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MOTOR
Só ganha um
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
A Ferrari lançou nesta semana seu carro para 2002.
Evento quase burocrático, serviu
apenas para reforçar a tese de que
o desenvolvimento do modelo
F2002 se dará em competição, de
acordo com o desempenho dos rivais -serviu ainda para Barrichello mostrar o tamanho de seu
bico, mas isso não é novidade.
Analisada em coluna anterior,
essa pequena tensão que cerca
Maranello, a dúvida sobre com
que carro correr nas primeiras
provas do ano, ainda não é tratada como um problema pelo time,
longe disso. Mas existe uma dúvida, maior, a longo prazo, complexa e profunda, que pouco tem a
ver com a empresa Ferrari.
O alvo, nesse caso, é a Fiat, a
montadora por trás da fábrica
italiana, que luta com certa dificuldade para se reposicionar no
mercado mundial de automóveis,
setor em ebulição há quase uma
década devido a fusões, aquisições e até mesmo falências.
Entre as montadoras presentes
à F-1, a italiana é provavelmente
a que menos fatura em termos de
imagem. Quem compete é a mítica, cara e exclusiva marca italiana, não a produtora de veículos
para consumo em massa. Soa até
como algo sentimental, não parece um negócio, diferentemente do
que ocorre com outras marcas.
Em um universo onde o dinheiro flui de acordo com a exposição
obtida por carros e pilotos na mídia, a equação da Fiat não bate.
A da Ferrari, claro, é superavitária. Isso explica um americano esperar dois anos para comprar um
carro que custa US$ 300 mil.
Ou seja, o que se discute aqui
não é o futuro da Ferrari, disparado o principal atrativo da F-1.
Mas o futuro da Fiat, e o quanto
ele poderá afetar a escuderia.
(Que fique claro que a discussão
se refere a um esporte, não ao
mercado de automóveis, pretensão que dispenso prontamente.)
O caso italiano, na verdade, pode parecer até mais curioso, mas
não é único na categoria. Toda e
qualquer montadora envolvida
com a F-1 só irá falar em investimento enquanto isso for economicamente viável. E ao contrário
de qualquer mercado, esse é implacável pelo simples fato de que
apenas um vai vencer, não há como dividir, não há como conviver. Há quem vença, o resto vem
atrás. E essa é a razão para se temer tamanho poder das marcas
numa categoria esportiva.
Por exemplo, ninguém duvida
que fábricas como BMW, por estar em ascensão, Renault e Toyota, por serem estreantes, vão gastar os tubos nos próximos anos.
Mas alguém pode assegurar que
fábricas em momento descendente, como a Mercedes, ou carentes
de resultados, como a Honda, não
estão refazendo as contas? A Ford
não foi obrigada a desmentir recentemente que não estava cortando custos em seu programa de
competição? E por que tal boato
surgiu? A resposta, óbvio, está na
pista, nos resultados obtidos.
Nesses e em outros casos, a
equação é direta, já que a quantidade de imagem que se perde ou
se ganha é da própria marca, estampada na carenagem do carro.
A equação da Fiat é inversa: sua
escuderia vence, faz tremendo sucesso, mas quanto ela, montadora, vendedora de veículos, lucra?
Em tese, pelo menos não perde.
Não sou crítico à presença das
montadoras. Acho até que o
Mundial será mais disputado a
partir de agora. Temo apenas o
momento em que os executivos
perceberem que, no pódio, existe
apenas um posto mais alto.
F-Renault
Dizem que a festejada versão brasileira da F-Renault, capitaneada
por Pedro Paulo Diniz, enfrenta algumas dificuldades antes mesmo de estrear. O problema, parece, está nos custos da competição,
bem superiores aos da falecida F-Chevrolet. Está difícil encontrar
moleques, e pais de moleques, para bancar a brincadeira.
F-3000
A segunda edição da etapa brasileira da categoria, preliminar ao
GP Brasil e que é bancada pela Petrobras, também encontra dificuldades -está em estudo a possibilidade de colocar apenas um
carro por time na pista. A organização do evento nega.
Cart
Dizem que a Record, por causa do futebol, vai padronizar o horário da Indy. Todas as provas seriam transmitidas às 18h. Pode não
ser o ideal, mas a atitude é louvável. Resta saber se não chega tarde.
E-mail mariante@uol.com.br
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