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São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2003

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FUTEBOL

Peneira de time de entidade, que estréia hoje, envolve várias unidades

Febem arma seleção para disputar a Copa São Paulo

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

A participação de internos da Fundação do Bem-Estar do Menor na Copa São Paulo de juniores do próximo ano. É com esse objetivo em mente que a Febem organiza, pela primeira vez, uma seleção formada por menores infratores de diversas unidades.
A estréia da equipe, ainda em formação, ocorre hoje, às 9h30, no estádio do Pacaembu. O rival no amistoso será a Acadêmicos Diamante, escolinha de futebol da zona leste de São Paulo que tem como padrinho o lateral-direito Zé Maria, do Peruggia, e é dirigida pelo irmão deste, José Djalma.
Um dos menores mais entusiasmados com a partida é o goleiro W.F.S., 17. Ao ser informado ontem pela manhã de que havia obtido a liberdade, pediu para permanecer internado por mais um dia, "para jogar no Pacaembu".
"Estava na fila de espera no Nacional quando fui preso. Aí achei que o futebol havia acabado para mim, foi um grande arrependimento, fiquei doido... Felizmente pude treinar aqui e, quando sair, vou aos clubes, mas, antes, não posso deixar de aproveitar a chance de jogar no Pacaembu."
Apesar da expectativa, a maior parte dos internos não sabia que jogaria hoje. O temor de tentativas de resgates e fugas fez com que os técnicos da Febem mantivessem em segredo a data da partida até a tarde de ontem.
"Fizemos isso porque é a primeira vez que dirigimos um time como esse, com menores vindos de várias unidades e com quem não temos contato diário. O que havia no passado eram equipes que representavam suas unidades, mas nada tão abrangente como agora", diz o treinador Zé Maria, ex-jogador do Corinthians.
Entre hoje e amanhã, ele enviará fax à Federação Paulista de Futebol para solicitar audiência na qual pedirá que a seleção da Febem participe da Copa São Paulo-2004 na condição de convidada. Segundo o técnico, já houve contato extra-oficial com a FPF.
Além de vencer os adversários, a outra missão da seleção, fora dos gramados, é conquistar a confiança da Justiça. Para participar de competições, os internos necessitam de autorização especial para deixar as suas unidades.
Demonstrar disciplina no jogo de hoje é o primeiro passo. "Vamos conseguir. Nos Jogos da Cidade, na partida com o [time] Bresser, eles ficaram provocando a gente e até deram cotovelada. Todos imaginavam que íamos partir para a briga, mas nós é que fomos do "deixa disso", lembra o volante J.P.F., 17, preso por sequestro e que treinava vôlei, mas o trocou pelo futebol na Febem.
O próximo destino da seleção pode ser o Maracanã, no Rio. Trata-se da participação na segunda Olimpíada Socioeducativa pela Paz, competição dirigida a menores infratores. Porém a viagem ainda está pendente -ela depende de uma autorização judicial.


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