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POLÍTICA
Projeto aprovado anteontem no Senado motiva deputados e Clube dos 13 a pedir revisão na Lei Pelé
Brasília olha para o esporte em 2000
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
MARCELO DAMATO
da Reportagem Local
O Congresso Nacional, em Brasília, deve dividir com a Olimpíada de Sydney, na Austrália, a atenção do esporte brasileiro em 2000.
A aprovação do projeto de lei do
deputado Mendes Ribeiro Filho
(PMDB-RS), anteontem, que estende por um ano o prazo para
que os clubes que praticam esporte profissional se adequem à Lei
Pelé, foi apenas o primeiro ato.
O principal objetivo do lobby
dos clubes e federações no Congresso agora é reformular a Lei
Pelé, especialmente nos seguintes
pontos: o clube-empresa, o passe,
o bingo e a igualdade de tratamento entre as diferentes modalidades esportivas.
""Já encaminhei um requerimento à Comissão de Esportes
para rever a Lei Pelé. O importante é que neste ano afastamos a
ameaça", disse ontem Ribeiro Filho à Folha, referindo-se ao risco
que a maioria dos clubes estava
em cair na ilegalidade a partir de
24 de março de 2000.
O deputado federal atua em sintonia com o presidente do Clube
dos 13, o também gaúcho Fábio
Koff, que prega uma "revisão" na
lei (leia texto ao lado).
Segundo Koff, praticamente todos os deputados federais do Rio
Grande do Sul dão apoio aos projetos de mudança na lei.
Fruto dessa parceria, já está em
tramitação na Câmara dos Deputados um projeto de autoria de
Ribeiro Filho que acaba com o
clube-empresa obrigatório.
E os deputados gaúchos não estão sozinhos. O presidente da
subcomissão de esportes da Câmara dos Deputados é o vice-presidente do Vasco, Eurico Miranda, o mais ativo opositor da lei.
Ontem mesmo, Miranda (PPB-RJ) afirmou que no ano que vem
será apresentado um projeto para
uma nova lei.
E, desta vez, não haverá dois
obstáculos que foram determinantes para a derrota na tentativa
de barrar a Lei Pelé, em 1998: o
prestígio do então ministro como
o mais famoso brasileiro da atualidade e a proximidade das eleições, que levou muitos parlamentares a apoiarem Pelé para não desagradar ao eleitorado.
Mas não é apenas o lobby dos
clubes que quer mudar a legislação sobre o esporte no país.
Mobilizados pela disputa jurídica em torno do Gama, políticos
do Distrito Federal tentam fazer a
lei avançar na direção contrária,
colocando federações e tribunais
de justiça desportiva cada vez
mais sob controle do Estado e dos
órgãos de defesa do consumidor.
O senador José Roberto Arruda
(PSDB-DF), líder do governo no
Senado, já apresentou três projetos de lei nesse sentido.
Um extingue os bingos no Brasil. Seu argumento é que esse mecanismo criado para ser uma fonte de renda do esporte nacional
tem sido usado cada vez mais como braço do crime organizado,
cabendo aos clubes migalhas.
Para acabar com o bingo, Arruda, no entanto, terá que contrariar interesses do Comitê Olímpico Brasileiro, que se associou,
num bingo eletrônico de caráter
nacional, à empresa Poupa Ganha, recentemente citada na CPI
do Narcotráfico como agente de
lavagem de dinheiro ilegal.
Outro projeto de Arruda é a
transferência para o Distrito Federal de todos os tribunais de justiça esportiva, na marola das decisões do TJD da CBF de tirar os
pontos do São Paulo no caso Sandro Hiroshi. Segundo Arruda, em
Brasília os tribunais serão menos
sujeitos às pressões dos dirigentes
esportivos.
De todos, o mais polêmico e
menos promissor, inclusive porsua constitucionalidade duvidosa, é o projeto, também de Arruda, de transferir as confederações
de todos os esportes para Brasília.
Se aprovado, irá quebrar a tradição de dirigentes cariocas no comando do esporte brasileiro.
O secretário-geral do PFL, Manoel de Castro (PFL-BA), um dos
políticos mais ligados ao presidente do Congresso, o senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), afirma que, em princípio,
seu partido continua favorável ao
texto atual da Lei Pelé.
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