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BASQUETE
O panqueca
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Roy Rubin reuniu os jogadores e estalou os dedos, tique
que costumava arrancar sorrisos
de cumplicidade na (à época) pacata Long Island. "A Terra se move. Ou eu não estaria aqui!"
Seus resultados, um título em 11
anos, eram tão obscuros quanto a
universidade onde trabalhara.
Mesmo assim, chamara a atenção da mídia nova-iorquina com
um discurso que aliava frases motivacionais a pseudodados da
ciência do esporte. Os programas
de rádio o adoravam.
"Os tempos pedem mudanças",
falou o técnico na primeira reunião. Prometeu oportunidade aos
jogadores mais jovens. Anunciou
velocidade no ataque e marcação
cerrada. Distribuiu cadernos com
metas estatísticas. "É hora de experimentarmos o sabor do novo,
da vitória. Vamos ganhar!"
Há 30 anos fenecia a revolução
predita por Rubin no Philadelphia 76ers, dos mais tradicionais
times da NBA. Acompanhe-a a
seguir, com dados do arquivo do
semanário "Sports Illustrated":
Treinos: O armador Billy Cunningham, astro da equipe, torce o
nariz para os "novos tempos" e
rescinde o contrato para tentar a
sorte em outra liga, a ABA.
Pré-temporada: O time renovado vence quatro dos oito amistosos. O torcedor se anima. "Não há
bicho-papão neste campeonato.
Vamos imprimir nosso estilo de
jogo", vaticina o técnico. Os mais
experientes desconfiam, à socapa.
0 vitória, 15 derrotas: O torneio
começa, e a molecada não aguenta o tranco. Philadelphia recebe
apelido da imprensa: "spa", onde
os rivais restabelecem suas forças.
3v, 31d: Durante partida contra
o Detroit, Rubin decide substituir
John Trapp. O ala, doido para
mostrar jogo ao adversário -que
esboçara interesse em contratá-lo-, se recusa a sair. Aponta para a arquibancada, onde um
amigo discretamente balança um
revólver. O técnico mantém os titulares. Para variar, o time perde.
4v, 47d: "Ele não tem nenhuma
pista sobre táticas de jogo. Não
sabe dar treinos. É um adolescente à frente de uma grande empresa", declara, em entrevista bombástica, o armador Fred Carter,
único veterano do time-base, preservado por Rubin para ser a válvula de escape do sistema ofensivo -e cansado das críticas dos
jornalistas à sua atuação.
4v, 53d: Os tropeços não param,
e Rubin é demitido. Ele se diz incompreendido, reclama que "fortuitos detalhes" não deviam condenar seu trabalho. Como não recebe convites do basquete, nem do
circuito escolar, abre uma loja de
panquecas na Flórida.
9v, 60d: Sob a batuta do jogador-técnico Kevin Loughery, o
Philadelphia embala e triunfa
cinco vezes em sete rodadas.
9v, 73d: Sem estrutura de jogo, o
time tomba nas últimas 13 partidas da temporada. "É difícil treinar um grupo em apenas quatro
semanas", lamenta Loughery,
alheio ao fato de que ele, sim, teria longeva carreira de técnico na
badalada liga norte-americana.
Lembrei-me ontem da trajetória do Philadelphia de 1972/73, o
pior time dos mais de 50 anos de
história da NBA. Não sei por quê.
Decerto não foi pela terceira década de aniversário. Minha memória não vai tão longe.
Salgado 1
"Ficar de fora da Olimpíada pela segunda vez consecutiva atrapalha
o basquete brasileiro?", indagou o site da CBB. O treinador Lula respondeu: "De forma alguma. (...) Isso não tira o brilho dos jogadores e
da comissão técnica. Perdemos por causa de pequenos detalhes".
Salgado 2
"Perdemos o jogo nos detalhes", explicou o técnico Antonio Carlos
Barbosa ao final do encontro com as espanholas, terceiro revés das
brasileiras diante de adversárias credenciadas na excursão à Europa.
Salgado 3
"Preciso conhecer os detalhes", disse Janeth, antes de confirmar sua
participação no Pré-Olímpico do México, na semana que vem.
E-mail melk@uol.com.br
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