São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006

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RÉGIS ANDAKU

A guerra vence o tênis

Em vez de atletas de vários países disputando torneio de primeira linha, outubro terá um branco no calendário

NAQUELA segunda-feira, Lleyton Hewitt, 20, australiano, top ten, colhia os louros do dia anterior. Em Nova York, capital do mundo, entre a caminhada pelas ruas de Manhattan e sessões de autógrafos, participava de entrevistas como maior estrela do tênis mundial. Depois de derrotar Tommy Haas, Andy Roddick, Ievguêni Kafelnikov e Pete Sampras, um após o outro, conquistara seu primeiro Grand Slam, o Aberto dos EUA.
Na mesma segunda, Cecil Mamiit, 25, americano, 110º do ranking, trabalhava sozinho e discretamente sua suada carreira profissional. No litoral da Bahia, periferia do tênis internacional, em meio ao calor asfixiante, procurava alguém para bater bola. Preparava-se para sua estréia no Aberto do Brasil contra o alemão Axel Pretzsch.
Naquela noite, Hewitt voou para sua Austrália. A mesma noite Mamiit passou em um hotel no Brasil. No dia seguinte, uma terça, 11 de setembro, algo além do tênis os uniu no mesmo assunto.
Hewitt detalhava sua véspera e o alívio de ter embarcado em um dos últimos vôos a deixar Nova York antes dos atentados. Mamiit buscava notícias de parentes e tentava adivinhar como seria sua rotina dali para a frente. Naquele momento, há quase cinco anos, a guerra moderna e atual chegava ao tênis profissional.
Desde aquele "susto", o drama real parecia restrito a tenistas israelenses, como Noam Okum, 226º do ranking, que convive com sonhos (pesadelos) relacionados a conflitos armados, guerras, e parece mais feliz ao falar com os pais, por telefone, em Haifa, do que ao conquistar vitórias mundo afora. Nesta semana, porém, o circuito
profissional sofreu um duro golpe -com conseqüências para atletas, organizadores, mídia e fãs. Um torneio feminino de primeira linha, organizado pela WTA e programado para outubro, em Jerusalém, teve de ser cancelado. Motivo: a guerra.
Segundo comunicado oficial, "saúde e segurança de tenistas, torcedores e mídia é da maior importância. E, infelizmente, a situação atual no Oriente Médio não assegura segurança necessária para que o torneio seja disputado".
Assim, o patrocinador, frustrado, retirou seu dinheiro da mesa. A WTA já cancelou todas as reservas que havia feito e os contratos que havia fechado. Nada menos que 88 tenistas de 33 países, que tinham feito a inscrição, procuram outra forma de preencher o calendário.
Em outubro, onde haveria um dos principais torneios de tênis do mundo, não haverá nada. Aliás, provavelmente haverá bombas, morte, destruição, guerra. O torneio, dizem a organização local e a WTA, está garantido no calendário para outubro de 2007. Mas apenas para o caso de a paz e o esporte vencerem a guerra até lá. Algo que parece tão improvável como Mamiit derrotar Hewitt em uma final de Grand Slam.

EM BELO HORIZONTE
O paulista Thiago Alves derrotou o local André Sá por 2 sets a 1 na final do BH Open, torneio da série challenger na capital mineira, no domingo. Com a campanha vitoriosa, Alves subiu para 123º no ranking, seu melhor posto até hoje.

EM JOINVILLE
Ricardo Mello e Thiago Alves são os maiores favoritos ao título do Joinville Tennis Festival, evento da série challenger disputado nesta semana. Os jogos rolam até domingo no Joinville Tênis Clube.

NO RIO DE JANEIRO
O Circuito Unimed realiza nesta semana a sua terceira etapa, nas quadras do Paissandu Atlético Clube. As disputas também vão até domingo, com entrada franca. O circuito ainda tem outras cinco etapas antes do Masters, em São Paulo.


randaku@uol.com.br

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