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São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2003

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OLIMPÍADA

Coordenadora da campanha, Nádia Campeão afirma que Rio já tem outros eventos e que país sai prejudicado

São Paulo critica "samba de uma nota só"

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
E DA SUCURSAL DO RIO

Para a secretária de Esporte de São Paulo, Nádia Campeão, o Brasil "deixou de ganhar" com a seleção do Rio pelo Comitê Olímpico Brasileiro como o representante do país na disputa pelos Jogos de 2012. Na visão dela, a opção pelo Rio representa um monopólio em termos de desenvolvimento esportivo brasileiro.
"Como uma decisão nacional, ela foi ruim. O Rio já havia garantido o direito de organizar o Pan-Americano de 2007, o que propiciaria o desenvolvimento do esporte no município. Caso São Paulo seguisse na disputa, o Brasil passaria a contar não com um, mas com dois centros de fomento", disse Campeão. "Como ficou, é um samba de uma nota só."
O discurso da secretária destoou daqueles adotados pela prefeita Marta Suplicy e pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Após o anúncio do vitorioso, Alckmin disse apenas que "a disputa valorizou a presença brasileira para receber os Jogos de 2012. Se não houvesse o duelo entre as duas cidades, não haveria mobilização tão grande. Vamos estudar como ajudar o Rio".
"Esse assunto [a disputa pela Olimpíada] é uma página virada. Agora somos todos Rio", completou a prefeita paulistana.
Para corroborar a sua teoria, Campeão repetiu aquele que foi um dos principais motes da campanha paulistana, o legado olímpico. Conforme a secretária teria ouvido durante seminário no Comitê Olímpico Internacional, os Jogos teriam boas possibilidades de ir para a cidade que mais se beneficiasse com a sua realização.
Seguindo esse raciocínio, a secretária argumentou no decorrer da campanha que no Rio o esporte seria beneficiado pelo Pan. Assim, em uma disputa nacional, ao menos em teoria, aumentariam as chances da capital paulista.
"O legado foi menor para o país. Se tivesse ido para São Paulo, beneficiaria 10 milhões de habitantes. Por dez anos o esporte vai estar concentrado em apenas um lugar", criticou a secretária.
"O Rio já teve diversas chances, com a Rio-2004, o Pan-2007. E, agora, os Jogos-2012. Fica parecendo que há apenas uma cidade no Brasil. Pensei que o COB enxergasse o cenário de uma forma mais larga", criticou Campeão.
Secretário estadual de Esporte, Lars Grael disse que a vitória do Rio já era esperada por muitos.
Membros da postulação paulista se queixaram de que a decisão teria sido pautada mais por critérios políticos do que técnicos.
"Foi uma escolha política. Tecnicamente, os dois dossiês eram incomparáveis", afirmou a ex-jogadora Ana Moser, diretora do Centro Olímpico do Ibirapuera.
Comentários de representantes paulistas antes do anúncio do vencedor indicavam que eles tinham a mesma opinião. Quando o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, comentou sobre a votação ter de ocorrer conforme o previamente combinado, um deles foi irônico ao perguntar a outro se o resultado também estava previamente arranjado.
Questionado pela Folha sobre qual das cidades teria mais chance de bater as rivais estrangeiras na disputa por 2012, Nuzman, que havia dito anteriormente que poderia falar sobre o assunto só após a escolha, preferiu ser evasivo. "As candidaturas têm características únicas. Não dá para fazer uma comparação objetiva", disse. (EDUARDO OHATA E SÉRGIO RANGEL)


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