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São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2003

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BASQUETE

O panqueca

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Roy Rubin reuniu os jogadores e estalou os dedos, tique que costumava arrancar sorrisos de cumplicidade na (à época) pacata Long Island. "A Terra se move. Ou eu não estaria aqui!"
Seus resultados, um título em 11 anos, eram tão obscuros quanto a universidade onde trabalhara.
Mesmo assim, chamara a atenção da mídia nova-iorquina com um discurso que aliava frases motivacionais a pseudodados da ciência do esporte. Os programas de rádio o adoravam.
"Os tempos pedem mudanças", falou o técnico na primeira reunião. Prometeu oportunidade aos jogadores mais jovens. Anunciou velocidade no ataque e marcação cerrada. Distribuiu cadernos com metas estatísticas. "É hora de experimentarmos o sabor do novo, da vitória. Vamos ganhar!"
Há 30 anos fenecia a revolução predita por Rubin no Philadelphia 76ers, dos mais tradicionais times da NBA. Acompanhe-a a seguir, com dados do arquivo do semanário "Sports Illustrated":
Treinos: O armador Billy Cunningham, astro da equipe, torce o nariz para os "novos tempos" e rescinde o contrato para tentar a sorte em outra liga, a ABA.
Pré-temporada: O time renovado vence quatro dos oito amistosos. O torcedor se anima. "Não há bicho-papão neste campeonato. Vamos imprimir nosso estilo de jogo", vaticina o técnico. Os mais experientes desconfiam, à socapa.
0 vitória, 15 derrotas: O torneio começa, e a molecada não aguenta o tranco. Philadelphia recebe apelido da imprensa: "spa", onde os rivais restabelecem suas forças.
3v, 31d: Durante partida contra o Detroit, Rubin decide substituir John Trapp. O ala, doido para mostrar jogo ao adversário -que esboçara interesse em contratá-lo-, se recusa a sair. Aponta para a arquibancada, onde um amigo discretamente balança um revólver. O técnico mantém os titulares. Para variar, o time perde.
4v, 47d: "Ele não tem nenhuma pista sobre táticas de jogo. Não sabe dar treinos. É um adolescente à frente de uma grande empresa", declara, em entrevista bombástica, o armador Fred Carter, único veterano do time-base, preservado por Rubin para ser a válvula de escape do sistema ofensivo -e cansado das críticas dos jornalistas à sua atuação.
4v, 53d: Os tropeços não param, e Rubin é demitido. Ele se diz incompreendido, reclama que "fortuitos detalhes" não deviam condenar seu trabalho. Como não recebe convites do basquete, nem do circuito escolar, abre uma loja de panquecas na Flórida.
9v, 60d: Sob a batuta do jogador-técnico Kevin Loughery, o Philadelphia embala e triunfa cinco vezes em sete rodadas.
9v, 73d: Sem estrutura de jogo, o time tomba nas últimas 13 partidas da temporada. "É difícil treinar um grupo em apenas quatro semanas", lamenta Loughery, alheio ao fato de que ele, sim, teria longeva carreira de técnico na badalada liga norte-americana.
Lembrei-me ontem da trajetória do Philadelphia de 1972/73, o pior time dos mais de 50 anos de história da NBA. Não sei por quê. Decerto não foi pela terceira década de aniversário. Minha memória não vai tão longe.

Salgado 1
"Ficar de fora da Olimpíada pela segunda vez consecutiva atrapalha o basquete brasileiro?", indagou o site da CBB. O treinador Lula respondeu: "De forma alguma. (...) Isso não tira o brilho dos jogadores e da comissão técnica. Perdemos por causa de pequenos detalhes".

Salgado 2
"Perdemos o jogo nos detalhes", explicou o técnico Antonio Carlos Barbosa ao final do encontro com as espanholas, terceiro revés das brasileiras diante de adversárias credenciadas na excursão à Europa.

Salgado 3
"Preciso conhecer os detalhes", disse Janeth, antes de confirmar sua participação no Pré-Olímpico do México, na semana que vem.

E-mail melk@uol.com.br


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