São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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dna verde

Palmeiras do passado é rei da prancheta paulista

Ex-atletas e técnicos do time comandam nove clubes do Estadual, um recorde

Profissionais dizem que fase ruim do time, que hoje pega o Bragantino, acontece pela mesma instabilidade da época em que estavam lá

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Explicar a má fase crônica do Palmeiras, que hoje pega o Bragantino, não é fácil. Mas, se o clube desejar, pode encontrar especialistas no assunto no banco de reservas de seus adversários no Paulista-2007.
O "DNA palmeirense" aparece de forma arrebatadora nos técnicos da competição. Dos 19 rivais da equipe, nove são comandados por ex-atletas palmeirenses ou treinadores com passagens pelo clube. Corinthians e São Paulo não atingem nem a metade dessa marca.
Na lista aparecem nomes ilustres, como Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão. Também estão nela gente que faturou títulos na era Parmalat, como Sérgio Soares, no Barueri, e Rincón, no São Bento. Mas o grosso de ex-palmeirenses empregados hoje como treinadores no Estadual são profissionais da época da fila de títulos que durou quase 20 anos, entre as décadas de 70 e 90.
O ex-zagueiro Toninho, por exemplo, comanda o Guaratinguetá. O ex-volante Júnior, que agora é Dorival Júnior, chefia o vice-líder São Caetano. Edu Marangon está no Juventus.
Isso sem falar da segunda divisão, onde Vágner Benazzi, lateral-direito de uma das épocas mais sombrias do Palmeiras (início da década de 80), faz campanha excepcional com a Portuguesa -o time lidera o certame com 19 pontos conquistados em 21 possíveis.
A enxurrada de ex-palmeirenses não se resume à chefia das comissões. O ex-goleiro Ivan auxilia Dorival Júnior no São Caetano. O ex-meia Betinho faz o mesmo com Edu Maragon no Juventus, assim como o ex-zagueiro Eduardo com Toninho no Guaratinguetá.
Os ex-palmeirenses, quase sempre alegando uma questão ética, evitam falar sobre o atual momento do clube. Mas deixam escapar que problemas de duas décadas atrás persistem no Parque Antarctica.
"Com exceção da época da Parmalat, o Palmeiras é um clube em que qualquer resultado ruim é motivo para tudo, para achar que um jogador já não presta mais", diz Benazzi, que dá como exemplo seus tempos de jogador. "Em dois anos, eles contrataram mais de 70 jogadores. A cada duas partidas o time mudava. Sempre faltou no Palmeiras um diretor que não tivesse medo", completa.
Seu colega Dorival Júnior vai pelo mesmo caminho. "A cada quatro meses eles montavam um time [diferente]", afirma o ex-volante, que defendeu o clube por quatro anos, parte deles com Leão como treinador.
Toninho, capitão do time por anos na época da fila, não hesita em receitar ações para o Palmeiras voltar aos bons tempos.
"O clube precisa de um ex-jogador capacitado, de preferência com passagem por lá, para dar respaldo aos atletas e treinador", diz. Segundo ele, dessa forma a equipe teria a estabilidade que poucas vezes teve.
O técnico do Guaratinguetá, aliás, teve seu nome cotado para ocupar uma função dessas no Palmeiras. "Soube por meio de amigos comuns que meu nome foi lembrado pelo Gilberto Cipullo [diretor de futebol], mas não houve convite", afirma Toninho, que já teve passagens como coordenador na Portuguesa Santista e no Fortaleza.


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