São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

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México não aceita nem partida única

Federação abraça causa de seus clubes na Libertadores e pede até ressarcimento financeiro por cancelamento de jogos

"Isso não é atitude contra dois clubes, é racismo", diz cartola mexicano; ministro Orlando Silva Jr. fez lobby a pedido de clube brasileiro


ADALBERTO LEISTER FILHO
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC

Com a alegação de discriminação e até de racismo por causa da epidemia de gripe suína no país, os clubes mexicanos Chivas e San Luis se retiraram ontem da Libertadores. A decisão foi anunciada em entrevista convocada às pressas pela Federação Mexicana de Futebol.
Justino Compeán, presidente da entidade, criticou a atitude de São Paulo e do uruguaio Nacional, que pressionaram a Conmebol (a confederação sul-americana de futebol) para não precisarem viajar ao país.
"Nacional e São Paulo decidiram não vir ao México. Portanto, comunicamos à Conmebol que nos retiramos da competição", afirmou o dirigente.
"Não podemos jogá-la porque não está sendo cumprido o regulamento. Jogando uma partida só, como visitante, não há "fair play'", acrescentou.
Eduardo del Villar, presidente do San Luis, em entrevista à Fox, sugeriu que houve preconceito, por parte de Brasil e Uruguai, em relação aos times mexicanos. "Isso não é uma atitude contra o Chivas ou o San Luis, isso é contra o futebol mexicano. Mostra racismo."
A decisão ocorre poucos dias após o governo mexicano ter liberado o retorno do público aos estádios. Para isso, algumas medidas sanitárias foram adotadas. Os clubes só poderão preencher 50% da capacidade do estádio, e os torcedores usarão máscaras e gel antisséptico.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por sua vez, seguindo diretiva da Organização Mundial da Saúde, não recomenda fechamento de fronteira ou proíbe viagens ao México.
Para tentar solucionar o problema, dirigentes de Equador, Chile e Colômbia ofereceram seus países para abrigar os jogos. Autoridades de saúde dos dois últimos, porém, proibiram que a oferta fosse concretizada.
O Coritiba sugeriu ao Chivas jogar em Curitiba, porém os mexicanos não concordaram.
Para não ir ao México, o São Paulo acionou até o Ministério do Esporte. O ministro Orlando Silva Jr. telefonou ao presidente da Conmebol, Nicolás Leoz, que lhe disse que o time brasileiro não precisaria viajar.
Titubeante, a Conmebol anunciou ontem, após a desistência mexicana, a realização de só um jogo, com Chivas e San Luis tendo de atuar fora.
As partidas estão marcadas para o dia 20. Caso os mexicanos não compareçam, perderão por W.O. e serão punidos. Questionada, a federação mexicana respondeu que manteria a decisão de retirar seus clubes.
A entidade, além disso, quer que Chivas e San Luis sejam remunerados pelo fato de terem de deixar a Libertadores precocemente. "Vamos pedir ressarcimento econômico e esportivo às equipes", disse Compeán.
O dirigente acrescentou que o abandono da competição não irá ferir as "boas relações" entre sua federação e a Conmebol.
Os times mexicanos foram aceitos na Libertadores em 1998. Nesse período, apesar de constantes reclamações contra a arbitragem, que favoreceria os rivais sul-americanos, conseguiram chegar à final uma vez, em 2001, com o Cruz Azul.
Com o anúncio da saída dos mexicanos, São Paulo e Nacional devem seguir diretamente para as quartas de final da competição. O time paulista pode enfrentar o Cruzeiro, que venceu seu adversário, a Universidad de Chile, na partida de ida, fora de casa, por 2 a 1.
O Nacional aguarda o vencedor de Sport x Palmeiras, quarta que vem, na Ilha do Retiro.


Com agências internacionais


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