São Paulo, segunda-feira, 09 de setembro de 2002

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FUTEBOL

Ataques fortes ou defesas furadas?

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Chuva de gols de norte a sul do país. Um fim de semana para animar qualquer campeonato nacional.
O que chama a atenção, nessa festa toda, é a facilidade com que os clubes ""grandes" de São Paulo e do Rio têm tomado três ou quatro gols numa partida.
Palmeiras, Corinthians, Flamengo, São Paulo e Fluminense: todos já entraram na dança.
Isso, para mim, é um sinal evidente de que nenhum deles encontrou ainda (se é que vai encontrar) um bom equilíbrio entre defesa e ataque.
Independentemente da colocação na tabela, mais equilibrados e homogêneos, até agora, têm sido os dois Atléticos (MG e PR), o Juventude e o São Caetano.
Na última rodada, as duas partidas que que assisti inteiras (São Caetano 3 x 0 São Paulo e Santos 2 x 2 Atlético-PR) mostraram a consistência do Azulão e do Furacão, os dois finalistas do ano passado que têm grandes chances de chegar lá de novo.
O São Caetano, aproveitando-se de um momentâneo desajuste do São Paulo -que ainda não se acertou depois da entrada de Ricardinho-, impôs seu futebol de forte marcação e ataque rápido, agora até potencializado pelas experiências ousadas de Mário Sérgio (como a escalação do atacante Wagner na lateral, na quarta-feira).
Bem marcados, Kaká e Ricardinho acabaram se distanciando muito um do outro (o primeiro muito avançado, o segundo recuado demais) e pouco criaram em conjunto.
O Atlético-PR, por sua vez, jogou a maior parte da partida contra o Santos, na Vila Belmiro, com um jogador a menos, devido à expulsão de Douglas Silva.
Mas mal deu para perceber essa inferioridade numérica, porque o time paranaense é tão organizado e entrosado que sabe ocupar os espaços com eficiência.
O ímpeto e a habilidade dos garotos santistas esbarrava no bom posicionamento e na experiência dos atleticanos. Parecia um confronto entre juvenis de talento e verdadeiros profissionais.
Ficou mais claro do que nunca que um jogador mais maduro (Robert?) faz falta em campo para organizar as energias dos meninos da Vila.
À parte as lambanças do juiz, foi um jogo espetacular, com expulsões, gol contra, pênalti perdido, o Santos atacando muito, sobretudo no segundo tempo, e o Atlético-PR respondendo com as vertiginosas trocas de passes entre seus meias e atacantes.

O Palmeiras, antes do Brasileirão, era um time com excesso de volantes. Hoje, sente falta deles, depois que Wanderley Luxemburgo ""limpou" o setor, sem muito critério, e largou a bomba para os sucessores.
Dos meio-campistas dispensados -todos eles indo bem em seus novos clubes-, o mais qualificado, sem dúvida, é Claudecir. Com seu jeito de peladeiro, ele é na verdade um jogador polivalente ao extremo, como se exige dos volantes atuais. Marca firme, sabe tocar, se apresenta no ataque, cabeceia bem.
Além disso, tem uma vitalidade admirável. No jogo de anteontem, depois de correr o campo inteiro durante 90 minutos, ainda teve disposição para dar um pique de 40 metros e fazer um belo gol já nos acréscimos.
Acho que Levir Culpi não iria achar ruim ter um jogador como esse à sua disposição.

Gol da rodada
Não vi todos os gols da rodada, mas acho difícil que algum tenha sido mais lindo que o terceiro de Rodrigo Fabri na goleada do Grêmio sobre o Corinthians. O meia partiu para cima de Vampeta, aplicou-lhe o que os gaúchos chamam de ""janelinha" (bola entre as pernas) e encobriu com categoria o grandalhão Doni. Um fecho de ouro para uma atuação brilhante desse belo jogador de carreira tão acidentada.

Brasileirão completo
A revista ""Placar" acaba de colocar nas bancas uma ferramenta preciosa para os pesquisadores e amantes do futebol: uma revista sobre a história do Brasileirão, com informações sobre as finais, a classificação, a artilharia e os ganhadores da ""Bola de Prata" de cada ano. Junto vem um CD-ROM com as fichas técnicas de todos os 11.065 jogos do torneio, de 1971 a 2001. E-mail jgcouto@uol.com.br



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