São Paulo, quarta-feira, 09 de novembro de 2011

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Preço da Copa

Para evitar conceder meia-entrada a estudantes, Fifa oferece a brasileiros ingressos especiais, que custariam US$ 25 na primeira fase do Mundial

Ueslei Marcelino/Reuters
Ricardo Teixeira, presidente da CBF, e Jérôme Valcke, dirigente da Fifa, ontem, em Brasília

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE BRASÍLIA

A Fifa ofereceu ao governo a criação de um ingresso com preço reduzido para brasileiros na Copa-2014 em troca da suspensão da meia-entrada para estudantes no evento.
O bilhete, de categoria 4, foi apresentado como solução pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em audiência na Câmara para discutir a Lei Geral da Copa. O cartola já havia antecipado esse plano em entrevista à Folha.
São ingressos no valor de US$ 25 (R$ 43,50) para jogos da primeira fase da Copa, com exceção da partida de abertura. É a mesma fórmula empregada no Mundial da África do Sul, em 2010.
Um bilhete da categoria 1, em local mais nobre, deverá custar US$ 300 (R$ 522). No entanto, os preços dos ingressos ainda não estão fechados.
A questão da meia-entrada é um dos pontos polêmicos na organização da Copa.
A Fifa e o governo já entraram em consenso de que o benefício deve valer só para idosos, como a Folha revelou.
Agora, a entidade pretende obter acordo com o governo do país para definir o ingresso especial para brasileiros, que deve se restringir a 12% da carga de bilhetes.
"Não é questão de dinheiro", afirmou Valcke sobre as restrições à meia-entrada.
O dirigente declarou que há "dificuldades técnicas" para vender esse tipo de ingresso. Há a questão dos cambistas e também possíveis pedidos de isonomia de idosos e estudantes estrangeiros.
Valcke fez críticas veladas à resistência do governo e do Congresso de cumprir compromissos firmados com o então presidente Lula, em 2007. "Não mudamos nenhuma palavra do que foi pedido."
Ele voltou a defender a venda de cerveja nos estádios de "forma controlada". Uma cervejaria é patrocinadora da Fifa. Para isso, será preciso derrubar leis estaduais, o que é defendido por alguns deputados e criticado por outros.
Depois, Valcke foi recebido em almoço pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), por líderes parlamentares e por ministros, como Aldo Rebelo (Esporte).
Rebelo disse que o governo não tem posicionamento definido sobre o "ingresso social", mas deixou claro que o projeto da lei da Copa atribui à Fifa a responsabilidade pela definição dos ingressos. O ministro, porém, pediu a Valcke que facilite a venda de bilhetes a indígenas e beneficiários do Bolsa Família.
Segundo Maia, a Câmara vai apressar a discussão da Lei Geral da Copa, que depois ainda irá para o Senado.
Além da questão dos ingressos, a Fifa também quer dar maior proteção a seus patrocinadores, com punições maiores ao chamado marketing de emboscada, o que demanda alterações no Código de Defesa do Consumidor.


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