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FUTEBOL
Teen que decidiu o Rio-São Paulo com dois gols enfrenta crise de identidade em meio à sua chegada ao estrelato
Cacá, herói são-paulino, quer ser Kaka
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Cacá ou Kaka, eis a questão.
Anteontem, um garoto de 18
anos marcou dois belos gols na final do Rio-São Paulo, garantiu
um título inédito na história de
seu clube e passou a ser conhecido
de fato no Brasil inteiro pelo nome de Cacá, contra a sua vontade.
Nas centenas de autógrafos que
o herói são-paulino deu após os 2
a 1 contra o Botafogo, no Morumbi, aparece o nome Kaka. Por que?
""Porque sim", explicou Ricardo
Izecson Santos Leite, o Cacá.
Apontado como o novo Raí, ele
diz ter solicitado à Federação Paulista e ao São Paulo ser chamado
de Kaka (sem acento, mas com
pronúncia idêntica) -na sua camisa, está escrito Cacá. ""Eu pedi
para falarem na federação sobre
isso. Falei também na secretaria
do clube. Mas, se não for possível
trocar o nome, tudo bem", disse.
Como adolescente, o novo ídolo
são-paulino enfrenta crises de
identidade, como a do nome.
Filho de um engenheiro, Bosco,
e de uma professora, Simone, ele
nunca passou dificuldades financeiras, como a maioria dos jogadores de futebol do país.
Chegou a São Paulo com 8 anos
para morar no Morumbi, bairro
nobre da cidade. Pouco tempo
depois, virava sócio do São Paulo
e dava início à sua carreira no esporte. ""Sou são-paulino."
Enquanto vários de seus companheiros moram em alojamentos no Morumbi, ele vive com os
pais em um bom apartamento.
""Não tenho problemas com os
outros jogadores por isso. Costumo ir ao Morumbi para encontrá-los e ir para o treino. Como tenho
meus pais aqui, durmo em casa."
O meia-atacante completou o
segundo grau e quer fazer uma faculdade, fato que lhe diferencia de
muitos atletas brasileiros. ""Se der
tempo, eu pretendo fazer uma faculdade. Pode ser educação física,
que tem mais a ver comigo."
Se nesse sentido seu perfil parece mais com o de Raí e Leonardo,
no que se refere à religião e política ele lembra outro tipo de atleta.
""Sou evangélico. Renascer é a
Igreja que eu frequento. Domingo
eu costumo ir à igreja, mas tem sido mais difícil agora. Sou um
"atleta de Cristo"", disse o jogador,
que agradeceu a Deus pelos gols.
Sobre política, já votou, mas afirma não gostar do assunto.
Em evento da Telesp Celular
ontem, ele apareceu com um elegante terno e sua pulseira com o
nome de Jesus no pulso esquerdo.
Foi o centro das atenções em
meio a várias celebridades.
""Tenho que aprender com isso.
Pegar experiência. Estou com os
pés no chão. Continuo o mesmo.
O que muda são as pessoas."
Após o jogo com o Botafogo anteontem, Cacá teve que ser escoltado até sua casa. Quatro seguranças acompanharam o jogador,
que saiu ovacionado por centenas
de torcedores -na tentativa de se
aproximar do ídolo, quebraram
até o retrovisor de seu carro.
""É uma alegria, mas sei que se
estiver mal vão me criticar. A torcida estava um pouco irritada.
Entrei para tentar mudar o jogo.
Na hora do gol, não sabia para onde correr, mas não chorei. Comemorei em casa, com a família."
Encarnando o bom moço, é
bastante assediado pelas garotas.
""Saio pouco à noite. Não tenho
namorada. Sou supertranquilo",
disse o possível sucessor de Raí.
""As comparações com outros
jogadores eu deixo por parte da
imprensa. O Raí foi um excelente
homem e um grande jogador."
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