São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000


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VÔLEI
Torneio inchado, sem estrangeiros e com calendário apertado consegue deixar classificação parelha
Superliga troca nível por equilíbrio

da Reportagem Local

A Superliga masculina de vôlei reencontrou a seu modo o equilíbrio que debandara da competição nas duas últimas temporadas.
Esse ""cenário ideal", com três pontos separando o líder Report-Nipomed do sétimo, o Lupo-Náutico (vitória vale dois pontos, derrota, um), esconde a discutível qualidade técnica do torneio.
O que o então Olympikus fez em 99 pode ser tomado como proeza: terminou invicto a fase classificatória com 22 vitórias -garantiu de antemão vaga nas semifinais onde foi eliminado.
Líder (em pontos), o Report-Nipomed soma 11 vitórias e quatro derrotas. Com uma partida a menos, o Minas também alcançou 11 vitórias. Na última edição, a equipe abaixo do Olympikus era o Banespa (12 vitórias e três derrotas) -ou seja, o então segundo colocado tinha melhor aproveitamento que o atual ponteiro.
""Se você me perguntar como espectador, vou dizer que o campeonato está bom. Se me perguntar como técnico, a resposta é outra", diz Ricardo Navajas, treinador do Report.
Navajas recorre à posição de Bento Gonçalves para exemplificar a reviravolta na Superliga: último colocado em 98/99 (com três vitórias), já conseguiu até agora 5 vitórias em 15 jogos. Pelo menos duas podem ser tomadas como significativas: bateu o próprio Report e a Ulbra/Compaq. Detalhe: não fez grandes contratações.
Dois fatores, segundo técnicos e atletas, fomentaram o dueto equilíbrio na tabela/queda no nível das partidas na Superliga:
1) calendário apertado, que prevê até quatro partidas em dez dias para cada equipe, resultado do inchaço do evento. O número de participantes passou de 12 para 14. Hoje, são 13- o Maringá, falido, desistiu depois de ter disputado (e perdido) 13 partidas.
2) redução no investimento.
Só o Minas pode ser enquadrado como ""supertime", por ter Carlão, Maurício, Giba e André, todos da seleção. No ano passado, Report, com Maurício e Giba, mais Max, Olikhver e Filipov, rivalizava com o Olympikus, de Nalbert, Douglas, Marcelo Elgarten e Marcos Milinkovic.
O mesmo aperto financeiro -o Report, por exemplo, teve seu orçamento reduzido de R$ 2,5 milhões para R$ 1,5 milhão- tirou da Superliga cinco estrangeiros: todos migraram para o Italiano. A eles se juntaram Nalbert e Elgarten. No Japão, estão Lilico, segundo maior pontuador de 99, e Gílson, bicampeão pela Ulbra.
""Nós estamos num campeonato sem descanso, em que você não treina, só recupera jogador", comenta Ricardo Navajas, técnico do Report/Nipomed. ""Chegamos a fazer quatro jogos em pouco mais de uma semana. É desumano. Não vai ganhar a melhor equipe, mas aquela que conseguir levar o elenco inteiro até o fim."
""Os times se deram conta que num ano em que teriam que ceder por muito tempo atletas à seleção valeria mais à pena montar um time equilibrado e ir mesclando", diz Jorge Schmidt, da Ulbra. ""Com o ranking de atletas, regra nova (em que toda disputa de bola vale ponto) e sem estrangeiros, o campeonato emparelhou. Mas há jogos de nível mais baixo."
As estatísticas confirmam a tendência de queda, embora não acentuada, da performance das equipes nos fundamentos.
Comparado com igual período de 98/99 (com a maioria das equipes somando 14 partidas), a eficácia dos ataques é menor 2,93%: passou de 34,04% para 31,11%.
Para baixo seguiu também o acerto dos levantadores -cujo sucesso está associado ao do ataque. A eficácia passou de 49,16% para 46,85%, ou seja, menor 2,31%. Ataques menos eficientes resultam num salto do quesito defesa: de 0,70% para 5,25%.
Capitão da seleção, o atacante Carlão, do Telemig/Minas, questiona o número de participantes.
""Não quero menosprezar o Maringá. Mas não é aceitável que um time entre só para fazer número e perder todos os jogos. Temos que pensar num torneio menor e numa segunda divisão para os times que podem crescer."


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