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VÔLEI
Desafios e armações
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
A renovada seleção brasileira feminina terá o seu
maior desafio nesta quarta-feira
no Mundial da Alemanha. Uma
vitória sobre a China já deixará o
time entre os quatro melhores do
mundo, a mesma posição conquistada pela geração de Ana
Moser, Fernanda, Leila e Virna,
no Mundial do Japão, em 98.
Mas o próximo jogo não será
nada fácil. A China, uma das favoritas ao título, tem sido a pedra
no caminho das brasileiras.
No único confronto entre as
duas seleções na segunda rodada
do Mundial, o Brasil foi derrotado por 3 sets a 1.
Mas, fora das quadras, a rivalidade aumentou depois que a China armou um time com duas titulares e quatro reservas e perdeu
de propósito para a Grécia na primeira fase. O resultado deixou a
equipe no segundo lugar da chave
e no grupo mais fácil na etapa seguinte, com Bulgária, Coréia do
Sul e Porto Rico.
A atitude das chinesas revoltou
as brasileiras, que acabaram ficando em primeiro lugar do grupo e tendo que enfrentar EUA,
Alemanha e Holanda. O certo é
que agora as duas seleções voltam
a se encontrar depois de um resultado também um tanto estranho
da China: uma derrota ontem para a Coréia por 3 a 0.
Se as chinesas tivessem vencido
as coreanas, o que seria a lógica,
enfrentariam a Itália, atual vice
européia e medalha de prata na
Volley Masters, antiga Copa
BCV. E o Brasil teria nas quartas-de-final um jogo mais fácil pela
frente com o time da Bulgária.
Com a derrota, a China parece
que novamente escolheu adversário e também ajudou na classificação da Coréia do Sul, que disputava a última vaga para a próxima etapa com a Holanda.
O certo é que o Mundial da Alemanha levantou uma questão
que merece reflexão: será que é
ético perder de propósito um jogo
para poder cair em uma chave
mais fácil na fase seguinte?
O procedimento da China tem
semelhanças com a armação da
Ferrari no GP da Áustria. O líder
da prova, Rubens Barrichello, seguiu a determinação do time e
permitiu que Michael Schumacher o ultrapassasse na última
volta, na reta de chegada. Tudo
para garantir o título do companheiro Schumacher.
Pelo que parece, a temporada
está marcando definitivamente o
fim do pouco que restava de romantismo no esporte.
O princípio que é preciso entrar
em uma disputa para ganhar, ir
ao limite já não é uma conduta a
ser sempre seguida.
Nesta nova ordem mundial, parece que vale mais a estratégia, e
não a velha tese de ""quem deseja
ser campeão não escolhe adversário". A comissão técnica chinesa,
por exemplo, estudou a tabela e
armou uma derrota para trilhar
um caminho mais suave para a
grande final.
Assim, passa a estar em jogo o
conceito do que é ser campeão
neste novo século. Aquele herói
ou time heróico que consegue superar a todos e chegar ao degrau
mais alto do pódio dá lugar ao
que traça estratégias, foge dos adversários mais temidos e chega ao
título com a honra questionada.
Como fica o torcedor nessa história? Dá para torcer por um time
que perde de propósito? Dá para
respeitar um campeão que aceita
que seu companheiro de equipe
perca a corrida para ajudá-lo? Dá
para considerar um time como o
melhor do mundo se ele evita o
confronto com os grandes rivais?
Italiano
O Macerata, que terá o reforço do ponta Nalbert nesta temporada,
inicia os treinos hoje para o Campeonato Italiano. A equipe está
cheia estrelas. Além do brasileiro Nalbert, conta com mais cinco jogadores de seleção: Gravina, Mastrangelo e Corsano (da Itália); Geric e Miljkovic (da equipe da Iugoslávia). Para completar, o Macerata contratou o levantador Meoni, que era titular da seleção italiana até o ano passado. Os jogadores de seleção só vão se apresentar
em outubro, depois que tiver acabado a disputa do Campeonato
Mundial da Argentina.
Amistosos
A seleção brasileira masculina fará amistosos contra França e Japão antes do Mundial, que tem início no próximo dia 28. Os jogos
deverão ser em São Bernardo ou Guarulhos entre os dias 20 e 24
deste mês. Também de olho no Mundial, a Argentina, do atacante
Marcos Milinkovic, fará nesta semana três amistosos contra Cuba.
E-mail cidasan@uol.com.br
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