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RÉGIS ANDAKU
A guerra vence o tênis
Em vez de atletas de vários países disputando torneio de primeira linha, outubro terá um branco no calendário
NAQUELA segunda-feira, Lleyton Hewitt, 20, australiano,
top ten, colhia os louros do
dia anterior. Em Nova York, capital
do mundo, entre a caminhada pelas
ruas de Manhattan e sessões de autógrafos, participava de entrevistas
como maior estrela do tênis mundial. Depois de derrotar Tommy
Haas, Andy Roddick, Ievguêni Kafelnikov e Pete Sampras, um após o
outro, conquistara seu primeiro
Grand Slam, o Aberto dos EUA.
Na mesma segunda, Cecil Mamiit,
25, americano, 110º do ranking, trabalhava sozinho e discretamente
sua suada carreira profissional. No
litoral da Bahia, periferia do tênis internacional, em meio ao calor asfixiante, procurava alguém para bater
bola. Preparava-se para sua estréia
no Aberto do Brasil contra o alemão
Axel Pretzsch.
Naquela noite, Hewitt voou para
sua Austrália. A mesma noite Mamiit passou em um hotel no Brasil.
No dia seguinte, uma terça, 11 de
setembro, algo além do tênis os uniu
no mesmo assunto.
Hewitt detalhava sua véspera e o
alívio de ter embarcado em um dos
últimos vôos a deixar Nova York antes dos atentados. Mamiit buscava
notícias de parentes e tentava adivinhar como seria sua rotina dali para
a frente. Naquele momento, há quase cinco anos, a guerra moderna e
atual chegava ao tênis profissional.
Desde aquele "susto", o drama
real parecia restrito a tenistas israelenses, como Noam Okum, 226º do
ranking, que convive com sonhos
(pesadelos) relacionados a conflitos
armados, guerras, e parece mais feliz
ao falar com os pais, por telefone, em
Haifa, do que ao conquistar vitórias
mundo afora.
Nesta semana, porém, o circuito
profissional sofreu um duro golpe
-com conseqüências para atletas,
organizadores, mídia e fãs. Um torneio feminino de primeira linha, organizado pela WTA e programado
para outubro, em Jerusalém, teve de
ser cancelado. Motivo: a guerra.
Segundo comunicado oficial,
"saúde e segurança de tenistas, torcedores e mídia é da maior importância. E, infelizmente, a situação
atual no Oriente Médio não assegura segurança necessária para que o
torneio seja disputado".
Assim, o patrocinador, frustrado,
retirou seu dinheiro da mesa. A
WTA já cancelou todas as reservas
que havia feito e os contratos que
havia fechado. Nada menos que 88
tenistas de 33 países, que tinham feito a inscrição, procuram outra forma de preencher o calendário.
Em outubro, onde haveria um dos
principais torneios de tênis do mundo, não haverá nada. Aliás, provavelmente haverá bombas, morte, destruição, guerra.
O torneio, dizem a organização local e a WTA, está garantido no calendário para outubro de 2007. Mas
apenas para o caso de a paz e o esporte vencerem a guerra até lá. Algo
que parece tão improvável como
Mamiit derrotar Hewitt em uma final de Grand Slam.
EM BELO HORIZONTE
O paulista Thiago Alves derrotou o
local André Sá por 2 sets a 1 na final
do BH Open, torneio da série challenger na capital mineira, no domingo. Com a campanha vitoriosa,
Alves subiu para 123º no ranking,
seu melhor posto até hoje.
EM JOINVILLE
Ricardo Mello e Thiago Alves são
os maiores favoritos ao título do
Joinville Tennis Festival, evento da
série challenger disputado nesta
semana. Os jogos rolam até domingo no Joinville Tênis Clube.
NO RIO DE JANEIRO
O Circuito Unimed realiza nesta
semana a sua terceira etapa, nas
quadras do Paissandu Atlético Clube. As disputas também vão até domingo, com entrada franca. O circuito ainda tem outras cinco etapas
antes do Masters, em São Paulo.
randaku@uol.com.br
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