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JUCA KFOURI
Quanto vale?
A entrada dos investidores
em nossos clubes acende a polêmica sobre quanto vale cada
um deles.
Em princípio, a impressão
que se tem é a de que um Corinthians, um Vasco etc. valem
mais do que as cifras que estão
aparecendo.
E é verdade, valem mesmo.
Se, por exemplo, o Manchester United vale US$ 1 bilhão,
em tese o Flamengo e o Corinthians valem mais.
Só que não se pode esquecer
que o movimento que saneou o
futebol inglês começou no início da década e que o conceito
de futebol-empresa apenas está
chegando ao Brasil -além da
incomparável força do mercado europeu.
Com a corda no pescoço, é
inevitável que nossos clubes sejam subavaliados agora.
Não se trata, é claro, de aceitar nem a primeira nem qualquer oferta, mas também é inegável que quem está disposto a
investir hoje está assumindo
um risco ponderável diante das
incertezas sobre os rumos do
futebol no país.
Há questões ainda muito nebulosas, como as que envolvem
o poder da CBF, o surgimento
da liga de clubes, a racionalização dos nossos campeonatos, o
relacionamento com a TV, as
condições dos estádios, a violência das torcidas etc.
Pioneira na discussão desses
temas, a Fundação Getúlio
Vargas de São Paulo tem feito
estudos, promovido cursos e se
habilitado como consultora
nos acordos de gestão que vierem a ser firmados entre clubes
e investidores.
Se tecnicamente tudo parece
bem encaminhado, politicamente a situação é muito mais
complicada, pois envolve incógnitas que nem deveriam estar sobre a mesa, como as eleições na CBF.
A disputa entre Ricardo Teixeira e Eduardo Farah, seis ou
meia dúzia, nem deveria fazer
parte das cogitações, porque
uma liga de clubes não depende em nada da CBF -pelo menos para quem estiver determinado, de verdade, a fazer a necessária ruptura com o esquema que há décadas infelicita o
futebol tetracampeão.
Empresas de marketing esportivo do porte de uma ISL,
associada à Fifa, a norte-americana IMG ou a Media Partners -que quis fazer a liga européia de clubes e não conseguiu, mas ainda assim forçou a
Uefa a uma série de concessões- olham com óbvios bons
olhos para a transformação
que se desenha no Brasil -e se
movem.
Tê-las como parceiras fará
mais bem do que perder tempo
com a velha estrutura.
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