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Equipe troca campo por comitê
do enviado a Petrolina (PE)
O ditado que diz que pênalti é
tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube é seguido à risca no sertão pernambucano. Ou quase.
Em Petrolina, uma das principais cidades de Pernambuco, que
faz fronteira com Juazeiro, na Bahia, quem tem o direito de cobrar
as penalidades máximas do Primeiro de Maio é Ronaldo Luís, o
Cancão, 35, presidente do clube.
Manda-chuva, o dirigente controla cada detalhe do time e, quando decide, atua como jogador, fazendo a função de meia-defensivo.
No Campeonato Pernambucano, sempre que quis entrou como
titular. "Não queremos problemas com ele", diz Ambrósio Rodrigues, 38, técnico do time. "O
Ronaldo não joga mal, é meio durão, mas forte na marcação. Como
ele só quer o bem do Primeiro de
Maio, se pedia para jogar ou se
quisesse cobrar um pênalti, eu não
iria negar."
Rebaixado para a Segunda Divisão, a equipe, atração da região até
o início deste ano, tenta voltar, por
conchavos políticos, para a Primeira Divisão de Pernambuco.
"O Ronaldo é assessor de Miguel Arraes (governador do Estado
e candidato à reeleição) e, se ele
ganhar, pode nos ajudar a continuar na primeirona", afirmou.
E, para Ambrósio, motivos para
que o clube siga na série principal
do Estado não faltam. "Aqui é
uma área de pouquíssimas opções
de lazer. O Juazeiro (da cidade
baiana vizinha) disputa o Baiano
e a Terceira Divisão do Brasileiro,
mas todos preferem ver nossos jogos, porque aqui você pode trocar
nota fiscal por ingressos."
De acordo com Ambrósio, moradores de outras cidades, que não
têm times de futebol profissional
para torcer vão para Petrolina torcer pelo Primeiro de Maio.
"Eles fazem supermercado
aqui, pegam a nota fiscal e trocam
por um ingresso. É bom para a cidade e para Pernambuco."
Seja pela esperança de que Arraes ajude o time no futuro, seja
pelo dinheiro -"um emprego
temporário não fal mal a ninguém"-, o fato é que o principal
comitê do governador e de Lula,
candidato à presidência pelo PT,
em Petrolina, é formado preponderantemente por jogadores e
membros da comissão técnica do
Primeiro de Maio.
"Trocamos os treinos pela
campanha política", disse Nivaldo
Souza Lima, 36, o Nivaldão, que
atua como zagueiro pelo clube
pernambucano e trabalha como
segurança da agência da Caixa
Econômica Federal em Petrolina.
"Antes, quando o time estava
em atividade, eu aproveitava o fim
do expediente para ir para o estádio municipal treinar com meus
companheiros. Hoje, enquanto o
estádio está sendo usado por alunos de escolas primárias, nós vamos ao comitê."
(JCA)
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