Csanadi, diretor de comunicação da ISE.
É um valor alto mesmo se comparado ao que a Fifa pretende angariar com seus patrocinadores na Copa - 700 milhões, ou R$ 2 bilhões.
No total, 346 mil lugares em camarotes foram colocados à venda na Copa. Todos foram comprados. O preço mínimo para entrar é 330 (R$ 950), valor estrondoso perto dos da arquibancada: 35 (R$ 124).
Mais: nos pacotes mais caros e privativos, o espectador desembolsa 600 (R$ 1.700) por jogo. "Para construirmos um camarote que saltasse aos olhos, precisaríamos de algo bem feito. Optamos pelo que há de melhor", disse Csanadi.
Ele se refere, por exemplo, aos mais de 150 tipos de pratos que serão servidos, às 320 mil garrafas de vinho disponíveis, aos 12 mil garçons especialmente treinados e às 8.000 recepcionistas contratadas.
A Folha percorreu alguns dos salões destinados à elite no Estádio de Munique. Pouca coisa em ordem. A prataria estava sendo entregue pelos fornecedores, bem como as garrafas de champanhe, acomodadas em quatro bares e um restaurante. "A gente monta tudo rápido", declarou Csanadi.
Uma discussão chamava atenção no ambiente. Um dos responsáveis pelos camarotes afirmava que as cadeiras destinadas aos VIPs -com assento e recosto forrado por tecido, enquanto o resto das acomodações do estádio é feita de plástico reforçado- estavam sujas.
Um funcionário ouviu as queixas, reclamou, mas prometeu tudo limpo até amanhã.
O tempo é curto também para a criação de outra regalia prometida -uma tenda especial que será erguida próxima ao gramado, na qual os VIPs podem ver os jogadores mais de perto após os embates. Até ontem, nada estava finalizado.
O diretor da ISE contou que a maioria das entradas para os camarotes foi adquirida por empresas. "Só os bancos do Reino Unido reservaram 25 mil tíquetes e os distribuíram aos clientes mais importantes."
Csanadi disse que brasileiros conseguiram lugar nos camarotes, mas, "por questões de segurança", não revela os nomes.


Texto Anterior: Alemanha: Ballack volta aos treinamentos, mas sente lesão e é dúvida para a partida de abertura
Próximo Texto: Luxo integra rol de rusgas com a Fifa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.