São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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BOXE

Pá de cal

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

""O grande dia pelo qual a "The Ring" e milhões de fãs há muito tempo esperavam chegou. O CMB está morto, por conta de sua malandragem e da decisão da Justiça dos EUA de que deve pagar US$ 31 milhões de indenização a Graciano Rocchigiani por entender que a entidade tomou injustamente do alemão seu cinturão dos meios-pesados.
De toda forma, a minha alegria pelo fim desse parasitário bando de canalhas foi diminuída por uma infeliz declaração do campeão dos meios-pesados Antonio Tarver, na qual ele elogia o CMB e oferece a Rocchigiani uma oportunidade de este desafiá-lo pelo seu título se "esse modesto gesto de minha parte ajudar a reviver o verde-e-dourado do cinturão que visto com orgulho e dignidade".
Se Tarver quer enfrentar alguém que perdeu cinco de seus últimos nove combates e que não pisa no ringue desde que perdeu por pontos para Thomas Ulrich em maio de 2003, ele tem o direito de fazê-lo. Mas uma luta tão desigual não trará de volta o CMB, cujo presidente, Jose Sulaiman, instrui seu conselho legal a iniciar seu procedimento de liquidação.
Acho que entendo o que passa pela cabeça de Tarver: ele cresceu assistindo a seus pugilistas favoritos com o cinturão do CMB e provavelmente sonhava com o dia no qual poderia imitar seus ídolos. Além disso, como ele reconhece, Tarver ficou agradecido pelo fato de o CMB ter ordenado uma revanche após sua primeira luta.
Mas aparentemente Tarver não conta com bom senso de história e tampouco consegue enxergar em perspectiva. O que o faz pensar que o CMB não o passaria para trás como fez com Rocchigiani?
Não que o caso de Rocchigiani tenha sido o primeiro em que o CMB prejudicou o esporte. Sulaiman e seus comparsas têm prejudicado a "doce ciência" há décadas. Lembra-se de quando Sulaiman inicialmente se recusara a reconhecer "Buster" Douglas como campeão dos pesados após ele ter nocauteado Mike Tyson?
Não temos espaço para listar cada irregularidade do CMB.
(...)
E é tudo parte do que Tarver chama de longa e honorável história do CMB. Dêem um tempo!
Aprecio o fato de muitos campeões do CMB ficarem sem cinturões, mas, em primeiro lugar, muitos deles não eram verdadeiros campeões. Aqueles que são campeões, como Vitali Klitschko, Bernard Hopkins, Winky Wright, Cory Spinks, Kostya Tszyu, Jose Luis Castillo e Tarver, não têm com que se preocupar. Eles têm o cinturão da "The Ring" -o que não os torna imunes às ações das entidades alfabéticas-, com o benefício de que não cobramos taxas e milhares de dólares/ano.
(...)
Sejam inteligentes. É um novo dia para o boxe. Se não aproveitarem essa oportunidade, Tarver, um genuíno bom rapaz, e o resto da indústria do boxe terão apenas a si mesmos para culpar quando acabarem em uma situação daquelas que o CMB havia se acostumado a perpetrar."
É com esse editorial, encaminhado a esta coluna, que a ""The Ring" quer, em sua próxima edição, jogar a pá de cal no CMB.

Popó
O brasileiro participou recentemente de entrevista coletiva nos EUA para promover sua luta de 7 de agosto com Diego ""Chico" Corrales. ""Ele é um pegador duro, boxeia bem e é um excelente contragolpeador, mas sou ainda melhor nos contragolpes e muito mais veloz. Estou pronto para ele. Se eu o atingir em cheio, a luta acabará.
Corrales é mais alto do que eu [Corrales mede 1,78 m; o brasileiro, 1,68 m], mas isso não me preocupa, pois já derrotei adversários mais altos. Não estudei teipes dele. Não costumo assistir a teipes, pois os lutadores mudam de luta para luta. Corrales enfrentou Joel Casamayor, e Casamayor é um lutador sujo e canhoto, não adiantaria nada para mim assistir ao vídeo de sua luta. Esse é o combate mais importante de minha carreira. Se vencer, posso me concentrar em uma luta com Floyd Mayweather, a quem tenho desafiado nos últimos três anos."

E-mail: eohata@folhasp.com.br


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