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VÔLEI
O grande desafio
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Chegou a hora. Sábado, o
vôlei feminino brasileiro estréia contra o Japão. Domingo,
diante da Austrália, será a vez do
masculino. Pela primeira vez, o
Brasil disputa os Jogos Olímpicos
com duas seleções favoritas ao
ouro. O desafio e o enigma são como a turma vai lidar com a pressão de todo esse favoritismo.
A seleção feminina mostrou alguns altos e baixos, mas chegou
ao título do Grand Prix, o último
torneio antes de Atenas. O certo é
que, se as três ponteiras Virna,
Érika e Mari estiveram bem, é
mais do que meio caminho para a
vitória. A única derrota no Grand
Prix, contra Cuba, foi em um
mau dia de Virna.
Na primeira fase, o Brasil terá
só um adversário que pode dar
mais trabalho: a Itália. Os outros
jogos serão contra Japão, Quênia,
Grécia e Coréia do Sul. O problema é o confronto das quartas-de-final, que tem perigo duplo: é eliminatório e o rival deverá ser
China, EUA, Rússia ou Cuba.
Você sabe: qualquer uma dessas
seleções é pedreira e o jogo promete ser o mais tenso do torneio. A
Rússia, que não foi à fase final do
Grand Prix, ganhou reforços. Em
Atenas, terá Artamonova, Tichtchenko e Sokolova, três atacantes
da pesada. Na China, a novidade
é a volta da central Ruirui Zhao.
As americanas estão com um time muito eficiente na defesa e poderoso no ataque, com Logan
Tom e a gigante Haneef, de 2,00
m. Já Cuba passou por uma fase
de renovação, mas acabou se
acertando para a Olimpíada. As
armas da equipe são um saque
poderoso e uma atacante espetacular, Yumilka Ruiz.
Difícil escolher um rival entre
esses quatro times. Cuba, que teoricamente seria a mais "fraquinha", foi a única que venceu o
Brasil no Grand Prix. Aposto em
ouro brasileiro, mas qualquer
uma dessas seleções, em um dia
inspirado, tem condições de fazer
uma surpresinha desagradável.
No masculino, os rivais mais temidos estão na primeira fase: Itália, Rússia e EUA. Como quatro
das seis seleções avançam, o time
pode até perder dois jogos. Só não
pode ficar em quarto lugar para
evitar o confronto com os sérvios,
candidatos à liderança do outro
grupo, nas quartas-de-final.
Não há dúvidas: o Brasil tem
hoje o melhor time do mundo.
Nenhuma outra seleção tem tantas variações de jogadas e um levantador como Ricardinho. Se ele
jogar com o passe na mão, fica difícil parar a equipe. O único obstáculo pode ser físico: Nalbert,
Giovane, Rodrigão e Giba estão
vindo de lesões recentes.
O grande mistério de Atenas é
como estará a Rússia, que neste
ano ficou fora da Liga Mundial.
O time andou disputando uns
amistosos e a maior novidade foi
a retorno do gigante Dineikine,
de 2,16 m, que está jogando muito. O técnico Bernardinho tem
apontado os russos como favoritos à luta do ouro olímpico.
A minha aposta é uma final entre Brasil e Itália, que vai estar
poderosa também em Atenas.
Mas, se o time brasileiro estiver
inteiro fisicamente em quadra,
tem tudo para, pela primeira vez
na história, obter a tríplice coroa:
ser o atual campeão do mundo,
da Liga Mundial e olímpico.
Façanha
José Roberto Guimarães pode realizar algo inédito em Atenas. Se o
Brasil chegar ao ouro, será o primeiro técnico na história do vôlei a
ser campeão no masculino e no feminino. Em 92, ele dirigiu Tande,
Maurício, Giovane e cia. no título em Barcelona. Fiel a santa Edwiges
e a são Tiago, ele vai hoje a Atenas com os dois santinhos na mala.
Os campeões
Já a seleção masculina, que perdeu ontem para a França no último
amistoso antes da estréia em Atenas, pode entrar para o seleto grupo
de países que já conquistaram mais de um título olímpico. Em dez
Olimpíadas, só a então União Soviética (campeã em 64, 68 e 80) e os
EUA (84 e 88) conseguiram essa proeza. Japão, Polônia, Brasil, Holanda e a então Iugoslávia têm um título.
E-mail: cidasan@uol.com.br
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