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FUTEBOL
Petrobras não pode renovar parceria enquanto clube não pagar ao INSS
Justiça impede Flamengo de receber dinheiro público
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O Flamengo está impedido pela
Justiça Federal de renovar o contrato de patrocínio com a Petrobras. A parceria é a mais antiga do
futebol brasileiro. O primeiro
contrato foi assinado em 1984.
A decisão judicial foi dada na
sexta-feira pelo juiz da 1ª Vara Federal Cível do Rio de Janeiro,
Mauro Souza Marques da Costa
Braga. Ele deferiu uma liminar
em favor do Ministério Público
Federal do Estado, que propôs
ação cível pública para que o contrato não fosse renovado.
O procurador da República Flávio Paixão de Moura Souza alegou que a Constituição Federal e a
lei 8.666/93, que trata das licitações governamentais, não permitem que o poder público firme
contratos com empresas em situação fiscal irregular.
O Flamengo é o clube brasileiro
que mais deve ao governo. A dívida total da equipe rubro-negra é
de cerca de R$ 200 milhões.
Com a decisão da Justiça federal, o Flamengo vai agravar ainda
mais a sua crise financeira.
O novo contrato, que já havia sido anunciado pela empresa estatal e o clube, mas ainda não foi assinado, é de cerca de R$ 12 milhões -R$ 1 milhão por mês.
O antigo acordo da Petrobras
com o Flamengo terminou em 31
de dezembro. Desde então, a empresa exige que o clube apresente
uma certidão negativa do INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social) para renovar o contrato.
Segundo o vice-presidente do
Flamengo, Arthur Rocha, o clube
deve pagar R$ 1,8 milhão ao INSS
para conseguir a certidão negativa. O INSS é o órgão governamental para o qual o Flamengo
mais deve: cerca de R$ 50 milhões.
O contrato do clube com a Petrobras é dividido em dois. Uma
parte é paga pela empresa. Já a outra é firmada com a BR Distribuidora, subsidiária da estatal.
No despacho de sexta-feira, o
juiz também determinou que o
Flamengo e a Petrobras sejam
obrigados a pagar uma multa diária de um salário mínimo caso renovem o contrato durante o período de vigência da liminar.
Nos últimos anos, o Flamengo
já estava tendo problemas com a
Petrobras por causa de sua dívida
com o governo. No ano passado,
parte do valor mensal depositado
pela empresa foi retido.
Em 2002, a BR Distribuidora
havia suspenso o pagamento do
patrocínio ao Flamengo. A empresa ficou três meses impedida
de repassar os recursos ao time.
Os executivos da estatal alegavam que o artigo 195 da Constituição veda à pessoa jurídica em débito com o sistema de seguridade
social a contratação com o poder
público. A decisão de interromper o repasse do dinheiro foi iniciativa da gerência jurídica da BR.
Com a suspensão do pagamento,
o clube deixou de receber cerca de
R$ 900 mil no período.
O presidente do clube carioca,
Marcio Braga, disse que não havia
sido informado oficialmente pela
Justiça Federal da decisão.
""Isso é muito sério, e vamos lutar pelos nossos direitos. Por enquanto, não posso falar nada até
tomar conhecimento da decisão
pelos nossos advogados", afirmou Braga, que é tabelião.
A assessoria de imprensa da BR
Distribuidora divulgou ontem
que só se pronunciará depois de
ser notificada da decisão judicial.
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