São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

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AÇÃO

Swell permanente

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Essa história começa quando um surfista, um corretor de imóveis, um ex-dono de restaurante e um biologista marinho se encontram no outside. Estamos em 2001, na Califórnia. O mar, flat há alguns dias, deixa os esportistas entediados, e eles então falam sobre a onda perfeita e como seria bom não ficar à mercê de Netuno esperando pelo dia em que o swell finalmente entraria.
Para provar que as melhores idéias nascem de papos aparentemente desinteressados e juvenis, foi ali que veio à tona o plano de se construir um parque de ondas, um lugar que abrigasse a onda perfeita todos os dias do ano.
Jamie Meiselman, o surfista, parte para um mestrado em business, na Universidade de Columbia. Lá, ele coloca seu master plan no papel, criando o modelo de negócios ideal para um surf park. No papel funciona, e, antes mesmo de terminar o mestrado, Meiselman já encontra financiamento para a empreitada.
E, assim, eles lançam ao mundo a idéia original e revolucionária: uma rede de parques de surfe será construída nos EUA: Orlando primeiro, Nova York na seqüência, outras mais tarde. A intenção não é recreação nem entretenimento familiar. Isso, eles sabem, meia dúzia de outros estabelecimentos que reproduzem ondas já fazem pelo mundo. O Surfpark será construído para que surfistas de verdade possam treinar, e aspirantes, aprender. Não pretendem nem pôr areia em praias artificiais: só reproduzir indoor as melhores ondas do mundo. Tanto que, antes de o parque ser aberto (Orlando deve ser inaugurado em 2006 e Nova York logo depois), os profissionais Damien Hobgood e Shea e Cory Lopez já foram contratados para treinar ali.
Armados de tecnologia de vanguarda, que permite que mais de 40 tipos das ondas sejam reproduzidas, os idealizadores esperam conquistar a preferência de surfistas de ponta, que poderão, indoor, treinar uma mesma manobra à exaustão, sem que seja preciso esperar que o swell, o vento, a maré e a temperatura, entre outros fatores, contribuam.
O parque terá três tipos de piscinas. Uma para treino, capaz de gerar ondas de até 4 pés. Outra, a flowride, para quem quer aquecer pernas e braços. E uma terceira, a Big Surf, para marolas bem maiores, que podem ser de até 8 pés.
Pelos cálculos de Meilselman, quando a piscina de treinamento estiver com capacidade máxima (36 surfistas) cada um terá que esperar 6 minutos pela próxima onda e, em uma sessão de duas horas (que vai custar US$ 35 nessa piscina, US$ 50 na Big Surf e US$ 25 na flowride), cada esportista terá conseguido dropar entre 15 e 20 ondas. A maior das piscinas terá o tamanho de duas olímpicas e será capaz de "segurar" uma onda que quebra por 100 m.
Os idealizadores do surfpark acreditam que estão prestes a revolucionar o mundo do surfe. É possível, mas é de se duvidar que, dentro de quatro paredes, consigamos melhorar aquilo que a natureza vem refinando há milhões de anos. De qualquer jeito, pode ser uma excelente opção para lugares como Orlando e para os dias de flat. Vale o ingresso.

Seja sócio
A anuidade do Surfpark é de US$ 625 (lugar garantido apenas fora de temporada) e US$ 2.000 (lugar garantido o ano inteiro).

Mundial de surfe - WCT
Fora do Tour-2004 por contusão, Mick Fanning (AUS) volta na abertura da temporada, em 1º de março, na Austrália. Peterson Rosa está treinando por lá e, por isso, deixou de disputar o WQS de Noronha.

Mundial de surfe - QS
Segunda-feira começa o cinco estrelas em Fernando de Noronha (PE) e na terça o quatro estrelas em Pipeline, Havaí. A noticiada participação de Kelly Slater na etapa brasileira não está confirmada pela lista de inscritos. A etapa terá flashs ao vivo pela TV Globo.

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