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México não aceita nem partida única
Federação abraça causa de seus clubes na Libertadores e pede até ressarcimento financeiro por cancelamento de jogos
"Isso não é atitude contra dois clubes, é racismo", diz cartola mexicano; ministro Orlando Silva Jr. fez lobby a pedido de clube brasileiro
ADALBERTO LEISTER FILHO
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
Com a alegação de discriminação e até de racismo por causa da epidemia de gripe suína
no país, os clubes mexicanos
Chivas e San Luis se retiraram
ontem da Libertadores. A decisão foi anunciada em entrevista
convocada às pressas pela Federação Mexicana de Futebol.
Justino Compeán, presidente da entidade, criticou a atitude de São Paulo e do uruguaio
Nacional, que pressionaram a
Conmebol (a confederação sul-americana de futebol) para não
precisarem viajar ao país.
"Nacional e São Paulo decidiram não vir ao México. Portanto, comunicamos à Conmebol
que nos retiramos da competição", afirmou o dirigente.
"Não podemos jogá-la porque não está sendo cumprido o
regulamento. Jogando uma
partida só, como visitante, não
há "fair play'", acrescentou.
Eduardo del Villar, presidente do San Luis, em entrevista à
Fox, sugeriu que houve preconceito, por parte de Brasil e Uruguai, em relação aos times mexicanos. "Isso não é uma atitude contra o Chivas ou o San
Luis, isso é contra o futebol mexicano. Mostra racismo."
A decisão ocorre poucos dias
após o governo mexicano ter liberado o retorno do público aos
estádios. Para isso, algumas
medidas sanitárias foram adotadas. Os clubes só poderão
preencher 50% da capacidade
do estádio, e os torcedores usarão máscaras e gel antisséptico.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por sua vez, seguindo diretiva da Organização
Mundial da Saúde, não recomenda fechamento de fronteira ou proíbe viagens ao México.
Para tentar solucionar o problema, dirigentes de Equador,
Chile e Colômbia ofereceram
seus países para abrigar os jogos. Autoridades de saúde dos
dois últimos, porém, proibiram
que a oferta fosse concretizada.
O Coritiba sugeriu ao Chivas
jogar em Curitiba, porém os
mexicanos não concordaram.
Para não ir ao México, o São
Paulo acionou até o Ministério
do Esporte. O ministro Orlando Silva Jr. telefonou ao presidente da Conmebol, Nicolás
Leoz, que lhe disse que o time
brasileiro não precisaria viajar.
Titubeante, a Conmebol
anunciou ontem, após a desistência mexicana, a realização
de só um jogo, com Chivas e
San Luis tendo de atuar fora.
As partidas estão marcadas
para o dia 20. Caso os mexicanos não compareçam, perderão
por W.O. e serão punidos.
Questionada, a federação mexicana respondeu que manteria a
decisão de retirar seus clubes.
A entidade, além disso, quer
que Chivas e San Luis sejam remunerados pelo fato de terem
de deixar a Libertadores precocemente. "Vamos pedir ressarcimento econômico e esportivo
às equipes", disse Compeán.
O dirigente acrescentou que
o abandono da competição não
irá ferir as "boas relações" entre sua federação e a Conmebol.
Os times mexicanos foram
aceitos na Libertadores em
1998. Nesse período, apesar de
constantes reclamações contra
a arbitragem, que favoreceria
os rivais sul-americanos, conseguiram chegar à final uma
vez, em 2001, com o Cruz Azul.
Com o anúncio da saída dos
mexicanos, São Paulo e Nacional devem seguir diretamente
para as quartas de final da competição. O time paulista pode
enfrentar o Cruzeiro, que venceu seu adversário, a Universidad de Chile, na partida de ida,
fora de casa, por 2 a 1.
O Nacional aguarda o vencedor de Sport x Palmeiras, quarta que vem, na Ilha do Retiro.
Com agências internacionais
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