São Paulo, segunda-feira, 09 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Cara de campeão

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

C laro que tudo ainda está em aberto, mas, pelo que os dois times alvinegros jogaram ontem, foi o Santos que mostrou cara de campeão.
Com exceção dos primeiros 20 minutos do segundo tempo, o Santos teve o jogo nas mãos durante o tempo todo.
Mesmo nos tais 20 minutos de aparente domínio corintiano, o time de Parreira criou poucas chances reais de gol. Nos contragolpes, o Santos levava mais perigo. A partir da metade do segundo tempo, a garotada santista atacou com mais freqüência, deixando um tanto atarantada a defesa corintiana. Parecia que os novatos assustados eram os corintianos.
Do ponto de vista tático, o Santos fez uma partida quase perfeita. Elano e Michel anularam a forte ala esquerda do Corinthians, de Kléber e Gil. No meio-campo, Renato e Paulo Almeida fecharam os espaços para a criação de jogadas, um dando o primeiro bote, o outro atuando quase como um terceiro zagueiro.
Deivid, por sua vez, era parado com sucessivas faltas, algumas desleais.
O time de Parreira caiu na ratoeira, apesar do esforço de Vampeta em sair para o jogo e aparecer como elemento surpresa na armação e no ataque.
Ao mesmo tempo que marcava bem, o Santos tinha leveza e velocidade para chegar a todo momento ao gol de Doni.
Robinho e, principalmente, Diego, fizeram novamente a diferença. Não por acaso, os gols saíram de passes perfeitos dos dois.
Houve ainda um pênalti sofrido por Robinho e não marcado pelo árbitro e um lindo lance de Diego, concluído com um toque que encobriu Doni e raspou a trave. O Corinthians deve se dar por feliz. O placar poderia ter sido até pior.
Numa partida com tantos garotos nos dois times, a atitude mais precipitada, a meu ver, veio inesperadamente do profissional mais experiente em campo, o técnico Parreira. Quando ainda estava 1 a 0, ele tornou o time ainda mais vulnerável ao trocar Deivid e Renato por Marcinho e Leandro, sem aumentar o poder de fogo corintiano.
Uma das razões da superioridade santista era a mobilidade e polivalência dos meninos da Vila, contra uma certa apatia e previsibilidade dos corintianos. Em vista disso, se alguém deveria ser substituído para dar mais competitividade à equipe de Parreira, esse alguém era Guilherme, que, parado na área, não participava da criação de jogadas e muito menos da marcação.
Já estou ouvindo as reações: "Mas contra o Fluminense ele fez dois gols", "Ele é o artilheiro dos momentos decisivos" etc. Tudo isso é verdade, e num lance fortuito ele poderia ter feito o seu ontem. Mas, dentro da camisa-de-força que o Santos impôs ao Corinthians, não era o mais provável.
À parte as considerações táticas, a impressão que ficou foi a de que o Santos jogou com muito mais disposição e vontade de chegar ao título brasileiro.
A inapetência corintiana, comentada outro dia pelo Torero, mostrou-se fatal no jogo de ontem. O próprio Rogério declarou no intervalo: "Estamos jogando como se não houvesse um título em jogo, como se fosse só mais uma partida".
A esta altura, depois de tantos títulos e de tantos pontos administrados em banho maria, a pergunta é: será que o Corinthians ainda tem a gana necessária para conseguir a virada?

São Pedro gozador

Uma vez na vida, a pressão dos clubes e da opinião pública fez a Rede Globo render-se ao bom senso e mudar o horário da final para as 17h. A ironia da situação é que, justamente ontem, em vez do calor dos domingos anteriores, o Morumbi recebeu foi um grande toró. Se o jogo tivesse começado mais cedo, o campo não teria ficado tão encharcado. Sorte que a drenagem do Morumbi, aparentemente, está muito boa.

Bafo no cangote

Leão merece todos os méritos pela montagem do jovem time santista, mas algo precisa ser feito para coibir sua pressão indevida sobre juízes e, principalmente, bandeirinhas. O treinador fica o tempo todo buzinando na orelha dos infelizes, como se estivesse num campo de várzea. Por muito menos outros técnicos já foram expulsos e ficaram várias partidas suspensos.

E-mail jgcouto@uol.com.br


Texto Anterior: Vôlei: As disputas
Próximo Texto: Olimpíada: COB estuda lesões e condena bicicletas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.