São Paulo, terça-feira, 08 de novembro de 2011

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FOCO

Políticos fazem vista grossa em inspeção ao Itaquerão

RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

Responsável pela construção do Itaquerão, o engenheiro da Odebrecht Frederico Barbosa inicia palestra a parlamentares da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara sobre o andamento das obras no estádio. Um dos parlamentares mexe em seu celular, outro dá entrevistas, um terceiro já foi embora.
Quando a maior parte deles se concentra nas explicações, são poucas as perguntas. "Vai estar pronto mesmo? Garantido?", arrisca Jonas Donizete (PSB-SP), presidente da comissão, sobre o prazo de dezembro de 2013. Ao receber uma resposta positiva, se dá por satisfeito.
Essa foi uma das cenas da visita do grupo formado por oito deputados federais e uma senadora para inspecionar as obras do Itaquerão, como ocorreu em outras 11 sedes. A vistoria não durou mais do que meia hora.
Não havia engenheiros da Câmara para avaliar as obras nem foram pedidas informações à Odebrecht com antecedência. Antes da inspeção, foi mostrada aos parlamentares uma apresentação eletrônica sobre a arena.
Foi o único contato que Romário (PSB-RJ) teve com detalhes da arena. Crítico do andamento de obras, principalmente das de São Paulo, o deputado foi até o Itaquerão, mas saiu antes da palestra para pegar um avião.
"Não vi nem vou ter a oportunidade de ver porque tenho um voo", afirmou Romário logo após desembarcar do ônibus que o levou da estação de trem até o estádio.
Isso não o impediu de ser irônico. "Vim ver de perto o que se tem falado. O que vimos foi no PowerPoint. É uma coisa bem diferente. Queremos ver se é verdade. Não sou contra São Paulo. Sou a favor de melhores condições."
Antes de chegar ao estádio, os deputados também passaram longe da realidade.
Andaram de trem para testar as condições de transporte. Mas havia cerca de 15 funcionários da CPTM (Companhia Paulista de Trens e Metropolitanos) para ajudá-los.
Primeiro, distribuíram 40 bilhetes. Também foi separado um vagão do trem, com ar-condicionado, aos parlamentares. A maioria dos populares foi isolada por seguranças, e as portas, protegidas.
Como Romário atraiu atenção, passageiros aproveitaram para ironizar, pedindo que a comissão voltasse no horário de pico, às 17h.
Já no Itaquerão, a primeira preocupação foi dar entrevistas e tirar fotografias. Além de jornais e TVs, havia um séquito de fotógrafos e assessores dos parlamentares.
Mas houve, de fato, um momento em que todos os políticos, menos Romário, reuniram-se em volta do engenheiro Frederico Barbosa. Era a hora da foto oficial.


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