São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 1999

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Saiba mais sobre o país

da Reportagem Local

O Haiti é o país mais pobre das Américas e tem a história marcada por uma sucessão de revoluções, golpes e guerras civis.
O país, que divide a ilha Hispaniola com a República Dominicana, na América Central, teve relativa estabilidade quando o médico François Duvalier foi eleito presidente, em 1957.
François Duvalier, que ficou conhecido como "Papa Doc", tornou-se, no entanto, um dos mais cruéis ditadores da história.
Ele ficou no poder até 1971, quando foi sucedido pelo filho Jean-Claude, o "Baby Doc", que se proclamou presidente vitalício.
O sucessor do "Papa Doc" foi deposto em 86, refugiou-se na Riviera francesa (sul do país), e o Haiti voltou à rotina de golpes.
Pai e filho eram amparados pela milícia "Tonton Macoute", esquadrão do terror que operou durante os 29 anos do regime.
Em 1990, Jean Bertrand Aristide foi eleito presidente. Em um golpe liderado pelo general Raoul Cedras, em setembro de 91, Aristide foi deposto e exilou-se em Washington (EUA).
Cedras, que ajudara a garantir a lisura na eleição de Aristide e sete meses depois comandou o golpe que o derrubou, sob o argumento de que ele ameaçava a democracia no país, tentou dar aparência de legalidade a seu regime instalando presidentes provisórios.
O pai de Raoul Cedras fora integrante do grupo de assessores do "Papa Doc".
Em 94, o mandato de Aristide foi restaurado por intervenção norte-americana. Cedras fugiu do país e foi viver na Cidade do Panamá.
Em fevereiro de 96, René Preval, que fora premiê de Aristide, é eleito presidente do Haiti. Foi a primeira vez na história haitiana que um chefe de Estado eleito transmitiu o poder a outro.

Saudade
Apesar de terem consciência da arbitrariedade do período de ditadura, muitos haitianos sentem hoje saudade da época em que a família Duvalier governou o país.
"Há quem fale que preferia a ditadura. Hoje, por exemplo, não temos eletricidade todo o tempo", afirma a jornalista Ghislene Meance, 25, da rádio Galaxie, de Porto Príncipe, capital do país.
Em relação aos mortos no período, a jornalista afirma que o assunto é pouco comentado.
"Fala-se pouco dos culpados, até porque eles já deixaram o país." (LCP e FeP)




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