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FUTEBOL
font size=5>A palavra do presidente
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
O mais revelador na extensa matéria de capa da
"Caros Amigos" sobre a parceria
Corinthians-MSI não é a reconstituição da trajetória de Kia Joorabchian -do trabalho na revendedora de automóveis do pai
à administração do misterioso
fundo de investimentos, passando
por acusações de fraude e desvio
de milhões de dólares e outros acidentes de percurso. Tudo isso é
muito interessante, muito instigante, mas pode ser desmentido,
quer seja mentira ou não... Afinal, o personagem principal dessa
história faz questão de manter
pesado segredo sobre quase tudo
(apesar de se deixar ficar em singular evidência) e nega a maior
parte do que é dito a seu respeito.
(Aliás, é uma loucura que um
negócio desse vulto tenha uma
única pessoa física em destaque,
sobre quem se sabe tão pouco.)
Mas, como dizia, o mais revelador na matéria não vem da pesquisa exaustiva; surge na entrevista com Alberto Dualib, presidente do Corinthians. Em algumas respostas singelas, ele expõe
sua "filosofia" e ajuda a desenhar
o perfil do cartola brasileiro. De
alguém que se jacta da própria
grandeza, mas administra um
clube como se fosse uma... fazendinha ("O patrimônio do Corinthians é R$ 1 bilhão. Só de terra [!]
dá uns R$ 700 milhões").
Dualib promete: "Com o dinheiro que sobrar da parceria,
vamos construir lá [na Ayrton
Senna] o centro de treinamento
mais moderno do Brasil". Lá, onde uma placa gigante anuncia, há
anos, a construção de um centro
olímpico como se já estivesse em
andamento. Dualib se deslumbra: Badri é "uma pessoa abastada, de muitos recursos. (...) E esse
homem tem TV, tem tudo lá. Tem
alumínio, um magnata, viu?".
Em outro momento, derreteu-se
com seus anfitriões na Europa: "O
pessoal é podre de rico. O Corinthians, realmente, só tem a ganhar com a parceria". Curiosa essa exaltação à riqueza, ao luxo,
ao poder como sinais inquestionáveis de valor e confiabilidade...
O culto ao dinheiro como o melhor que uma pessoa pode ter. O
elogio a Kia confirma: "Ele é um
homem de futebol. Já investiu R$
98 milhões com dois jogadores".
Dualib não se preocupa com a
chance de Kia ter traído e desfalcado um ex-amigo: "Nunca soube
disso". E, se soubesse, o que faria?
Nada. "É problema dele, não é
problema meu." Não abalaria a
parceria? "De jeito nenhum. Isso é
coisa que diz respeito a ele em outro país. Ele me garantiu que não
existe nada." O presidente confia
no mote "la garantia soy yo".
Enfim, o presidente acredita.
"Briga não vai existir. Se eles
montam um time forte, ganhando títulos, pagando o passivo, as
despesas do futebol, quem é que
vai brigar com um parceiro desse?
Só se não for inteligente." Não seria inteligente questionar a intenção de quem "divide o lucro e
banca o prejuízo", como ele diz?
É muito desprendimento por
parte de quem gere um patrimônio de "R$ 1 bilhão". Para não se
queixar da desconfiança de conselheiros, jornalistas e alguns torcedores, o presidente deveria desconfiar mais. Muito mais.
Bonito
Após mostrar o gol de Hong
Kong que fechou o placar em 7
x 1, Marcos Uchôa concluiu sua
reportagem sobre o jogo de ontem com um comentário genial: "Carnaval para eles... E feliz Ano-Novo para a seleção"
(invertendo e brincando com
as datas festivas de lá e cá). Um
jogo como esse prova muito
pouco, mas ao menos o Brasil
fez o caminhão de gols que se
espera do campeão do mundo
quando encara "ninguém".
Feio
A Globo anuncia o futebol de
quarta-feira para "depois do
"Big Brother"", assumindo (por
que não?) que a partida começa
quando a grade permitir. E
quem não acompanha o programa (como eu) que deduza o
horário.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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