São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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FUTEBOL

Velhos problemas e novos nomes

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

É duro voltar à vaca fria da Copa dos Campeões depois das emoções da Copa do Mundo.
Cruzeiro 1 x 1 São Paulo foi um jogo monótono, em que nenhum dos dois times mostrou imaginação e ousadia suficientes para vencer.
A deficiência principal do São Paulo, a meu ver, foi a falta de mobilidade e criatividade do meio de campo. Chega a ser surpreendente que um treinador como Oswaldo de Oliveira, que sempre valorizou o talento, tenha deixado no banco durante a maior parte do tempo os meias Adriano e Souza, que poderiam ajudar a resolver o problema.
Pior: quando decidiu colocar Adriano em campo, Oswaldo tirou Kaká. Ou seja: em vez de dois jogadores criativos, continuou com apenas um.
Atuando no meio com três atletas predominantemente de marcação -o novato Daniel e os pesados Fábio Simplício e Júlio Batista-, o São Paulo perdeu a leveza e a fluência que caracterizou os seus melhores momentos no primeiro semestre.
O resultado disso -e das limitações similares do Cruzeiro- foi uma partida sem brilho e sem emoção, algo acentuado pelo fato de os dois times estarem jogando a milhares de quilômetros de suas torcidas.
De um modo geral, considero um equívoco a própria existência da Copa dos Campeões. Pior ainda foi o seu inchaço este ano, com 16 equipes, ocupando um mês do apertado calendário brasileiro.
Esse tempo poderia ser melhor aproveitado se houvesse uma mentalidade de valorização do Campeonato Brasileiro, com jogos de turno e returno, sem atropelo de datas.
Mas a idéia dos nossos dirigentes parece ser a de criar (e inchar) o maior número possível de torneios. Seria racional demais, para sua estranha lógica, simplificar o calendário por meio do fortalecimento dos dois grandes torneios nacionais, a Copa do Brasil e o Brasileirão. Complicar é mais fácil -e com certeza contempla obscuros interesses políticos e financeiros.
De todo modo, esse reinício de temporada traz alguns dados interessantes, como o esboço de reabilitação do Flamengo, que está conquistando boas vitórias com uma nova geração de jogadores.
Mas há uma dupla dúvida: essa primavera rubro-negra vai durar ou é fogo de palha? A volta de "cobras criadas" como Romário e Petkovic, como promete a diretoria, vai ajudar ou atrapalhar?

Sem conseguir deixar de pensar na seleção brasileira, mas também sem querer viver no passado, já começo a imaginar os possíveis jogadores que vestirão a camisa amarela na Copa de 2006.
Em face das inúmeras variáveis envolvidas -possibilidade de contusões, surgimento de novos talentos, altos e baixos de produtividade-, é cedo para ter certezas, mas não custa nada fazer um exercício de especulação e apostar em alguns nomes que têm tudo para estar lá. Vamos a eles.
Goleiros: Julio César, Hélton (além dos atuais Marcos, Dida e Rogério); laterais: Gabriel, Leonardo (ex-Vasco), Maicon, Paulo César, Kléber, Athirson; zagueiros: os atuais, mais Juan; volantes: Kleberson, Gilberto Silva, Fabrício, Fernando (Grêmio); meias: Kaká, Roger, Alex, Diego (Santos); atacantes e meias-atacantes: Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Denílson. Já dá para o começo.

Espanha ou Itália
Três clubes querem tirar Ronaldinho do PSG: a Juventus, o Real Madrid e o Barcelona. Torço para que ele vá para a Espanha, onde, em geral, os atacantes brasileiros habilidosos brilham mais do que na Itália, palco de um futebol mais duro. Há exceções, claro, como Careca e Amoroso. Por algum motivo, a Itália parece ser mais propícia para meio-campistas, como Falcão, Cerezo, Júnior etc.

Picaretagem
Na enxurrada de lançamentos na carona da Copa, há que separar o trigo do joio. Passe longe, por exemplo, do DVD vendido em bancas "O Melhor do Brasil nas Copas". As imagens são poucas e precárias, o texto da narração é cheio de erros de informação e a edição dos lances é mentirosa. Exemplo: no DVD, é Zico que sofre pênalti no fatídico jogo contra a França em 86 (na verdade, foi Branco).

E-mail jgcouto@uol.com.br



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