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FUTEBOL
Ataques fortes ou defesas furadas?
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Chuva de gols de norte a sul
do país. Um fim de semana
para animar qualquer campeonato nacional.
O que chama a atenção, nessa
festa toda, é a facilidade com que
os clubes ""grandes" de São Paulo
e do Rio têm tomado três ou quatro gols numa partida.
Palmeiras, Corinthians, Flamengo, São Paulo e Fluminense:
todos já entraram na dança.
Isso, para mim, é um sinal evidente de que nenhum deles encontrou ainda (se é que vai encontrar) um bom equilíbrio entre
defesa e ataque.
Independentemente da colocação na tabela, mais equilibrados e
homogêneos, até agora, têm sido
os dois Atléticos (MG e PR), o Juventude e o São Caetano.
Na última rodada, as duas partidas que que assisti inteiras (São
Caetano 3 x 0 São Paulo e Santos
2 x 2 Atlético-PR) mostraram a
consistência do Azulão e do Furacão, os dois finalistas do ano passado que têm grandes chances de
chegar lá de novo.
O São Caetano, aproveitando-se de um momentâneo desajuste
do São Paulo -que ainda não se
acertou depois da entrada de Ricardinho-, impôs seu futebol de
forte marcação e ataque rápido,
agora até potencializado pelas
experiências ousadas de Mário
Sérgio (como a escalação do atacante Wagner na lateral, na
quarta-feira).
Bem marcados, Kaká e Ricardinho acabaram se distanciando
muito um do outro (o primeiro
muito avançado, o segundo recuado demais) e pouco criaram
em conjunto.
O Atlético-PR, por sua vez, jogou a maior parte da partida contra o Santos, na Vila Belmiro,
com um jogador a menos, devido
à expulsão de Douglas Silva.
Mas mal deu para perceber essa
inferioridade numérica, porque o
time paranaense é tão organizado e entrosado que sabe ocupar os
espaços com eficiência.
O ímpeto e a habilidade dos garotos santistas esbarrava no bom
posicionamento e na experiência
dos atleticanos. Parecia um confronto entre juvenis de talento e
verdadeiros profissionais.
Ficou mais claro do que nunca
que um jogador mais maduro
(Robert?) faz falta em campo para organizar as energias dos meninos da Vila.
À parte as lambanças do juiz,
foi um jogo espetacular, com expulsões, gol contra, pênalti perdido, o Santos atacando muito, sobretudo no segundo tempo, e o
Atlético-PR respondendo com as
vertiginosas trocas de passes entre
seus meias e atacantes.
O Palmeiras, antes do Brasileirão, era um time com excesso de
volantes. Hoje, sente falta deles,
depois que Wanderley Luxemburgo ""limpou" o setor, sem muito critério, e largou a bomba para
os sucessores.
Dos meio-campistas dispensados -todos eles indo bem em
seus novos clubes-, o mais qualificado, sem dúvida, é Claudecir.
Com seu jeito de peladeiro, ele é
na verdade um jogador polivalente ao extremo, como se exige
dos volantes atuais. Marca firme,
sabe tocar, se apresenta no ataque, cabeceia bem.
Além disso, tem uma vitalidade
admirável. No jogo de anteontem, depois de correr o campo inteiro durante 90 minutos, ainda
teve disposição para dar um pique de 40 metros e fazer um belo
gol já nos acréscimos.
Acho que Levir Culpi não iria
achar ruim ter um jogador como
esse à sua disposição.
Gol da rodada
Não vi todos os gols da rodada, mas acho difícil que algum tenha sido mais lindo
que o terceiro de Rodrigo Fabri na goleada do Grêmio sobre o Corinthians. O meia
partiu para cima de Vampeta, aplicou-lhe o que os gaúchos chamam de ""janelinha"
(bola entre as pernas) e encobriu com categoria o grandalhão Doni. Um fecho de ouro
para uma atuação brilhante
desse belo jogador de carreira
tão acidentada.
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