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São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2003

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MOTOR

Corrida

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

A despeito dos problemas, o Pan de Santo Domingo produziu na noite de anteontem uma bela disputa, daquelas que não se vê com muita frequência no esporte, seja ele qual for.
A última volta dos 10.000 m foi uma corrida em todos os sentidos. O atleta brasileiro, na ponta, forçou o ritmo em pelo menos três oportunidades. O rival mexicano respondeu com vigor a todas elas.
Na última curva, o processo se inverteu. O mexicano, por fora, foi letal. Acelerou, superou o brasileiro e cruzou a linha de chegada com um corpo de vantagem, como se tivesse contado passada por passada para saber exatamente o momento de ultrapassar.
É esse tipo de disputa que outro público, o da F-1, espera agora de Juan Pablo Montoya. Corrida a corrida, ponto a ponto, contra o adversário maior, Michael Schumacher. A vitória em Hockenheim e a punição de Ralf habilitaram o colombiano ao título. A retidão esportiva da Williams, decantada, mas também lamentada, tem agora excelente argumento para quebrar a tradição e transformar seu primeiro piloto afetivo em um de fato e de direito. Montoya é favorito?
É, mas tanto quanto Schumacher, que teve um azar danado na Alemanha, pelo pneu furado (pobre Bridgestone) e pelo acidente de Barrichello. O brasileiro novamente estava melhor que o companheiro. Talvez não tivesse forças para a vitória, mas poderia, no mínimo, conturbar a corrida de cruzeiro de Montoya.
Schumacher e a Ferrari estão além do limite. A ultrapassagem sobre Trulli, com manobra para além da pista, foi um risco -Coulthard, curiosamente, seguiu a receita voltas mais tarde.
Pneu é o maior dos problemas, mas não o único. O consumo da GA é alto demais para o sistema de classificação deste ano, o carro tem problemas de aderência na frente, como o da Williams, inventora da asa de aço. A Ferrari, quem diria, foi pega de surpresa. Contava com um passeio, enfrenta uma verdadeira aventura.
E por que Montoya, então, não é a aposta? Porque ele é Montoya, porque o adversário é Schumacher e porque a nova pontuação trabalha agora para a Ferrari.
No momento, é esse último item que não deixa a casa de Maranel-lo afundar, bóia que fez Raikkonen se manter na superfície por tanto tempo no primeiro semestre. O náufrago, agora, é Schumacher, com a diferença que a Ferrari terá um carro novo, certamente bem melhor, a partir de Monza, o que a McLaren ainda não conseguiu fazer nesta temporada.
Não bastasse essa complexa disputa desenvolvimento x tempo, um tanto lateral para boa parte dos torcedores, é cada vez maior a chance de acontecer uma corrida de verdade entre Montoya e Schumacher, duelo que a F-1 ensaia desde aquela arrojada ultrapassagem no S do Senna.
Essa é a expectativa, embate franco entre dois competidores, algo que há anos não se vê na categoria e que, na última vez, em 1997, deixou o alemão com a terrível fama de mau perdedor.
Como no atletismo, o sino dobrou, é a última volta, dois disputam à frente. Corrida é corrida.

Pressão
A Williams continua quieta, mas executivos da BMW já frisaram: Ralf terá que ajudar Montoya na disputa contra o irmão. Ontem, foi a vez de o alemão falar. Disse que, apesar do "coração talvez querer uma vitória de Michael", trabalhará para seu time ser campeão.

Dia dos filhos
Acontece amanhã, em Zandvoort, o tradicional Marlboro Masters, duelo entre pilotos dos principais campeonatos europeus de F-3. É a chance de Nelsinho -que já foi prestigiado até por Ecclestone na Inglaterra- confirmar as pretensões de chegar logo à F-1. Sinal dos tempos, não será o único pequeno príncipe na pista holandesa. Além do filho de Nelson, estarão lá Nico Rosberg, filho de Keke, Stefano Fabi, filho de Teo, e Markus Winkelhock, filho de Manfred. Haja pai.

E-mail mariante@uol.com.br


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