São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2004

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FUTEBOL

Pessimistas e otimistas

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

"Se o Corinthians subiu tanto na tabela, por que não podemos melhorar?", dirão os otimistas torcedores do Flamengo, do Botafogo e de outros ameaçados pelo rebaixamento. Já os pessimistas vão falar que nada é tão ruim que não possa piorar.
Os otimistas só não podem dizer que o Dimba, por ter sido artilheiro do Brasileiro no ano passado, vai resolver os problemas do Flamengo. Ele é um bom atacante, mas no Goiás há sempre um artilheiro. Agora é o Alex Dias, que não jogou nada no Cruzeiro. Até o Jean do Flamengo pode se tornar artilheiro no Goiás.
Na maior parte de sua carreira, Dimba se destacou em equipes da segunda divisão. Ninguém aprende ou desaprende a jogar. Há exceções. Edmundo desaprendeu o que sabia, sem levar em conta a sua atuação ontem contra o Paraná.
Paulo César Gusmão precisa arrumar logo taticamente o time, colocando os jogadores na posição certa, em vez de preparar desculpas por causa dos graves problemas financeiros do clube, que não serão resolvidos tão cedo.
O técnico não pode é inventar, dar uma de professor Pardal, como fez no Cruzeiro, ao colocar o armador ofensivo Wendell de terceiro zagueiro.
Como há equilíbrio entre as equipes, o Flamengo pode melhorar bastante na classificação, mesmo sem saber o motivo, ou disparar na lanterna e garantir por antecipação um lugar na segunda divisão. A terceira opção é a de ficar onde está e ser rebaixado no final. Aí o sofrimento será muito maior.

Ousar mais cedo
A cada dia, Tite incorpora uma nova palavra ou frase ao dicionário do futebol. Qualquer semelhança do "titês" com o "lazaronês" é apenas coincidência.
Contra o Vasco, Tite fez uma ótima modificação no segundo tempo ao colocar o veloz atacante Alessandro na função de ala. Quando um time joga com três zagueiros e no ataque, é melhor pôr um ala com características de atacante do que um com jeito de lateral.
O esquema com três zagueiros é bom para se jogar no ataque, marcando a saída de bola. O time fica com três zagueiros para marcar dois atacantes e mais sete jogadores no outro campo. Quando toma a bola, os sete estão próximos do gol e se tornam atacantes. A maioria dos técnicos faz o contrário. Escala três zagueiros, dois alas e dois volantes marcando no próprio campo, longe do outro gol. O time fica defensivo.
Não dá para uma equipe marcar por pressão durante o tempo todo de uma partida, porque é muito cansativo e arriscado, já que se abrem espaços na defesa para o contra-ataque.
Porém essa é uma boa opção, que deveria ser mais utilizada em certos momentos e até no início do jogo.
O time pressionaria desde o começo como se estivesse perdendo e com a partida no segundo tempo. Por que é sempre preciso sofrer um gol e ou esperar o final do confronto para atacar com mais ousadia?

Sobe e desce
Como dizem que futebol é detalhe, e a maioria das equipes no Brasileiro está no mesmo nível, basta uma troca de técnico, uma oração com mais ou menos fé, uma dor de cotovelo, para um time embalar ou despencar na tabela. Se as ações na bolsa sobem e descem por causa de um detalhe, de um cochilo do presidente, ocorre o mesmo no futebol.
Mas, pela lei do bom senso, que anda esquecida, grandes mudanças na tabela só ocorrerão com pouquíssimas equipes. Daí o desespero das que estão atrás, como Flamengo e Botafogo. Será que um dos dois terá de cair?
Por causa do equilíbrio, torcedores, jogadores e técnicos não podem ficar deslumbrados e eufóricos com alguns resultados. Jair Picerni, que foi contratado recentemente pelo Atlético-MG, aproveitou duas vitórias para dizer que foram conseqüência da obediência tática dos atletas, que fizeram tudo que tinha sido planejado. Parece até que houve tempo para tantos treinos.
Antes da partida seguinte, contra o Paysandu (ontem o Atlético-MG enfrentaria o Grêmio), o técnico afirmou que o time só joga para fazer gols. Ele fala isso em todos os clubes.
O Atlético-MG fez um único gol, foi todo para a defesa, sofreu pressão e perdeu o jogo para o Paysandu por 2 a 1. Será que os jogadores não seguiram as instruções do técnico?

E-mail: tostao.folha@uol.com.br


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