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Pelé é condenado a dar R$ 120 mil a ex-sócio
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-jogador de futebol Edson
Arantes do Nascimento, o Pelé,
foi condenado a indenizar o ex-sócio Hélio Viana de Freitas em
R$ 120 mil por danos morais.
A decisão foi da juíza Ione Pernes, da 37ª Vara Cível do TJ (Tribunal de Justiça) do Rio de Janeiro, e permite recurso.
Pelé e Viana têm travado uma
disputa judicial desde que a Folha
revelou, em 2001, que a empresa
Pelé Sports & Marketing Inc.,
com sede no paraíso fiscal Ilhas
Virgens, recebeu em 1995 US$ 700
mil para realizar um evento beneficente para o Unicef (Fundo das
Nações Unidas para a Infância)
da Argentina. O evento nunca
saiu do papel, e o dinheiro arrecadado não foi devolvido.
Os dois eram sócios de uma empresa com mesmo nome e com
sede no Brasil. Em dezembro de
2001, Pelé deu entrevista à Folha
em que acusava o ex-sócio de ter
se apropriado do dinheiro que deveria ser utilizado no evento para
o Unicef. A declaração originou a
ação de Viana por danos morais.
O empresário carioca também
acusou o ex-atleta de ter ficado
com os US$ 700 mil.
De acordo com a decisão da juíza, o ex-jogador não apresentou
provas das acusações contra seu
ex-sócio na PS&M.
"O réu [Pelé] pode ter tido dúvidas acerca da lisura do comportamento do autor [Viana], mas,
sem provas suficientes que corroborassem as desconfianças, não
poderia vir a público e imputar ao
ex-sócio a prática de uma conduta
ilícita", disse a juíza no texto em
que anunciou a sentença.
Luiz Carlos Telles, gerente de
uma das empresas de Pelé, a Pelé
Pro, afirmou ontem que o ex-jogador prefere não se manifestar a
respeito da condenação por se
tratar de uma decisão na qual ainda cabe recurso.
O advogado de Pelé, Nélio Machado, disse que o ex-jogador
também move contra Viana uma
ação por danos morais por causa
de uma entrevista publicada na
revista "Isto É Gente" em que o
empresário carioca fez acusações
contra o ex-sócio.
Machado disse que uma decisão
da 15ª Câmara Criminal do Tribunal de São Paulo reconheceu nesta semana que Viana é réu numa
ação por danos morais. Na avaliação do advogado de Pelé, a decisão "prenuncia uma condenação
inevitável".
Viana move ainda mais 11 ações
contra Pelé, oito na esfera cível e
três na criminal. Em uma das
ações, ele cobra o suposto não-pagamento de cerca de R$ 24 milhões a que teria direito pela participação em contratos feitos em
parceria com Pelé.
Pelé e Viana foram sócios por
mais de 20 anos, até a revelação de
que o dinheiro do Unicef foi apropriado pela Pelé Sports & Marketing Inc. Juntos, os dois atuaram
no Ministério Extraordinário dos
Esportes no governo FHC.
Pelé também negou que fosse
presidente da Pelé Sports & Marketing Inc., e Viana negou participação acionária na empresa. Os
dois eram sócios de uma empresa
com o mesmo nome no Brasil, a
Pelé Sports & Marketing Ltda.
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