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Governo subvenciona albergues
DOS ENVIADOS A BRISBANE
Num país em que os realmente
pobres são poucos, quase raros, o
governo australiano encontrou
uma maneira peculiar de enfrentar o problema dos sem-teto.
A fórmula é simples: a União
entra com o dinheiro, e entidades
privadas, normalmente religiosas, fazem o trabalho.
As duas principais instituições
desse tipo são o Exército da Salvação (protestante) e a St. Vincent
de Paul (católica). Ambas mantêm abrigos, programas de emprego, centros de orientação familiar, creches etc.
"O Estado nos atribui essa tarefa
porque sabe que fazemos melhor
e mais barato", resume Mark
Campbell, relações-públicas do
Exército da Salvação em Brisbane,
capital do Estado de Queensland.
"A assistência ao excluído na
Austrália é uma das melhores que
conheço", diz Nikki O" Leary, supervisora de Bem-Estar do 139
Club, albergue diurno que tirou
seu nome do antigo endereço da
entidade, 139 Charlotte Street.
Nikki compareceu recentemente a um encontro internacional na
Tailândia e ficou chocada com a
situação dos "homeless" naquele
país. "A situação dos marginalizados aqui é melhor que a da própria Inglaterra", diz. E acrescenta:
"Na Austrália ninguém morre de
fome", frase repetida à Folha por
diversos sem-teto.
Apesar da autoproclamada eficiência, há algo que essas entidades não conseguem fazer: determinar com precisão o número de
"homeless" do país.
Em Brisbane, por exemplo, levantamento recente apontou a
existência de 300 sem-teto na cidade, a terceira maior da Austrália, com 1,6 milhão de habitantes.
Os especialistas alegam, entretanto, que o número real de desabrigados é bem maior. "Muitos
não querem se reconhecer como
"homeless". Acho que hoje, em
Brisbane, eles são aproximadamente mil", diz Nikki O" Leary.
Independentemente do número exato, tanto os assistentes sociais quanto os sem-teto afirmam
que o maior problema entre as
pessoas que vivem na rua é a dependência de drogas e álcool.
Segundo Nikki O" Leary, 90%
das pessoas que frequentam o 139
Club são alcoólatras ou viciadas
em algum tipo de droga. As mais
usadas, de acordo com a diretora,
são a heroína e as anfetaminas.
"Em vez de alugar um apartamento, muitos deles preferem
usar o dinheiro da assistência social para comprar drogas", diz o
diretor do abrigo masculino Pindari Center, Bruce Robinson.
Além do Pindari Center, o Exército da Salvação mantém também
um alojamento juvenil, que recebe cerca de 12 pessoas por noite, e
um albergue para mulheres e
crianças, com uma média diária
de 30 hóspedes.
A instituição gastou ano passado 110 milhões de dólares australianos (cerca de R$ 113 milhões)
em programas sociais. Segundo
Robinson, 60% dos gastos foram
cobertos pelo governo. O resto foi
pago pela instituição.
(FV e JGC)
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