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FUTEBOL
Justamente
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Ouve-se um tiro, os nadadores saltam, perfazem a
distância que a prova estabelece e
aquele que, ao fim, tiver batido a
mão na borda da piscina em primeiro lugar ganha a disputa. Não
há espaço para considerações sobre a "justiça" do resultado.
No futebol, duas equipes se enfrentam durante 90 minutos. Ou
uma delas faz mais gols do que a
outra ou elas empatam. No entanto as coisas aqui são menos
simples, como sugere a clássica
pergunta endereçada pelos locutores esportivos aos comentaristas: "Fulano, podemos dizer que o
resultado foi justo?". O fato de essa indagação ser parte da rotina
do futebol revela que os observadores do jogo -e não apenas
aqueles que torcem para um dos
times- consideram que o placar
final poderia, em determinados
casos, não traduzir o desempenho
dos adversários.
Não estaria assegurada, portanto, uma coincidência perfeita
entre performance e resultado.
Quando essa imperfeição parece
evidenciar-se, são frequentemente citados lances de "sorte" ou
"azar", falhas de jogadores ou
bons desempenhos inesperados,
erros de arbitragem e outras situações que de alguma forma se
relacionam com o acaso.
Há quem considere tudo isso
uma bobagem. Não haveria "justiça" ou "injustiça" além do placar. O desfecho traduzido em gols
seria sempre a conclusão objetivamente justa de uma partida.
Quem fez mais gols foi melhor. Se
ambos os fizeram em igual quantidade, foram iguais. Nessa perspectiva, a discussão sobre a "justiça" do marcador seria mais do
que ociosa, improcedente.
Creio que os mais sensatos sabem ser inútil lutar contra um
placar, mas ainda assim entendem que nem sempre ele é um resumo cristalino de uma partida
-reconhecendo-se que situações
fortuitas ou atípicas muitas vezes
pesam mais do que deveriam em
sua definição.
Na final da Taça Libertadores,
houve quem considerasse -este
colunista, inclusive- que a equipe do Santos foi castigada na primeira partida por um placar de 2
x 0. O castigo, no entanto, não
chegou a ser visto por ninguém
-salvo torcedores- como uma
grande injustiça.
Quando veio o jogo no Morumbi, toda a dúvida dissipou-se. O
Boca Juniors foi, de longe, o melhor. Ao final de 180 minutos, havia marcado cinco gols contra
apenas um dos brasileiros. Venceu as duas partidas de forma indiscutível. Os argentinos simplesmente não deixaram o Santos jogar, concluir, fazer gols.
Encerrou-se, assim, com brilho,
mas com um final decepcionante,
a saga dessa jovem equipe na Libertadores. Não é provável que a
base desse time perdure até uma
próxima oportunidade, embora o
Santos tenha todos os requisitos
para conquistar novamente uma
vaga e ter uma segunda chance.
Por ora, resta ao time o desafio
de provar neste Campeonato Brasileiro que é a melhor equipe do
Brasil -o que os meus amigos
cruzeirenses já consideram ser
mais um sonho de verão santista.
Veremos.
Apoio ao Caixa
A opção dos grandes clubes cariocas de apoiar uma nova gestão do sr. Eduardo Viana, o famoso Caixa D'Água, é mais um
capítulo da triste história de decadência da gestão do futebol
carioca, que vai tendo seu tradicional brilho apagado por dirigentes provincianos, ineptos,
incapazes de olhar para a frente
com a ousadia necessária. Há
quem justifique o apoio ao sr.
Caixa D'Água pelo o temor de
que o veterano dirigente (já virtualmente eleito pelos "banguzinhos" do colégio eleitoral)
possa perseguir seus oponentes. A desculpa é esfarrapada.
Se, de fato, os dirigentes dos
grandes do Rio pensam dessa
forma, é triste. Deveriam estar
dirigindo associações de peladeiros, e não clubes da tradição
de Vasco, Flamengo, Fluminense e Botafogo.
E-mail mag@folhasp.com.br
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