São Paulo, segunda-feira, 09 de fevereiro de 2009

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

O técnico em formação

ERA A véspera do clássico contra o Palmeiras, em novembro de 2008. Márcio Fernandes atendeu o telefone e falou sobre o duelo contra seu ex-chefe, Vanderlei Luxemburgo, como um fato corriqueiro.
Não era. Vencer seria a senha para o técnico recém-promovido sentar-se à mesa do presidente Marcelo Teixeira para assinar o novo contrato. Depois da entrevista formal terminada, Márcio desabafou: "Com você eu posso falar. Para mim, o jogo é mesmo diferente".
Quatro meses depois, a situação de Márcio Fernandes não mudou muito. Na véspera do clássico do Parque Antártica contra Luxemburgo -digo, contra o Palmeiras- havia quem olhasse com um pouco menos de resistência para Fernandes, por causa da alteração que valeu a vitória sobre o São Caetano, na quinta. Tirou Lúcio Flávio, que atrasava o ritmo santista, pôs Róbson.
Contra o Palmeiras, Lúcio Flávio começou jogando. Não precisava.
Técnico formado, com autonomia, é aquele que põe o dedo na ferida. O Palmeiras é o time mais veloz do Brasil neste início de ano. O Santos, dos que mais cadenciam. Com Lúcio Flávio, tem errado passes em demasia e jogado com lentidão assustadora. Contra o Palmeiras, passe errado significava contra-ataque certo.
Erro maior, no entanto, foi não atentar para o que o Palmeiras tem de melhor -e de pior. No ataque, Luxemburgo escala sempre três homens. Quando os laterais verdes subiam, faziam parceria com os pontas e ficavam em dois contra um lateral do Santos. Willams e Armero, pela esquerda, massacraram Adriano.
Técnico formado, Luxemburgo voltou das férias com fome de ser apontado como o melhor do país. Percebeu que o Santos jogaria com apenas um atacante infiltrado. Por isso, adiantou Edmilson para ser volante, em vez de líbero. Como volante, anulou Lúcio Flávio. No segundo tempo, sem Lúcio Flávio e com dois atacantes, Edmilson precisou ser líbero. O Palmeiras perdeu marcação e posse de bola.
Formiga, Pepe, Geninho, todos sofreram na Vila quando começaram como técnicos. Fernandes também. Ele pode ter certeza de que ainda não terá um jogo comum no próximo clássico contra Luxemburgo. Se chegar lá.

O DRAMA DE SOUZA
Contra a Portuguesa, Souza perdeu tantos gols como normalmente perde. O nervosismo passa a ser outro ingrediente para impedir que deslanche. Mas a questão é que ele é o único jogador do Corinthians sem reserva, pois o investimento da diretoria foi para trazer Ronaldo. E Souza, para ser o reserva.

O MINICARROSSEL
Zé Roberto e Marcelinho Paraíba invertem posições com rapidez. Fábio Luciano joga como líbero e sai como lateral, como no lance do gol de Zé Roberto. O Flamengo roda como o Botafogo de Cuca fazia há dois anos. Se já está jogando bem? Não, ainda não. Mas já é um time dinâmico, como Cuca gosta.

A PRESSÃO
Dunga terá quatro momentos de tensão neste ano que apenas começa. O primeiro é o amistoso contra a Itália, na terça. Mas Ricardo Teixeira costuma dizer que não demite ninguém por amistoso. A seleção também enfrenta o Equador, em Quito, em março. Em junho, joga em Montevidéu e recebe o Paraguai. A terceira casca de banana é a Copa das Confederações, contra Itália, Estados Unidos e Egito. Se passar por tudo isso, comandará o time em Buenos Aires contra a Argentina, em setembro.


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