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FUTEBOL
Um time de extremos
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Entra ano, sai ano, e o São
Paulo continua sendo um time temível graças a dois jogadores, situados nos extremos do campo: o goleiro Rogério e o artilheiro Luis Fabiano.
Não será exagero dizer que a vitória sobre o América, ontem, se
deveu em grande parte aos dois.
Rogério Ceni, além de algumas
defesas salvadoras no primeiro
tempo, jogou em vários momentos como um autêntico líbero, suprindo falhas de sua zaga.
Tudo isso sem falar nas duas
faltas que bateu, uma com muito
perigo para o gol americano.
Já Luis Fabiano, mesmo recebendo poucas bolas "redondas" e
tendo como companheiro um
Grafite em tarde pouco inspirada,
mostrou toda a sua implacável
competência nos dois gols que fez.
No primeiro, depois de receber
um passe preciso de Fábio Simplício, o artilheiro repetiu uma de
suas jogadas características: fintou o goleiro com um toque seco e
chutou firme de esquerda, quase
sem ângulo.
No segundo, driblou o zagueiro
para dentro e, entre dois adversários, chutou de bico no canto,
aproveitando a única fração de
segundo que lhe restava. Um gol à
la Ronaldo contra a Turquia.
Claro que o São Paulo não é só
Rogério e Luis Fabiano. Tem outros bons jogadores e um treinador esperto. Mas ainda precisa
engrenar para se tornar um conjunto forte.
Por enquanto, o time tricolor
precisa se fiar em suas duas estrelas guias para ser um forte candidato ao título.
Quem achava, como eu, que o
clássico Corinthians x Portuguesa
seria feio se enganou. Não foi feio,
foi horrível.
No primeiro tempo ainda havia
o forte calor como desculpa para
a falta de velocidade e de imaginação das duas equipes. No segundo, ficou evidente que o que
faltava mesmo era futebol.
Nos 45 minutos finais (mais os
quatro que o juiz masoquista
acrescentou), só houve, a rigor,
dois lances dignos de serem vistos:
o gol da Lusa e a cabeçada de Rogério que obrigou o goleiro Gléguer a uma defesa espetacular.
Os dois goleiros, aliás, foram os
únicos que tiveram uma atuação
digna de um clássico.
No mais, o jogo foi de uma aridez espantosa. Passes errados, jogadores correndo com a bola de
cabeça baixa até trombar no adversário, zagueiros dando chutões
para cima. Nada que se parecesse
com organização e criatividade.
Até o Rincón, que elogiei aqui
por ter dado alguma estabilidade
ao meio-campo alvinegro, deixou
muito a desejar. Além de ter sido
facilmente driblado por Luciano
Souza no lance do gol luso, falhou
bisonhamente poucos minutos
depois ao tentar cortar um passe
com o calcanhar.
Não foi por acaso que pouco
mais de 5.000 pessoas pagaram
ingresso para ver o clássico no
Morumbi. Quem, a não ser por
absoluto fanatismo, iria querer
gastar R$ 20 (só de ingresso) para
ver uma coisa dessas?
Para ver um futebol desses, R$ 5
já seria muito.
Dia do caçador
Uma semana depois da espetacular vitória de virada contra o
Fluminense, o Flamengo mostra toda a sua inconstância, perdendo pelo mesmo placar (4 a 3) para o modesto América.
Com isso, adiou a classificação
para a semifinal da Taça Guanabara e esfriou o entusiasmo
de sua torcida, que já sonhava
com a volta dos tempos áureos
da equipe.
Reis da Espanha
Foi um fim de semana brasileiro no Campeonato Espanhol. O
Real Madrid, mais líder do que
nunca, venceu o Malaga com
gols de Ronaldo e Roberto Carlos (uma bomba indefensável),
e o Barcelona passou pelo Osasuña graças a um golaço de Ronaldinho, que interceptou um chute de Davids e arrematou de
virada.
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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