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MOTOR
Aquecimento
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Felipe Massa está em São
Paulo. Almoçou com a imprensa na última terça-feira e
corre hoje e amanhã na maratona de kart da Granja Viana.
Massa seria apenas o terceiro
brasileiro na F-1 de 2004, mas sua
história está longe de ser tão simples. O garoto criado em Botucatu
está sendo engordado por Jean
Todt para a sucessão de Barrichello, no ano seguinte, e, quem sabe,
para a do hexacampeão Schumacher, em futuro ainda distante.
O futuro imediato é de manutenção e serve como grande desculpa para evitar constrangimentos. Sempre que questionado sobre a vaga de Barrichello em
2005, sai-se com a mesma resposta: "Tenho contrato de dois anos
com a Sauber". Não há réplica.
É um excelente argumento. Está
atrelado, mesmo que apenas no
papel, pelos próximos dois anos
ao time de Peter Sauber, o sujeito
que lhe defenestrou há pouco
mais de um ano -falando mal
de suas habilidades- e hoje porta um sorriso político de quem
precisa colocar o afilhado de um
de seus patrões para correr.
Com essa resposta, Massa não
precisa explicar que seu contrato
tem a assinatura do filho de Jean
Todt, que o mesmo Todt é o responsável por estipular o preço dos
propulsores que a Petronas compra para a Sauber e que o compromisso de Barrichello foi o único da Ferrari a não ser renovado
neste ano e caduca exatamente
no final da próxima temporada.
O plano é esse, Massa em 2005
na Ferrari, e todos os envolvidos
vão fingir que ele simplesmente
não existe até o belo dia quando,
surpresa, a Ferrari resolver fazer o
anúncio. Evidente, tudo pode
mudar -pernas se quebram,
Barrichello às vezes se supera e
até mesmo Massa pode decepcionar, cair de maduro ou coisa assim. Mas, por outro lado, tudo pode também dar muito certo.
Dado que Massa é a grande
aposta de Todt, se não da Ferrari,
é factível imaginar que, pelo menos neste momento, ele é o primeiro na linha sucessória da escuderia -em outra palavras, a
primeira escolha para o carro do
alemão, que pára uma hora.
(Antes que perguntem, Barrichello parece, sim, fora do páreo.
Estará sob pressão o ano inteiro e
vai ter que se esforçar para mostrar serviço tanto para seu time
como para os outros, que, aliás,
têm poucas vagas a oferecer.)
Massa fará uma temporada de
espera no ano que vem. O público
brasileiro terá uma temporada de
espera em 2004 -não a primeira,
mas talvez a primeira das últimas, diriam os mais otimistas.
Ninguém sabe se o final da novela será feliz, se será bom para
Massa ou para Barrichello. Para
ambos certamente não será.
É incrível a capacidade de o GP
Brasil gerar polêmica. Entra ano,
sai ano, há sempre problemas e
questionamentos. E justamente
agora, quando há tempo para
obras e adequação ao orçamento,
sem pressões, sem pressa.
A atual disputa é estadual, mas
o curioso é que, há algumas semanas, já havia comentários de que
a edição de 2004 poderá ser a última em Interlagos. E que o Rio está de braços abertos em 2005.
TV faz mal
Essa, creio, é inédita. No primeiro dia do Rali da Inglaterra, penúltima etapa do Mundial, um dos mais disputados da história, Carlos
Sainz teve um problema inusitado em seu Citroën. Uma nova câmera de TV, instalada no carro para transmitir a etapa ao vivo, começou
a pegar a fogo. O espanhol perdeu a concentração, esqueceu de fazer
uma curva e bateu. Segundo a Citroën, a organização não testara o
equipamento. Sainz, que corria pelo terceiro título, está fora da briga.
Ensaio
Nelsinho Piquet testou em Jerez de La Frontera com um F-3000. Fez
o segundo tempo do dia, atrás de outro herdeiro das pistas, Nico
Rosberg. Seu objetivo, disse depois, era só conhecer o circuito, onde
acontecerá em dezembro o aguardado teste com um Williams.
E-mail mariante@uol.com.br
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