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acabou?
No fim, Schumacher fica sem motor e esperança
Ferrari quebra a 16 voltas da bandeirada e deixa Alonso a só um ponto do título
Reação espetacular e sonho do octocampeonato viram fumaça em Suzuka, e piloto alemão será azarão em seu último GP de F-1, no Brasil
Fotos Andy Wong e Nikos Mitsoura/Associated Press
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O espanhol Fernando Alonso não se contém no pódio de Suzuka |
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SUZUKA
Fernando Alonso não acreditou quando viu a fumaça no
carro à sua frente. "No princípio, achei que fosse um Spyker.
Vi uma mancha laranja, vermelha, e não imaginei que fosse
uma Ferrari. Só me preocupei
em evitar o óleo na pista, me
concentrei no asfalto. Não me
dei conta que era o Michael até
o momento em que o passei."
Pois era Michael. O Schumacher. O heptacampeão mundial. O vencedor de cinco das
sete etapas anteriores. O mito
vivo do esporte. Era ele.
Era ele que parava a 16 voltas
do fim do GP do Japão, vendo
escapar a vitória, mas, principalmente, sentindo o octocampeonato se desintegrar.
A causa do problema, uma rara quebra de motor, algo que
em sua carreira de 247 GPs só
havia acontecido cinco vezes. A
última, havia seis temporadas.
Em cinco segundos, entre o
primeiro sinal de fumaça e a ultrapassagem, o 57º campeonato da F-1 e seus principais personagens se transformaram.
De vice-líder do Mundial, de
piloto que chegou a Suzuka
descontrolado pela possibilidade de perder o título por antecipação, Alonso tornou-se novamente o dono da situação.
Venceu a penúltima etapa da
temporada, na última madrugada, e, com o abandono de
Schumacher, abriu dez pontos
de vantagem: 126 a 116. Se for
oitavo colocado no GP Brasil,
no dia 22, conquistará o título
independentemente do resultado do alemão. Em suma, está
a um ponto do bicampeonato.
De líder na tabela, de protagonista da reação mais sensacional dos últimos anos, de piloto confiante e tranqüilo às
portas de mais uma conquista
épica, Schumacher tornou-se
um homem entre a desolação e
o conformismo, um apagado
espectro do sujeito que, uma
semana antes, classificara a vitória na China de miraculosa.
Porque sabe que milagres
não são freqüentes. Ele demorou sete corridas para descontar 25 pontos de Alonso. Agora,
precisa descontar dez em uma.
Sua derrota e a maneira como tudo aconteceu carregam
ainda uma ironia matemática.
Em Suzuka, a chance de o
alemão conquistar o campeonato por antecipação era de
1,4%. Apenas um cenário entre
os 73 possíveis lhe daria o título
ontem. No Brasil, a chance de o
alemão virar novamente a disputa é de 1,4%. Apenas um cenário entre os 73 possíveis evita
o título do espanhol. O que era a
possibilidade de um luxo tornou-se um fio de esperança.
Esperança que transbordava
do empolgado Alonso do alto
de seus 98,6% de chances de
sair de Interlagos campeão. E
que encerrou assim sua descrição do momento-chave do ano:
"Fechei os punhos e disse à
equipe: "Vamos para a vitória"."
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