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FUTEBOL
Velhos problemas e novos nomes
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
É duro voltar à vaca fria da
Copa dos Campeões depois
das emoções da Copa do Mundo.
Cruzeiro 1 x 1 São Paulo foi um
jogo monótono, em que nenhum
dos dois times mostrou imaginação e ousadia suficientes para
vencer.
A deficiência principal do São
Paulo, a meu ver, foi a falta de
mobilidade e criatividade do
meio de campo. Chega a ser surpreendente que um treinador como Oswaldo de Oliveira, que
sempre valorizou o talento, tenha
deixado no banco durante a
maior parte do tempo os meias
Adriano e Souza, que poderiam
ajudar a resolver o problema.
Pior: quando decidiu colocar
Adriano em campo, Oswaldo tirou Kaká. Ou seja: em vez de dois
jogadores criativos, continuou
com apenas um.
Atuando no meio com três atletas predominantemente de marcação -o novato Daniel e os pesados Fábio Simplício e Júlio Batista-, o São Paulo perdeu a leveza e a fluência que caracterizou
os seus melhores momentos no
primeiro semestre.
O resultado disso -e das limitações similares do Cruzeiro- foi
uma partida sem brilho e sem
emoção, algo acentuado pelo fato
de os dois times estarem jogando
a milhares de quilômetros de suas
torcidas.
De um modo geral, considero
um equívoco a própria existência
da Copa dos Campeões. Pior ainda foi o seu inchaço este ano, com
16 equipes, ocupando um mês do
apertado calendário brasileiro.
Esse tempo poderia ser melhor
aproveitado se houvesse uma
mentalidade de valorização do
Campeonato Brasileiro, com jogos de turno e returno, sem atropelo de datas.
Mas a idéia dos nossos dirigentes parece ser a de criar (e inchar)
o maior número possível de torneios. Seria racional demais, para
sua estranha lógica, simplificar o
calendário por meio do fortalecimento dos dois grandes torneios
nacionais, a Copa do Brasil e o
Brasileirão. Complicar é mais fácil -e com certeza contempla
obscuros interesses políticos e financeiros.
De todo modo, esse reinício de
temporada traz alguns dados interessantes, como o esboço de reabilitação do Flamengo, que está
conquistando boas vitórias com
uma nova geração de jogadores.
Mas há uma dupla dúvida: essa
primavera rubro-negra vai durar
ou é fogo de palha? A volta de "cobras criadas" como Romário e
Petkovic, como promete a diretoria, vai ajudar ou atrapalhar?
Sem conseguir deixar de pensar
na seleção brasileira, mas também sem querer viver no passado,
já começo a imaginar os possíveis
jogadores que vestirão a camisa
amarela na Copa de 2006.
Em face das inúmeras variáveis
envolvidas -possibilidade de
contusões, surgimento de novos
talentos, altos e baixos de produtividade-, é cedo para ter certezas, mas não custa nada fazer um
exercício de especulação e apostar
em alguns nomes que têm tudo
para estar lá. Vamos a eles.
Goleiros: Julio César, Hélton
(além dos atuais Marcos, Dida e
Rogério); laterais: Gabriel, Leonardo (ex-Vasco), Maicon, Paulo
César, Kléber, Athirson; zagueiros: os atuais, mais Juan; volantes: Kleberson, Gilberto Silva, Fabrício, Fernando (Grêmio);
meias: Kaká, Roger, Alex, Diego
(Santos); atacantes e meias-atacantes: Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Denílson. Já dá para o começo.
Espanha ou Itália
Três clubes querem tirar Ronaldinho do PSG: a Juventus,
o Real Madrid e o Barcelona.
Torço para que ele vá para a
Espanha, onde, em geral, os
atacantes brasileiros habilidosos brilham mais do que
na Itália, palco de um futebol
mais duro. Há exceções, claro, como Careca e Amoroso.
Por algum motivo, a Itália parece ser mais propícia para
meio-campistas, como Falcão, Cerezo, Júnior etc.
Picaretagem
Na enxurrada de lançamentos na carona da Copa, há que
separar o trigo do joio. Passe
longe, por exemplo, do DVD
vendido em bancas "O Melhor do Brasil nas Copas". As
imagens são poucas e precárias, o texto da narração é
cheio de erros de informação
e a edição dos lances é mentirosa. Exemplo: no DVD, é Zico que sofre pênalti no fatídico jogo contra a França em 86
(na verdade, foi Branco).
E-mail jgcouto@uol.com.br
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