São Paulo, sexta-feira, 09 de agosto de 2002

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FUTEBOL

Sem acervo e com obras inacabadas, local está fechado há quatro meses

Museu Mané Garrincha é "esquecido" no Maracanã

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Inaugurado para ser o principal centro da memória do futebol brasileiro, o Museu Internacional Mané Garrincha está fechado há cerca de quatro meses no estádio do Maracanã (zona norte do Rio).
Sem acervo e com as obras inacabadas, o presidente da Suderj (Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro), Asfilófio de Oliveira Filho, decidiu proibir a visitação ao museu logo depois de assumir a administração do estádio, no início de abril.
"A idéia é ótima, mas não poderia manter aberto um espaço sem conforto e segurança para o visitante", declarou Oliveira Filho.
"Para ter uma idéia, o único acervo que temos é sobre a vida do Garrincha porque ele já existia dentro do estádio. O acesso também é impossível", acrescentou.
Para o visitante chegar ao museu, ele seria obrigado a passar por um dos canteiros de obras montados na reforma do estádio.
O museu, construído debaixo da arquibancada do estádio, foi montado às pressas, segundo Oliveira Filho. De acordo com o presidente da Suderj, a obra foi realizada em menos de 70 dias e acabou custando cerca de R$ 4 milhões aos cofres da entidade.
A inauguração contou com a presença do então governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB).
O evento foi realizado em 3 de abril, dois dias antes de Garotinho renunciar ao governo do Rio para concorrer à eleição presidencial.
"Isso é mais uma obra inaugurada inacabada que herdamos da gestão passada", afirmou o presidente da Suderj.
A construção do museu era um dos principais pontos da reforma do estádio, iniciada pelo governo Garotinho em 1999.
Na época, o governador anunciou que seriam gastos cerca de R$ 50 milhões para modernizar todo o complexo esportivo do Maracanã (estádio, ginásio do Maracanãzinho, pista de atletismo e parque aquático).
O então ministro Rafael Greca (Esporte e Turismo) disse que o governo federal daria cerca de R$ 15 milhões para ajudar no projeto.
O museu era uma aposta do governo estadual para ser um dos atrativos turísticos da cidade.
Durante o ano passado, o escritório americano de design Ralph Appelbaum, um dos mais prestigiados internacionalmente, chegou a acertar com o governo do Rio a realização de um projeto para o museu. A proposta foi abortada por causa do alto custo.
O fechamento do museu é uma decepção para os visitantes.
"Queria conhecer o museu, mas é impossível chegar lá por causa das obras. Apesar da alegria de conhecer o gramado e os vestiários, fiquei um pouco decepcionado", declarou o engenheiro paulista Carlos Miranda de Lima, 43.
"Soube que o estádio havia ganho um museu supermoderno e queria conhecê-lo. Cheguei aqui e só vi máquinas", disse o ecologista paraense Rui de Almeida, 38.
Oliveira Filho afirmou que sua intenção é reabrir o museu até o final deste ano. "Estamos concluindo as obras para deixar tudo pronto até setembro", afirmou o presidente da Suderj.


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