São Paulo, terça, 8 de dezembro de 1998

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Lusa busca o final de preconceito


da Reportagem Local

O técnico Candinho, da Lusa, afirmou ontem que a boa campanha da equipe no Brasileiro-98 é um fator positivo para diminuir o preconceito da mídia e da arbitragem contra a equipe.
Segundo o treinador, seu time não é tratado da mesma maneira que os outros "grandes" do Estado -Corinthians, Santos, Palmeiras e São Paulo.
"A Lusa é o índio em filme de caubói, o japonês em filme sobre a 2ª Guerra. Não é o meu time que ganha, é o adversário que perde a partida", afirmou o treinador.
Segundo o técnico, uma medida que poderia aumentar a aceitação da equipe seria a troca do nome do clube. "Mudaram de Portuguesa para Lusa, mas isso não é suficiente. É preciso de um nome abrasileirado", disse o técnico.
Para Candinho, o Palmeiras e o Cruzeiro teriam hoje torcidas pequenas se não tivessem mudado o nome. Até a década de 40, as duas equipes chamavam-se Palestra Itália. "A vida em Portugal hoje é boa. Quase ninguém de lá imigra hoje para o Brasil", afirmou.
Mesmo depois do jogo de domingo, no qual a Lusa teve a seu favor um pênalti duvidoso, o técnico manteve a opinião de que os juízes erram mais contra a sua equipe.
"Temos pelo menos um crédito de 200 pênaltis. Isso contando todos os que foram marcados contra nós injustamente, além dos que deixaram de marcar a nosso favor", disse o técnico.
Candinho afirmou que esse "crédito" nas penalidades foi o motivo que fez o atacante Leandro errar o pênalti contra o Cruzeiro. "Não estamos acostumados a bater pênaltis. Nossos atletas até estranham quando isso acontece", disse.
Mesmo com o erro, Leandro continua sendo o cobrador oficial da equipe. "O Dida foi muito feliz. Se precisar bater novamente um pênalti contra ele, vou chutar rasteiro. Deve dificultar, já que ele é muito alto", afirmou o atacante.
Segundo Leandro, o apoio dos jogadores da Lusa e dos torcedores da equipe após o erro foi fundamental para a restauração da sua confiança. "Na saída para o vestiário, após o final do primeiro tempo, os torcedores gritaram muito o meu nome. Parecia que eu tinha feito dois gols", afirmou.
Mesmo assim, o atacante disse que teve dificuldades para dormir. "Fiquei pensando no pênalti a noite inteira. Deu um aperto no peito. Nem imagino como eu teria me sentido se tivéssemos perdido o jogo", disse o atacante.
Já o meia Alexandre teve uma noite mais tranquila. Autor dos dois gols da Lusa, o atleta afirmou que o assédio dos torcedores aumentou. "Isso é até normal acontecer. Espero que continue assim depois da quarta-feira (amanhã)", disse o jogador, referindo-se ao jogo contra o Cruzeiro, amanhã, no estádio do Canindé.



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