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Quem desmoraliza o Campeonato Brasileiro
JUCA KFOURI
Colunista da Folha
O Santos chegou de um rápido,
e desastroso, giro pela Europa e
jogou ontem pelo Brasileiro. Se
não pagou já ontem mesmo pela
imprudência, pagará nas próximas rodadas, é inevitável.
O Santos chegou, e o Vasco partiu na mesma direção, no que será
imediatamente imitado pelo Corinthians.
E nos prometeram que desta vez
ninguém viajaria durante o torneio. A culpa, é claro, é dos clubes.
Mas, se a competição começou
com a seleção brasileira no México, em prejuízo de muitos clubes
nas primeiras rodadas, o que dizer sobre quem é o responsável
principal pela desmoralização do
Campeonato Brasileiro?
Que quem o organiza (?!), a
CBF, é a primeira a tratá-lo como
qualquer coisa.
A coluna recebeu na última sexta-feira, assinada pelo vice-presidente da Rádio e Televisão Bandeirantes, João Carlos Saad, a seguinte carta:
""Prezado senhor,
Na sua coluna publicada no dia
29 de julho, foram feitas avaliações sobre o mundo esportivo brasileiro. Nelas vemos a Bandeirantes citada em um cenário de composição de interesses que o senhor
se encarrega de assegurar poder
tratar-se de "pura imaginação".
Realidade ou imaginação consideramos importante, para o melhor entendimento da opinião pública, fazer chegar ao seu conhecimento dados concretos, em nome
da "transparência dos negócios esportivos" que o senhor, com justiça, reclama, sem, contudo, dar-se
ao trabalho da elementar indagação que precede qualquer publicação. Assim sendo, eis os fatos:
A Bandeirantes tem um contrato de co-produção com a Traffic
na área de esportes; nesse contrato estão estabelecidos direitos e
deveres de cada parte;
A linha editorial da Bandeirantes nunca serviu e nunca servirá a
objetivos que não sejam o de bem
informar o público;
Não existe nenhum acordo de
participação acionária entre as
duas empresas envolvidas.
Qualquer outra informação,
por mais imaginosa que seja, é
fruto da criatividade ou falta de
informação."
Educada, e compreensivelmente
dura, a carta de Saad merece os
seguintes comentários:
1) É verdade que no artigo (não
coluna, o que é secundário) foi
descrito um quadro puramente
imaginário -com menção explícita de que não correspondia, necessariamente, à realidade;
2) Não é menos verdade, no entanto, que quando o jabuti está
em cima da árvore é lícito supor
que alguém o tenha posto lá;
3) O artigo manifestou a legítima preocupação com a monopolização do futebol, seja por intermédio do grupo HMTF, via Traffic, seja pelo grupo ISL, via Pelé
Sport & Marketing;
4) Em nenhum momento cogitou-se de que a Traffic tenha participação societária na Bandeirantes, embora pareça óbvio que
a linha editorial do Departamento de Esporte passe a ser dada pela
Traffic -e a absoluta ausência de
um olhar crítico em relação, por
exemplo, à CBF, outra parceira
da Traffic, é prova disso;
5) A constatação anterior não
significa que a mesma linha se estenda ao Departamento de Jornalismo da Band -aliás, recente
anúncio de que o jornalista Armando Nogueira (que preferiu
não ficar sob o comando da Traffic) passará a participar dos jornais da casa é tranquilizador.
O novo zagueiro corintiano, Luciano, no Grêmio, jogava muito
mais que João Carlos.
Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças
e às sextas-feiras
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