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Jogador lavava pratos um ano antes do Mundial
da Reportagem Local
O haitiano Joseph "Joe" Gaetjens
precisou de apenas um ano nos
EUA para garantir lugar na seleção
nacional que disputaria a Copa de
1950, no Brasil.
Nascido em 1924, em Porto Príncipe, capital do Haiti, Joe começou
a jogar futebol na escola e formou
uma equipe, Vandals (Vândalos,
em português), que mais tarde
mudou o nome para Étoile Haitienne (Estrela Haitiana) e disputa
torneios locais até hoje.
Aos 16 anos, Joe foi convocado
para a seleção nacional. Ele jogou
no Étoile Haitienne mais oito anos,
até os 24, quando foi morar em
Nova York (EUA).
Estudante de Economia da Universidade de Columbia, jogava em
um time do bairro de Brooklyn e à
noite, para pagar os estudos, lavava pratos em um restaurante de
propriedade de um alemão, fanático por futebol.
O pai de Joe era, também, alemão. A mãe, haitiana.
Uma noite, em uma das reuniões
que o dono do restaurante promovia com os amigos para discutir futebol, falou que sabia jogar. O dono do restaurante conseguiu-lhe
um teste em uma equipe local, e,
um ano depois, em 1949, Joe já integrava a seleção norte-americana.
Sobre a Copa de 50, disputada no
Brasil, quando marcou o gol mais
inusitado da história dos Mundiais, pouco falava.
"Ele nunca falava sobre si próprio e costumava creditar méritos
sempre aos outros", afirma o irmão Jean Pierre.
Quando o capitão da seleção
americana foi felicitá-lo após marcar o gol, Joe respondeu: "Você deve congratular Walther (autor do
cruzamento). Tudo o que eu fiz foi
me atirar na bola."
Após o jogo, disputado no estádio Independência, em Belo Horizonte (MG), o jogador foi carregado pela torcida mineira.
Retorno
Após a Copa de 50, ele foi jogar
no Racing Club, de Paris, e depois
passou por alguns clubes franceses
da segunda divisão.
"Eu devo admitir que ele não era
um exemplo de pessoa disciplinada", afirma Jean Pierre.
Após quatro anos, voltou para o
Haiti, onde foi jogar no time que
fundou. Quando parou de jogar,
cerca de quatro anos depois, passou a treinador do time, cargo que
ocupou até ser preso e desaparecer, segundo testemunhas, em julho de 64.
(LCP)
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