São Paulo, terça, 8 de dezembro de 1998

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JUCA KFOURI
Quanto vale?

A entrada dos investidores em nossos clubes acende a polêmica sobre quanto vale cada um deles.
Em princípio, a impressão que se tem é a de que um Corinthians, um Vasco etc. valem mais do que as cifras que estão aparecendo.
E é verdade, valem mesmo.
Se, por exemplo, o Manchester United vale US$ 1 bilhão, em tese o Flamengo e o Corinthians valem mais.
Só que não se pode esquecer que o movimento que saneou o futebol inglês começou no início da década e que o conceito de futebol-empresa apenas está chegando ao Brasil -além da incomparável força do mercado europeu.
Com a corda no pescoço, é inevitável que nossos clubes sejam subavaliados agora.
Não se trata, é claro, de aceitar nem a primeira nem qualquer oferta, mas também é inegável que quem está disposto a investir hoje está assumindo um risco ponderável diante das incertezas sobre os rumos do futebol no país.
Há questões ainda muito nebulosas, como as que envolvem o poder da CBF, o surgimento da liga de clubes, a racionalização dos nossos campeonatos, o relacionamento com a TV, as condições dos estádios, a violência das torcidas etc.
Pioneira na discussão desses temas, a Fundação Getúlio Vargas de São Paulo tem feito estudos, promovido cursos e se habilitado como consultora nos acordos de gestão que vierem a ser firmados entre clubes e investidores.
Se tecnicamente tudo parece bem encaminhado, politicamente a situação é muito mais complicada, pois envolve incógnitas que nem deveriam estar sobre a mesa, como as eleições na CBF.
A disputa entre Ricardo Teixeira e Eduardo Farah, seis ou meia dúzia, nem deveria fazer parte das cogitações, porque uma liga de clubes não depende em nada da CBF -pelo menos para quem estiver determinado, de verdade, a fazer a necessária ruptura com o esquema que há décadas infelicita o futebol tetracampeão.
Empresas de marketing esportivo do porte de uma ISL, associada à Fifa, a norte-americana IMG ou a Media Partners -que quis fazer a liga européia de clubes e não conseguiu, mas ainda assim forçou a Uefa a uma série de concessões- olham com óbvios bons olhos para a transformação que se desenha no Brasil -e se movem.
Tê-las como parceiras fará mais bem do que perder tempo com a velha estrutura.



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