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Empresas cuidam das "Ferraris'
MELCHIADES FILHO
Editor de Esporte
O atrapalhado Lídio Toledo não
foi o primeiro médico a diagnosticar as pressões que atormentam os
grandes atletas do final de século.
Nem o bufão Roberto Carlos foi o
primeiro a merecer socorro.
Patrocinadora de Ronaldinho e
Roberto Carlos, há pelo menos 15
anos a Nike vem destacando "babás" nos EUA com o objetivo de
proteger os seus investimentos.
Howard White pode ser chamado de padrinho desse tipo de profissional. Em 1984, foi escalado para escoltar o jovem Michael Jordan, hoje considerado o melhor
jogador de basquete da história.
"É como comprar uma Ferrari.
Você vai precisar de um mecânico
de confiança e de uma garagem especial para guardá-la", explicou-se White, 48, ao diário "USA
Today" no ano passado.
Satisfeito, o megastar credita ao
parceiro sua desenvoltura com a
mídia e nos negócios (fatura US$
80 milhões por ano).
Mas a "babá" também cuidou
do real patrão. Foi White sabidamente quem persuadiu Jordan a
renovar contrato com a Nike, em
1988, quando o jogador cogitava
criar sua própria fábrica de tênis.
Outro gigante da indústria esportiva, a Reebok não despreza a
estratégia. Em troca de um salário
de US$ 8.000 mensais, Henry Gakins, 32, tornou-se a "babá" de
Allen Iverson, um dos principais
jovens talentos do basquete.
"Allen não teve em quem se espelhar quando crescia. Tento ensinar-lhe responsabilidades. Se eu
não estivesse aqui, ele estaria entregue à sorte", discursou Gakins
em janeiro de 1997, ao assumir a
sombra do polêmico atleta, envolvido em seguidos casos policiais.
Um caso mais curioso envolve
Cynthia Cooper, 34, a mais famosa
jogadora de basquete dos EUA.
Como parte de seu acordo de patrocínio com a General Motors,
maior anunciante do mercado publicitário norte-americano, ela topou "repaginar" a imagem. Sua
"babá" deu-lhe aulas de dicção,
etiqueta e até de como se vestir.
"A situação não é humilhante. É
como se você tivesse ganho um
novo pai", disse a atleta à Folha
durante sua breve passagem pelas
quadras brasileiras, em 1997.
As "babás", porém, não são exclusividade do basquete.
A Nike também está grudada em
Tiger Woods, fenômeno do golfe,
Ken Griffey Jr., estrela ascendente
do beisebol, e Deion Sanders, um
dos mais carismáticos jogadores
do futebol americano.
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