São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2004

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VÔLEI

O grande desafio

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Chegou a hora. Sábado, o vôlei feminino brasileiro estréia contra o Japão. Domingo, diante da Austrália, será a vez do masculino. Pela primeira vez, o Brasil disputa os Jogos Olímpicos com duas seleções favoritas ao ouro. O desafio e o enigma são como a turma vai lidar com a pressão de todo esse favoritismo.
A seleção feminina mostrou alguns altos e baixos, mas chegou ao título do Grand Prix, o último torneio antes de Atenas. O certo é que, se as três ponteiras Virna, Érika e Mari estiveram bem, é mais do que meio caminho para a vitória. A única derrota no Grand Prix, contra Cuba, foi em um mau dia de Virna.
Na primeira fase, o Brasil terá só um adversário que pode dar mais trabalho: a Itália. Os outros jogos serão contra Japão, Quênia, Grécia e Coréia do Sul. O problema é o confronto das quartas-de-final, que tem perigo duplo: é eliminatório e o rival deverá ser China, EUA, Rússia ou Cuba.
Você sabe: qualquer uma dessas seleções é pedreira e o jogo promete ser o mais tenso do torneio. A Rússia, que não foi à fase final do Grand Prix, ganhou reforços. Em Atenas, terá Artamonova, Tichtchenko e Sokolova, três atacantes da pesada. Na China, a novidade é a volta da central Ruirui Zhao.
As americanas estão com um time muito eficiente na defesa e poderoso no ataque, com Logan Tom e a gigante Haneef, de 2,00 m. Já Cuba passou por uma fase de renovação, mas acabou se acertando para a Olimpíada. As armas da equipe são um saque poderoso e uma atacante espetacular, Yumilka Ruiz.
Difícil escolher um rival entre esses quatro times. Cuba, que teoricamente seria a mais "fraquinha", foi a única que venceu o Brasil no Grand Prix. Aposto em ouro brasileiro, mas qualquer uma dessas seleções, em um dia inspirado, tem condições de fazer uma surpresinha desagradável.
No masculino, os rivais mais temidos estão na primeira fase: Itália, Rússia e EUA. Como quatro das seis seleções avançam, o time pode até perder dois jogos. Só não pode ficar em quarto lugar para evitar o confronto com os sérvios, candidatos à liderança do outro grupo, nas quartas-de-final.
Não há dúvidas: o Brasil tem hoje o melhor time do mundo. Nenhuma outra seleção tem tantas variações de jogadas e um levantador como Ricardinho. Se ele jogar com o passe na mão, fica difícil parar a equipe. O único obstáculo pode ser físico: Nalbert, Giovane, Rodrigão e Giba estão vindo de lesões recentes.
O grande mistério de Atenas é como estará a Rússia, que neste ano ficou fora da Liga Mundial. O time andou disputando uns amistosos e a maior novidade foi a retorno do gigante Dineikine, de 2,16 m, que está jogando muito. O técnico Bernardinho tem apontado os russos como favoritos à luta do ouro olímpico.
A minha aposta é uma final entre Brasil e Itália, que vai estar poderosa também em Atenas. Mas, se o time brasileiro estiver inteiro fisicamente em quadra, tem tudo para, pela primeira vez na história, obter a tríplice coroa: ser o atual campeão do mundo, da Liga Mundial e olímpico.

Façanha
José Roberto Guimarães pode realizar algo inédito em Atenas. Se o Brasil chegar ao ouro, será o primeiro técnico na história do vôlei a ser campeão no masculino e no feminino. Em 92, ele dirigiu Tande, Maurício, Giovane e cia. no título em Barcelona. Fiel a santa Edwiges e a são Tiago, ele vai hoje a Atenas com os dois santinhos na mala.

Os campeões
Já a seleção masculina, que perdeu ontem para a França no último amistoso antes da estréia em Atenas, pode entrar para o seleto grupo de países que já conquistaram mais de um título olímpico. Em dez Olimpíadas, só a então União Soviética (campeã em 64, 68 e 80) e os EUA (84 e 88) conseguiram essa proeza. Japão, Polônia, Brasil, Holanda e a então Iugoslávia têm um título.

E-mail: cidasan@uol.com.br


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