São Paulo, sábado, 09 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO

Pela primeira vez na história de F-1, ordem de largada será definida algumas horas antes da corrida

Tufão assusta Japão, fecha pista e adia grid

Junji Kurokawa/Associated Press
Michael Schumacher conduz sua Ferrari sob chuva em Suzuka


FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SUZUKA

A F-1 virou um detalhe. Estorvo, até, para as autoridades japonesas. As atenções em Suzuka estão voltadas para algo muito mais importante. O tufão número 22.
Caso inédito na categoria, o fenômeno fechou o autódromo, cancelou toda a programação do sábado e transferiu o treino de definição do grid para esta noite, já manhã de domingo no Japão.
Sem saber em que condições encontrarão o circuito, pilotos e equipes disputarão às 22h (de Brasília) de hoje a sessão oficial para a penúltima etapa do Mundial. Apenas quatro horas e meia depois, às 2h30 de amanhã, voltarão à pista para a largada da prova. Pelo menos é o que esperam.
"Não há muito o que discutir. Abrir os portões seria um risco e temos que acatar. Não estamos acostumados a isso, já ouvi muita coisa e é algo que dá medo", declarou o heptacampeão Michael Schumacher, um dos chefes da GPWC, a associação dos pilotos.
"Estava impossível de pilotar, de fazer qualquer coisa. Daquele jeito não dá para ter corrida", disse Rubens Barrichello, da Ferrari.
Formado no oceano Pacífico, nas Filipinas, o tufão ainda não chegou ao continente e ontem alcançou a categoria cinco, com ventos de mais de 250 km/h. Será o 22º a atingir o Japão neste ano.
Durante toda a semana, a informação era que o fenômeno atingiria a região de Fukuoka, a cerca de 600 quilômetros da pista.
Mas ontem soou o alarme. Chuva intermitente em Suzuka. Vento. Uma mudança de rota. E a cidade de 190 mil habitantes que abriga a F-1 desde 87 passou a fazer parte do roteiro do tufão 22.
A expectativa era que a área do circuito fosse atingida entre a 0h e as 2h da última madrugada com chuva forte e ventos de 80 km/h.
Acostumadas a lidar com essa situação, as autoridades japoneses tiveram que se desdobrar ontem. Não bastavam os alertas à população no rádio e na TV. Há, afinal, um GP de F-1 na cidade.
Policiais tiveram que enfrentar a chuva para evacuar os acampamentos em volta da pista. Estruturas provisórias, como arquibancadas tubulares e estandes de vendas, foram desmontados às pressas. Mas muita coisa ficou pelo caminho, não pôde ser retirada, como barracas de setores VIPs e várias placas publicitárias.
Inspetor de segurança da FIA, Charlie Whitting foi chamado no para uma reunião com os organizadores do evento. Informado dos riscos, não teve outra alternativa a não ser lacrar o autódromo.
Eram 18h30 em Suzuka, ontem, 6h30 em Brasília, quando o comunicado oficial foi distribuído.
"Alertados pelas autoridades japonesas e diante das previsões críticas da meteorologia, os oficiais do circuito propuseram seu fechamento no sábado. Os oficiais da FIA aceitaram a sugestão e cancelaram todas as atividades marcadas para esse dia."
A nota, então, traz a nova programação, começando com a pré-classificação a partir das 21h. Por conta do tempo escasso e da prioridade à F-1, as provas de outras categorias foram canceladas.
Assim, o duelo estratégico do treino oficial acontecerá horas antes da corrida. Como, por causa da chuva, são grandes as chances de a corrida ser interrompida ou encurtada, os pilotos devem fazer de tudo para sair na frente.
Uma opção é treinar com o mínimo de gasolina possível, vislumbrando um cenário de largada com safety car e o fim da corrida logo depois, com os oito primeiros levando 50% dos pontos.
Isso já aconteceu uma vez, há 14 anos. Em 1991, em Adelaide, na Austrália, debaixo de um temporal, o GP foi encerrado após 14 voltas, e os seis primeiros colocados levaram metade dos pontos.
Pela regra, se os carros largarem e a prova for encerrada com menos de duas voltas completadas, ninguém pontua. Se forem dadas mais de duas, mas menos de 75% do total (40, em Suzuka), os pilotos ganham metade dos pontos. A partir daí, a pontuação é integral.
"Menos mal que o Mundial está decidido e que não há muito em jogo", disse Schumacher, o mais rápido nos treinos, ontem. "Passarei o sábado jogando gamão."

NA TV - GP do Japão, Globo, ao vivo, às 2h30 de amanhã


Texto Anterior: O que ver na TV
Próximo Texto: Ecclestone anuncia time novo para 2006
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.