São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2000


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Caso Dunga reacende polêmica sobre quebras de contrato
Quanto vale uma imagem?

07.jul.98 - Reuters
Capitão da seleção do tetra, Dunga é pivô de nova discussão da legislação trabalhista do futebol



Rompimento de contratos entre atletas e clubes mostra nova realidade do futebol


da Reportagem Local e

da Agência Folha, em Porto Alegre

O valor da imagem dos atletas, nova moda nos contratos dos principais jogadores do país, tornou-se um nó no futebol.
Esse direito trabalhista, agora contestado pelos clubes, foi responsável pelas recentes disputas encampadas por estrelas como Romário, Rincón e Dunga e sinaliza o poder explosivo do fim do passe, previsto para 2001.
Poucas semanas após a disputa judicial entre Rincón e Corinthians, a polêmica volta à tona com as rusgas entre Dunga e Inter-RS. Diferentemente do meia colombiano, que rescindiu unilateralmente seu contrato com o atual bicampeão brasileiro, o capitão do tetra está tendo de parar de atuar pelo clube gaúcho, apesar de seu vínculo com o mesmo terminar apenas no fim do ano.
Os dirigentes do Inter dizem que foi o procurador de Dunga quem propôs a rescisão contratual mediante uma compensação financeira. Mas o jogador afirma que isso não ocorreu e mantém o discurso de continuar no clube.
Até ontem, várias alternativas eram analisadas. A principal era que o contrato fosse rescindido. Há, ainda, uma possibilidade muito remota de que Dunga permaneça no Beira-Rio, mas com uma drástica redução salarial.
Por isso e por causa da grande empatia existente entre Dunga e a torcida, o Inter decidiu tratar o assunto com cautela. As tratativas são mantidas em sigilo.
Pela rescisão, restaria ao Inter assegurar o pagamento de US$ 764 mil (US$ 564 mil pelo uso da imagem e US$ 200 mil pelos salários). Mas parte da diretoria do clube acha que o Inter deveria pagar apenas os US$ 200 mil referentes aos salários.
Os representantes de Dunga nas negociações dizem que querem o valor total, incluindo a parcela referente aos direitos de imagem, à vista. "Tenho contrato e não quero sair do Inter", disse Dunga, que garante não ter sido convidado para nenhuma reunião com os dirigentes do Inter.
O contrato de Dunga com o time se encerra em dezembro. Até lá, se houvesse o cumprimento do compromisso, ele receberia R$ 60 mil mensais em salários (que acompanham a variação do dólar) e US$ 100 mil mensais pelo uso de imagem. Ou seja, o jogador recebe, aproximadamente, vencimentos de R$ 235 mil mensais.
A disputa entre Dunga e Inter ainda não chegou à Justiça, mas isso pode acontecer caso o clube gaúcho não consiga recursos para pagá-lo -o Inter ainda não acertou uma parceria que lhe possibilitasse sanear as dívidas.
Os duelos judiciais entre jogadores e clubes têm até agora beneficiado os empregados.
Rincón, chamado de mercenário por ter rompido seu compromisso com o Corinthians, ganhou na Justiça sua batalha com o clube -a 36ª Vara do Trabalho de São Paulo concedeu liminar que assegurou a transferência do atleta.
Rincón pagou R$ 161.500,00 pela rescisão contratual, valor que foi contestado pelo Corinthians. O departamento jurídico do clube estimou que Rincón deveria pagar US$ 980 mil pela rescisão.
O colombiano ganhava cerca de US$ 80 mil (o que equivale a quase R$ 140 mil) no Corinthians, mas apenas R$ 19 mil seriam referentes ao seu salário mensal -o resto seria direito de imagem.
Romário e Flamengo viveram nos últimos meses situação semelhante. O clube carioca deve cerca de R$ 4,5 milhões ao seu ex-ídolo. O Flamengo só tem como pagar o dinheiro (quase 80% é resultado do uso da imagem do atleta) com o acordo com a ISL


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