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FUTEBOL
Os bailarinos da Vila
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Santos e Atlético-MG se enfrentam hoje na Vila Belmiro.
As duas equipes estão entre as oito mais bem classificadas. O time
dirigido pelo Leão está jogando
um futebol alegre, ousado e envolvente. Os garotos tocam a bola
com velocidade, para a frente e de
forma bem organizada.
O Santos atua com uma linha
de quatro defensores, dois volantes que não se limitam em defender, um armador ofensivo pelo meio (Diego), um meia-atacante
de cada lado (Robinho e Elano)
-avançando e defendendo- e
um centroavante. Robinho é mais
atacante, e Elano ajuda bastante
na marcação. Os laterais participam também do ataque.
É o mesmo desenho tático da
França e do Arsenal, time de Gilberto Silva e de vários jogadores
franceses. Como os volantes do
Santos, Gilberto Silva também
avança. Daí ter feito alguns gols.
As qualidades dos meninos do
Santos se completam. Renato desarma e tem um bom passe. Robinho é muito habilidoso e ousado, mas precisa finalizar melhor. Elano é disciplinado taticamente e movimenta-se muito. Diego é o
mais técnico. Parece um veterano. Dribla, passa, finaliza bem e
tem uma ampla visão de jogo.
O futebol bailarino que o Leão
dissera que queria ver na seleção,
quando assumira o cargo, é esse
do Santos. O grande erro do técnico no comando do time brasileiro
foi seguir a onda de torcedores revoltados e de parte da imprensa,
de que o técnico deveria trocar os
"medalhões estrangeiros", supostamente desinteressados, por jogadores jovens que atuavam no Brasil. Leão convocou vários jogadores medianos para a partida
contra o Peru pelas eliminatórias.
Na Copa das Confederações, teve
poucas opções de escolha.
A solução para a seleção seria
recuperar os craques, e não substituí-los. Foi o que o Felipão fez.
Só assim o Brasil ganharia a Copa.
O Atlético-MG, adversário do
Santos, está atuando melhor fora
do que em casa. Não será surpresa uma vitória do Galo. Mancini,
Marques e o jovem Paulinho são
os destaques da equipe. Falta ao
time um centroavante, pelo menos razoável. As seguidas expulsões também prejudicaram bastante a equipe.
O Atlético é o único dos oito melhores que joga sempre com três
autênticos zagueiros. Na Europa,
quase todas as principais equipes
estão atuando também com uma
linha de quatro defensores. O
grande problema de jogar com
três zagueiros é trocar um armador por um defensor. Frequentemente falta um jogador no meio-campo, onde se iniciam as jogadas, e sobra um zagueiro, sem
função. O time fica com dez.
O sistema defensivo do Brasil
atuou mal até o jogo contra a Bélgica, porque havia poucos jogadores no meio-campo, e não por
causa do mau posicionamento e
da deficiência individual dos zagueiros. A defesa melhorou com a
entrada do Kleberson.
Os argumentos do Felipão para
jogar com três zagueiros eram
corretos. Roberto Carlos e Cafu
são ótimos no ataque, mas o lateral-direito não sabe fazer a cobertura dos zagueiros. Na Roma, ele
joga quase como um ponta.
Em qualquer esquema tático, é
difícil fortalecer um setor sem enfraquecer outro. A busca do perfeito equilíbrio é uma utopia. No
futebol e na vida.
Eficiência e mediocridade
O São Caetano, líder do Nacional, enfrenta hoje o Flamengo.
Em outras épocas, o time carioca
seria o favorito. Os tempos mudaram. O Flamengo teve uma péssima atuação contra o São Paulo.
Os habilidosos meias e atacantes
do time paulista tiveram facilidade pelo meio e deram um show,
principalmente Kaká, o melhor
atleta do futebol brasileiro.
Júlio César, Athirson, Iranildo,
Alessandro e Zé Carlos fizeram
falta. Iranildo tem muitos defeitos, está longe do jogador que parecia ser no início de sua carreira,
mas não pode ficar na reserva.
Mas nem tudo é problema na Gávea. O atacante Liédson está cada
dia melhor. É uma grande promessa.
Com a troca do Jair Picerni pelo
Mário Sérgio, o São Caetano mudou o estilo, mas conservou a eficiência. Agora, o esquema tático e
os titulares mudam de acordo
com o adversário.
Isso é bom. Para fazer tantas
mudanças, o técnico precisa ser
um ótimo estrategista, característica do Mário Sérgio. O São Caetano está contrariando o clichê do
futebol de que um time para ser
bom e ter conjunto precisa manter o esquema tático e os titulares.
Trocar o mínimo possível. A repetição levaria à eficiência. Às vezes, leva também à mediocridade.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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