São Paulo, segunda-feira, 09 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Um time de extremos

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Entra ano, sai ano, e o São Paulo continua sendo um time temível graças a dois jogadores, situados nos extremos do campo: o goleiro Rogério e o artilheiro Luis Fabiano.
Não será exagero dizer que a vitória sobre o América, ontem, se deveu em grande parte aos dois. Rogério Ceni, além de algumas defesas salvadoras no primeiro tempo, jogou em vários momentos como um autêntico líbero, suprindo falhas de sua zaga.
Tudo isso sem falar nas duas faltas que bateu, uma com muito perigo para o gol americano.
Já Luis Fabiano, mesmo recebendo poucas bolas "redondas" e tendo como companheiro um Grafite em tarde pouco inspirada, mostrou toda a sua implacável competência nos dois gols que fez.
No primeiro, depois de receber um passe preciso de Fábio Simplício, o artilheiro repetiu uma de suas jogadas características: fintou o goleiro com um toque seco e chutou firme de esquerda, quase sem ângulo.
No segundo, driblou o zagueiro para dentro e, entre dois adversários, chutou de bico no canto, aproveitando a única fração de segundo que lhe restava. Um gol à la Ronaldo contra a Turquia.
Claro que o São Paulo não é só Rogério e Luis Fabiano. Tem outros bons jogadores e um treinador esperto. Mas ainda precisa engrenar para se tornar um conjunto forte.
Por enquanto, o time tricolor precisa se fiar em suas duas estrelas guias para ser um forte candidato ao título.

Quem achava, como eu, que o clássico Corinthians x Portuguesa seria feio se enganou. Não foi feio, foi horrível.
No primeiro tempo ainda havia o forte calor como desculpa para a falta de velocidade e de imaginação das duas equipes. No segundo, ficou evidente que o que faltava mesmo era futebol.
Nos 45 minutos finais (mais os quatro que o juiz masoquista acrescentou), só houve, a rigor, dois lances dignos de serem vistos: o gol da Lusa e a cabeçada de Rogério que obrigou o goleiro Gléguer a uma defesa espetacular.
Os dois goleiros, aliás, foram os únicos que tiveram uma atuação digna de um clássico.
No mais, o jogo foi de uma aridez espantosa. Passes errados, jogadores correndo com a bola de cabeça baixa até trombar no adversário, zagueiros dando chutões para cima. Nada que se parecesse com organização e criatividade.
Até o Rincón, que elogiei aqui por ter dado alguma estabilidade ao meio-campo alvinegro, deixou muito a desejar. Além de ter sido facilmente driblado por Luciano Souza no lance do gol luso, falhou bisonhamente poucos minutos depois ao tentar cortar um passe com o calcanhar.
Não foi por acaso que pouco mais de 5.000 pessoas pagaram ingresso para ver o clássico no Morumbi. Quem, a não ser por absoluto fanatismo, iria querer gastar R$ 20 (só de ingresso) para ver uma coisa dessas?
Para ver um futebol desses, R$ 5 já seria muito.

Dia do caçador
Uma semana depois da espetacular vitória de virada contra o Fluminense, o Flamengo mostra toda a sua inconstância, perdendo pelo mesmo placar (4 a 3) para o modesto América. Com isso, adiou a classificação para a semifinal da Taça Guanabara e esfriou o entusiasmo de sua torcida, que já sonhava com a volta dos tempos áureos da equipe.

Reis da Espanha
Foi um fim de semana brasileiro no Campeonato Espanhol. O Real Madrid, mais líder do que nunca, venceu o Malaga com gols de Ronaldo e Roberto Carlos (uma bomba indefensável), e o Barcelona passou pelo Osasuña graças a um golaço de Ronaldinho, que interceptou um chute de Davids e arrematou de virada.

E-mail: jgcouto@uol.com.br



Texto Anterior: Automobilismo: F-1 fecha última vaga e celebra era Schumacher
Próximo Texto: Tênis: Guga volta ao saibro e mira fim de jejum
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.