São Paulo, domingo, 09 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COPA 2006

Entre os cabeças-de-chave, time é o que mais teve jogos preparatórios e tempo de treinamento para o Mundial

"Irreal", México tenta ser protagonista

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para uma seleção que vive fora da realidade da bola atual, só um resultado fora da sua realidade nas Copas vale na Alemanha.
No México, que nunca passou das quartas-de-final e pode ser o rival brasileiro nas semifinais agora (caso ambos terminem suas chaves na liderança), sobram jogos preparatórios e tempo para treinar. Entre o início de 2003 e a abertura do próximo Mundial e hoje, o time fez 63 jogos reconhecidos pela Fifa, ou 16 a mais que a seleção brasileira, famosa pelo seu calendário bastante inchado.
Até a estréia na Alemanha, o time tricolor ainda vai fazer três ou quatro amistosos -a CBF só acertou um jogo para o time de Carlos Alberto Parreira.
E só isso não basta.
O México já convocou os jogadores para a Copa -foram chamados 26, e três serão cortados. Os treinos começam já nesta semana, ou mais do que um mês antes das grandes seleções européias e sul-americanas.
O país é beneficiado por ter o grosso de seus selecionáveis jogando em casa -só quatro dos convocados atuam fora.
E os cartolas mexicanos pouco ligam para os clubes do país. Em plena disputa da Libertadores, o Chivas, que bateu o São Paulo duas vezes na competição, vai ceder seis atletas para a seleção, incluindo o goleiro Sánchez, uma das estrelas da seleção.
O técnico Ricardo Lavolpe desta vez até teve material humano suficiente para esnobar. O atacante Cuauhtémoc Blanco, ídolo mexicano, não foi chamado.
Não faltaram partidas oficiais -as eliminatórias da Concacaf são as mais longas do planeta- e adversários de qualidade. Desde 2003, o México enfrentou o Brasil três vezes e a Argentina em quatro oportunidades. O time ainda fez duelos com Alemanha, Suécia e Paraguai, times que também vão estar no Mundial desta ano.
E, de tanto jogar e treinar, o México passou de eterno saco de pancadas do Brasil a asa negra.
Seja nos garotos sub-17, com times olímpicos ou com os times principais, os mexicanos bateram os brasileiros nos últimos anos.
Pelas estatísticas da CBF, o México havia jogado 18 vezes contra o Brasil até 1995. Nesses confrontos, aconteceram apenas dois triunfos do selecionado mexicano. Desde então, foram 12 partidas com o Brasil representado por formações adultas, com quatro vitórias mexicanas.
O time verde e amarelo ainda foi batido na final da Copa Ouro de 2003, quando enviou para a disputa um estrelado time sub-23. No ano passado o estrago foi pior. Na decisão do Mundial sub-17, o México ganhou fácil do Brasil.
"O México é um rival muito perigoso. A evolução deles é evidente", reconhece Parreira, que também já sentiu a força mexicana. No ano passado, na aclamada campanha que seu time fez na Copa das Confederações, a única derrota na competição foi contra o hoje temido México. E foi nesse torneio que Lavolpe disse ter achado a forma ideal de jogar.
"Na Copa das Confederações, tomei a decisão de como quero meu time jogando, de como vou enfrentar meus rivais e que time levarei a campo. Ele precisa ser dinâmico, com equilíbrio defensivo e ofensivo. Por isso, quero jogadores que possam jogar de área à área."
Na ocasião, depois de ganhar do Brasil, Lavolpe não teve temor em apontar qual foi o caminho da vitória. "Aproveitamos os espaços deixados pelos avanços de Cicinho [que substituía Cafu]."


Texto Anterior: Futebol: Sport depende de empate para vencer Pernambucano
Próximo Texto: O Personagem: Treinador adota linha dura e corta o individualismo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.