São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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Empresas cuidam das "Ferraris'

MELCHIADES FILHO
Editor de Esporte

O atrapalhado Lídio Toledo não foi o primeiro médico a diagnosticar as pressões que atormentam os grandes atletas do final de século. Nem o bufão Roberto Carlos foi o primeiro a merecer socorro.
Patrocinadora de Ronaldinho e Roberto Carlos, há pelo menos 15 anos a Nike vem destacando "babás" nos EUA com o objetivo de proteger os seus investimentos.
Howard White pode ser chamado de padrinho desse tipo de profissional. Em 1984, foi escalado para escoltar o jovem Michael Jordan, hoje considerado o melhor jogador de basquete da história.
"É como comprar uma Ferrari. Você vai precisar de um mecânico de confiança e de uma garagem especial para guardá-la", explicou-se White, 48, ao diário "USA Today" no ano passado.
Satisfeito, o megastar credita ao parceiro sua desenvoltura com a mídia e nos negócios (fatura US$ 80 milhões por ano).
Mas a "babá" também cuidou do real patrão. Foi White sabidamente quem persuadiu Jordan a renovar contrato com a Nike, em 1988, quando o jogador cogitava criar sua própria fábrica de tênis.
Outro gigante da indústria esportiva, a Reebok não despreza a estratégia. Em troca de um salário de US$ 8.000 mensais, Henry Gakins, 32, tornou-se a "babá" de Allen Iverson, um dos principais jovens talentos do basquete.
"Allen não teve em quem se espelhar quando crescia. Tento ensinar-lhe responsabilidades. Se eu não estivesse aqui, ele estaria entregue à sorte", discursou Gakins em janeiro de 1997, ao assumir a sombra do polêmico atleta, envolvido em seguidos casos policiais.
Um caso mais curioso envolve Cynthia Cooper, 34, a mais famosa jogadora de basquete dos EUA.
Como parte de seu acordo de patrocínio com a General Motors, maior anunciante do mercado publicitário norte-americano, ela topou "repaginar" a imagem. Sua "babá" deu-lhe aulas de dicção, etiqueta e até de como se vestir.
"A situação não é humilhante. É como se você tivesse ganho um novo pai", disse a atleta à Folha durante sua breve passagem pelas quadras brasileiras, em 1997.
As "babás", porém, não são exclusividade do basquete.
A Nike também está grudada em Tiger Woods, fenômeno do golfe, Ken Griffey Jr., estrela ascendente do beisebol, e Deion Sanders, um dos mais carismáticos jogadores do futebol americano.



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