UOL


São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MOTOR

Aquecimento

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Felipe Massa está em São Paulo. Almoçou com a imprensa na última terça-feira e corre hoje e amanhã na maratona de kart da Granja Viana.
Massa seria apenas o terceiro brasileiro na F-1 de 2004, mas sua história está longe de ser tão simples. O garoto criado em Botucatu está sendo engordado por Jean Todt para a sucessão de Barrichello, no ano seguinte, e, quem sabe, para a do hexacampeão Schumacher, em futuro ainda distante.
O futuro imediato é de manutenção e serve como grande desculpa para evitar constrangimentos. Sempre que questionado sobre a vaga de Barrichello em 2005, sai-se com a mesma resposta: "Tenho contrato de dois anos com a Sauber". Não há réplica.
É um excelente argumento. Está atrelado, mesmo que apenas no papel, pelos próximos dois anos ao time de Peter Sauber, o sujeito que lhe defenestrou há pouco mais de um ano -falando mal de suas habilidades- e hoje porta um sorriso político de quem precisa colocar o afilhado de um de seus patrões para correr.
Com essa resposta, Massa não precisa explicar que seu contrato tem a assinatura do filho de Jean Todt, que o mesmo Todt é o responsável por estipular o preço dos propulsores que a Petronas compra para a Sauber e que o compromisso de Barrichello foi o único da Ferrari a não ser renovado neste ano e caduca exatamente no final da próxima temporada.
O plano é esse, Massa em 2005 na Ferrari, e todos os envolvidos vão fingir que ele simplesmente não existe até o belo dia quando, surpresa, a Ferrari resolver fazer o anúncio. Evidente, tudo pode mudar -pernas se quebram, Barrichello às vezes se supera e até mesmo Massa pode decepcionar, cair de maduro ou coisa assim. Mas, por outro lado, tudo pode também dar muito certo.
Dado que Massa é a grande aposta de Todt, se não da Ferrari, é factível imaginar que, pelo menos neste momento, ele é o primeiro na linha sucessória da escuderia -em outra palavras, a primeira escolha para o carro do alemão, que pára uma hora.
(Antes que perguntem, Barrichello parece, sim, fora do páreo. Estará sob pressão o ano inteiro e vai ter que se esforçar para mostrar serviço tanto para seu time como para os outros, que, aliás, têm poucas vagas a oferecer.)
Massa fará uma temporada de espera no ano que vem. O público brasileiro terá uma temporada de espera em 2004 -não a primeira, mas talvez a primeira das últimas, diriam os mais otimistas.
Ninguém sabe se o final da novela será feliz, se será bom para Massa ou para Barrichello. Para ambos certamente não será.
 
É incrível a capacidade de o GP Brasil gerar polêmica. Entra ano, sai ano, há sempre problemas e questionamentos. E justamente agora, quando há tempo para obras e adequação ao orçamento, sem pressões, sem pressa.
A atual disputa é estadual, mas o curioso é que, há algumas semanas, já havia comentários de que a edição de 2004 poderá ser a última em Interlagos. E que o Rio está de braços abertos em 2005.

TV faz mal
Essa, creio, é inédita. No primeiro dia do Rali da Inglaterra, penúltima etapa do Mundial, um dos mais disputados da história, Carlos Sainz teve um problema inusitado em seu Citroën. Uma nova câmera de TV, instalada no carro para transmitir a etapa ao vivo, começou a pegar a fogo. O espanhol perdeu a concentração, esqueceu de fazer uma curva e bateu. Segundo a Citroën, a organização não testara o equipamento. Sainz, que corria pelo terceiro título, está fora da briga.

Ensaio
Nelsinho Piquet testou em Jerez de La Frontera com um F-3000. Fez o segundo tempo do dia, atrás de outro herdeiro das pistas, Nico Rosberg. Seu objetivo, disse depois, era só conhecer o circuito, onde acontecerá em dezembro o aguardado teste com um Williams.

E-mail mariante@uol.com.br


Texto Anterior: Com a sub-23, seleção enfrentará um clube do país depois de 16 anos
Próximo Texto: Futebol - José Geraldo Couto: O encanto da rotina
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.